Professor processa Luciano Hang e vereadores por danos morais; entenda

Após repercussão do vídeo “despedida comunista”, a defesa de Gabriel Bandeira Coelho, ex-professor de Sociologia do Instituto Federal Catarinense (IFC) de Brusque, informou que entrou com uma ação contra o empresário Luciano Hang e os vereadores Jean Pirola (PP) e Rick Zanata (Patriota). O anúncio foi feito no domingo (03).

Conforme o advogado de Gabriel, Arthur Antunes Pereira, o ex-professor foi difamado por Luciano Hang em suas redes sociais, ao dizer que o educador “vinha fazendo doutrinação comunista em sala de aula”.

A ação pede uma indenização por danos morais. O documento relata também que foram feitos boletins de ocorrência por difamação contra os vereadores. Segundo a nota, “ambos fizeram imputações ainda mais graves, alegando que o professor estaria fazendo apologia ao comunismo, às drogas e à poligamia”. A defesa do professor entrou com uma representação na corregedoria da Câmara de Vereadores de Brusque, pedindo a cassação do mandato dos vereadores.

A equipe do Portal SCC10 entrou em contato com o empresário Luciano Hang e por e-mail com o vereadores Jean Pirola e Rick Zanata. A assessoria de Luciano Hang emitiu a seguinte nota.

“Sobre a informação de que o professor do IFC irá me processar, penso que, antes de processar alguém, ele tem que fazer uma autoanálise para ver o que está pregando em sala de aula. Brusque não quer ideologias, quer que professores repassem conhecimento aos alunos. Educação se recebe em casa.”

Já o vereador Rick Zanata comunicou que sempre lutará contra a doutrinação dentro das escolas.

“Sobre o processo, reitero que o professor tem total liberdade de fazer o que bem entender, pois, vivemos em um país livre, esse conteúdo foi publicado por uma aluna em suas redes sociais, fui eleito e vou lutar sempre contra a doutrinação dentro das escolas, estão tratando o assunto como uma “brincadeira”, no meu ponto de vista esse tipo de brincadeira não se faz dentro de uma sala de aula e apoiada pelo professor, fico imaginado o que ele ensina para receber uma despedida dos alunos dessa forma, por isso mostrei na tribuna o ocorrido”.

O Portal SCC10 também entrou em contato por e-mail com o vereador Jean Pirola, no entanto, até o fechamento dessa matéria, não obteve retorno. O espaço segue aberto para seu posicionamento sobre o caso.

Entenda o caso

Alunos do Instituto Federal Catarinense (IFC) de Brusque realizaram uma despedida para Gabriel Bandeira Coelho, que estava deixando o cargo de professor da instituição. As imagens da despedida foram compartilhadas nas redes sociais. Na homenagem de despedida, é possível ver símbolos relacionados ao socialismo e comunismo

Durante sessão plenária na Câmara de Vereadores da cidade, os vereadores Jean Pirola e Rick Zanata, criticaram a homenagem, assim como o empresário Luciano Hang, que publicou o vídeo em suas redes sociais.

O Instituto Federal Catarinense (IFC) de Brusque se manifestou sobre o caso, por meio de nota. A instituição disse que os aluns usaram de humor para se despedir do professor.

“Os discentes da turma que fizeram o material veiculado pelo vereador elaboraram um quadro com imagens e frases de cunho cômico, em razão dos muitos estereótipos existentes no âmbito da Sociologia e de outras pautas polêmicas em nosso país e no mundo”, disse em nota.

O IFC também relatou que homenagens e despedidas, em referência a outro espectro politico ideológico, foram feitar por outros alunos da instituição.

“Em outra turma, por exemplo, em função dos mesmos estereótipos, os estudantes organizaram o mesmo formato de homenagem, porém com temática relacionada à direita conservadora. Da mesma forma que o professor entrou na brincadeira no caso que motivou a fala do vereador pelo viés de esquerda existente, ele também fez o mesmo na homenagem com viés de direita, pois em nenhum momento a sua conduta foi de apologia às ideologias em questão, mas sim de mostrar-se disposto e tranquilo para lidar com as diferenças e com a forma de homenagem escolhida pelos estudantes — ao mesmo tempo em que não quis censurá-los no momento em que se expressavam”, enfatizou o instituto.

“Por fim, ressaltamos uma vez mais que o ocorrido trata-se de uma festa surpresa e que o professor não teve acesso ao que os estudantes prepararam previamente — e tampouco sabia que o acontecimento seria tirado de contexto”, finalizou o IFC.

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