O tetra campeão de vôlei que venceu o próprio corpo e hoje forma líderes de alta performance

Tetracampeão da Liga Mundial de Vôlei, Roberto Minuzzi viu a carreira ameaçada por um aneurisma na aorta. Contra todos os prognósticos, voltou às quadras, vestiu novamente a camisa da Seleção e hoje, aos 43 anos, inspira empresários e líderes com uma metodologia baseada em foco e resiliência.

A superação que virou método

Minuzzi não teve uma trajetória comum no vôlei. Iniciou a carreira no futsal, mas barreiras o impediram de seguir em frente. “Eu tinha desistido do esporte”, lembra Roberto.

Mas uma aula de educação física na escola técnica mudou o rumo da história. Foi ali que entrou na quadra de voleibol pela primeira vez.

“Comecei com 17 anos, muito tarde. Todo mundo dizia que era impossível”, relembra Minuzzi. Em menos de dois anos, já era capitão da equipe da cidade, campeão gaúcho e convocado para a Seleção Brasileira sub-18. “O impossível só é improvável”, afirma o ex-atleta.

A virada mais dura veio justamente no auge. Minuzzi estava treinando com a Seleção principal, ao lado de ídolos como Giba e Dante, e tinha três anos para se preparar rumo à vaga olímpica.

Mas um exame revelou um problema cardíaco grave. Foi operado e voltou em tempo recorde. “Disseram que era impossível, mas fui o primeiro caso do mundo a retornar às quadras depois de uma cirurgia dessas. Voltei porque precisava salvar minha vida e depois, meu sonho”, conta Roberto.

Das quadras à formação de líderes

Após a aposentadoria das quadras, em 2015, mergulhou no empreendedorismo, alcançando sucesso em diversas áreas.

Mas a pandemia e, depois, as enchentes no Rio Grande do Sul o colocaram diante de um novo recomeço. “Perdi tudo. Olhei para o céu e disse: ‘Dessa vez, sobrou só a minha garganta. Agora vai ter que ser com ela’”, relata o ex-jogador de vôlei.

Foi nesse momento que decidiu aplicar na própria vida as ferramentas que já desenvolvia em mentorias. “Eu palestrava para mim mesmo”, lembra Minuzzi. Desde então, vem levando a metodologia para empresas, líderes e equipes de todo o país.

Alta performance além do esporte

A palestra “Até conseguir” é uma imersão que usa sua história real como ponto de partida. O diferencial está em não só emocionar, mas ensinar.

Os temas que aborda — foco, atitude, disciplina, superação e liderança — são sustentados por um repertório de estudos em neurolinguística, neurociência e gestão de pessoas.

“A mente é treino. Passar por crise também. Quando a gente transforma esse enfrentamento em hábito, tudo muda. A questão é: a adversidade vai vir de novo. E você, como vai reagir?”, provoca Roberto.

Com a metodologia aplicada, Minuzzi ensina a recalcular a rota e entender que 90% da nossa história é como reagimos aos 10% que acontecem. “O atleta campeão reage sempre em busca da conquista, mesmo diante da maior adversidade”, indaga Roberto.

Ele defende que o segredo de uma equipe de alta performance é o alinhamento entre propósito e ação. “Muita gente está vivendo um pouquinho de quem é atrás de um pouquinho do que quer. O que falta não é capacidade, é sentido”, diz o ex-atleta.

“Até conseguir”

A escolha do nome da palestra não é à toa. “Se fosse sobre mim, seria ‘Eu consegui’. Mas essa palestra é sobre cada pessoa que me ouve. E o ‘até conseguir’ fala justamente disso: da persistência real, do agir com propósito, do não parar antes da hora. A maioria das nossas derrotas não é fracasso, é desistência”, explica Minuzzi.

Para quem está à beira de jogar tudo para o alto, ele deixa uma provocação: “Onde você quer chegar? Onde está agora te leva para lá? Se não leva, o problema não é onde você está, mas não saber se está. Às vezes, o sonho que a gente vive nem é nosso, e por isso queremos desistir”, afirma Roberto.

Minuzzi, que já foi inspiração nas quadras, agora inspira nos palcos. E faz questão de lembrar: “Não é sobre o que nos acontece, mas sobre como reagimos. Lutar quanto? Até conseguir”, finaliza.

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