Médico que se passou por cirurgião plástico terá que pagar indenização para pacientes em SC
As operações eram feitas em um hospital de Curitiba
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Um médico que atendia em uma clínica de Itapema, no Litoral Norte de Santa Catarina, terá que pagar R$ 300 mil em indenizações após se passar por cirurgião plástico e executar intervenções estéticas em pacientes. O acordo de Não Persecução Penal (ANPP) foi homologado pela Justiça a pedido do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) na Vara Criminal da comarca. As operações eram feitas em um hospital de Curitiba.
Conforme o MPSC, sete pacientes que teriam sido induzidas a erro pelo médico e ficado insatisfeitas com os resultados entraram com uma ação contra o acusado pelos danos sofridos. Uma delas optou por uma ação cível individual. O médico teve que pagar R$ 35 mil individualmente a seis vítimas por danos material e estético e R$ 90 mil, por dano moral coletivo, ao Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL).
Além da esfera penal, o acordo atendeu aos pedidos feitos pelo Ministério Público em uma ação civil pública ajuizada contra o médico pelos mesmos fatos. Se o acordo for integralmente cumprido, a ação será extinta também na esfera cível.
Falso cirurgião plástico
Após as denúncias, o MPSC abriu uma investigação para apurar o caso. Segundo o MPSC, desde 2021 o profissional teria dado informações enganosas sobre os serviços prestados durante as consultas, assim como em redes sociais, demonstrando credibilidade e alta performance na realização de cirurgias plásticas.
Segundo os autos, após serem atendidas na clínica em Itapema ou pelo contato nas redes sociais e demonstrarem interesse nos procedimentos, era feito um contrato para a prestação do serviço cirúrgico. Eram oferecidos procedimentos como lipoaspiração no abdômen, na parte interna das coxas, nas costas e nos braços, além de intervenções nos glúteos e próteses mamárias.
Ainda de acordo com a ação, algumas semanas após os procedimentos feitos em um hospital de Curitiba, as clientes procuravam a clínica em Itapema para uma avaliação da recuperação, já que apresentavam insatisfação com as cirurgias. Conforme os autos, os resultados teriam sido diferentes da publicidade e do serviço que havia sido contratado. O médico teria alegado que o resultado poderia ter sido diferente do proposto por causa do biotipo de cada paciente. Ele ainda teria se eximido de prestar assistência a elas.
O artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor estabelece como enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
Conforme a ação, o investigado tem graduação em Medicina, mas não tem registro de qualificação de especialidade, principalmente em cirurgia plástica. Para os Conselhos Regionais de Medicina de Santa Catarina e do Paraná, todo médico, desde a colação de grau e inscrição no CRM, está autorizado a executar qualquer ato médico, independentemente da especialidade ou área de atuação. Porém, o médico teria feito publicidade como se fosse cirurgião plástico para conquistar as futuras clientes e, com isso, facilitar a venda dos serviços.
“Se não tem especialização, não pode agir como se tivesse, com o objetivo de conquistar confiança dos pretensos pacientes. Ocorre que o réu agia e se portava como se possuísse especialização em cirurgia plástica, apresentando-se às pacientes como cirurgião plástico e/ou omitindo dolosamente o fato de não o ser”, completa o Promotor de Justiça.
Acordo de não persecução penal (ANPP)
O acordo de não persecução penal é uma opção para resolver de forma mais rápida um processo criminal. No ANPP, a parte e o Promotor de Justiça negociam condições e o acordo segue para a homologação de um juiz. Ao assinar um ANPP, o investigado que confessou a infração penal – a qual deve ter sido praticada sem violência ou grave ameaça e ter pena mínima prevista em lei inferior a quatro anos – se compromete a cumprir as disposições. Caso isso não ocorra, o acordo é rescindido, com o posterior oferecimento de denúncia pelo MPSC.
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