Dia Nacional dos Surdos: catarinense de 95 anos descobre perda auditiva no teatro
O cinema, teatro e canto ajudaram dona Marilde nessa descoberta
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Hoje, 26 de setembro, é celebrado o Dia Nacional dos Surdos, data que busca conscientizar a população sobre os direitos e a inclusão desse público. E, para homenagear essa data que merece ser lembrada todos os dias, trouxemos a história da dona Marilde Rodrigues de 95 anos, professora aposentada e amante da arte.
A professora que durante 43 anos fez da “sala de aula o palco da sua vida”, descobriu que estava perdendo a audição por volta dos 80 anos, assistindo à uma comédia no teatro.
“Eu desconfiei que estava ficando surda, porque fui ao teatro com os amigos. Todo mundo ria e eu não entendia o motivo de todos estarem rindo. Eu ria junto, mas não sabia o que estava acontecendo”, disse.
Foi nesse momento que dona Marilde começou a desconfiar que estava com perda auditiva. Na sala de cinema foi a mesma coisa, não conseguia captar a conversa. Mas, ela teve total certeza da perda de audição quando começou a participar de um grupo de canto terapia. Uma das orientadores a encaminhou para fazer uma audioterapia e nessa oportunidade começou a buscar tratamentos, como fonoaudiologia, otorrinolaringologista, entre outros.
Essa descoberta não surpreendeu tanto dona Marilde, já que tinha casos de surdez na família, como foi com a sua mãe e avô. Em primeiro momento, uma das dificuldades que impedia sua audição, era a cera no ouvido, mas após foi necessário o uso dos aparelhos, principalmente depois que pegou Covid-19.
“Tive que me adaptar as exigências do aparelho. Às vezes, eu precisava desligar o aparelho, porque em conversa com muitas pessoas atrapalhava. Não aguento tanto barulho e não consigo distinguir o que está sendo dito”, explicou.
O cinema, teatro e canto ajudaram dona Marilde nessa descoberta, mesmo com todas as dificuldades no meio do caminho, ela continuou amando a arte. Hoje, Marilde deseja que os cinemas sejam mais acessíveis e que atendam as necessidades das pessoas surdas.
FAM 2023 é marcado pela inclusão
Para celebrar essa data e a inclusão, a 27ª edição do Festival Internacional de Cinema Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM, que iniciou no dia 21 e vai até 27 de setembro, trouxe a acessibilidade no mundo cinematográfico, que tem sido uma das prioridades do festival.
A maior parte das sessões exibidas, conta com filmes legendados e alguns possibilitam a audiodescrição por aparelho, que pode ser solicitado na entrada do cinema. Além disso, em todas as atividades discursivas do festival, um intérprete de libras está presente.
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O que pode prejudicar a audição?
Segundo a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) e a Sociedade Brasileira de Otologia (SBO) existem cinco problemas que mais geram prejuízos à audição: Barulho intenso, Surdez súbita, Infecções no ouvido, Doenças crônicas não controladas, como diabetes e pressão alta e Traumas na cabeça.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas com idade entre 12 e 35 anos correm o risco de ter a audição comprometida devido à exposição excessiva à música e outros sons recreativos em elevada intensidade.
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Língua de Sinais
Há mais de 300 línguas de sinais pelo mundo, responsáveis pela comunicação de aproximadamente 400 milhões de pessoas. A Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que até 2050 sejam 900 milhões de pessoas surdas.
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida, como meio legal de comunicação, em 24 de abril de 2002 na Lei nº10.436:
“Entende-se como a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.”
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 10 milhões de pessoas são surdas, entre elas 2,7 milhões não ouvem nada. Cerca de 5% da população brasileira utiliza-se da língua de sinais para se comunicar.
Em Santa Catarina 6,9% da população têm algum tipo de deficiência. Cerca de meio milhão de pessoas do total de 7,22 milhões.

Como aprender libras gratuitamente?
- Wikilibras: É uma plataforma desenvolvida pelo Governo Federal em conjunto com a Universidade Federal da Paraíba e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa. Ela é colaborativa e promove a construção de novos sinais e melhorias das traduções. A plataforma soma mais de 17 mil sinais na Língua Brasileira de Sinais e uma média de três milhões de traduções por mês.
- Hand Talk: É um aplicativo gratuito que ensina Libras há mais de 10 anos. O App já foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas pelos feitos. Ele tem tradutores virtuais, conhecidos como Hugo e Maya, que fazem a tradução de texto e áudio da língua portuguesa para a Libras, e do inglês para a Língua de Sinais Americana (ASL).
- Curso da USP: A Universidade de São Paulo (USP) disponibiliza de forma gratuita e totalmente online um curso de Libras com videoaulas e estudo prático e teórico. O curso foi desenvolvido pelo Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Não é obrigatório fazer cadastro para ter acesso às aulas.
- Curso da EVG: A Escola Virtual do Governo (EVG) oferece um curso gratuito e online com carga horária de 60 horas para aprender Libras. O curso é uma introdução à Língua de Sinais e ainda oferece certificado.
- Librazil: É um aplicativo gratuito que foi desenvolvido pensando em ajudar no entendimento da Língua de Sinais. O conteúdo é mais lúdico e com linguagem simples para promover o conhecimento por meio de exercícios, jogos e animações.
- Universidade das Libras: É uma plataforma voltada para ensino e aprendizagem da Língua de Sinais. É possível conhecer os sinais mais utilizados de forma gratuita e online.
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