Brasil pode enfrentar apagões devido ao excesso de energia solar
Alta dependência de energia solar provocou colapso no sistema espanhol
• Atualizado
Uma falha interna no sistema elétrico da Espanha — relacionada à alta geração de energia solar — foi a causa do apagão que deixou mais de 50 milhões de pessoas sem energia na segunda-feira (28) na Espanha e em Portugal, além de afetar brevemente o Sul da França. A informação foi confirmada nesta terça-feira (29) pela Red Eléctrica de España (REE), operadora do sistema elétrico espanhol, que descartou a possibilidade de ciberataques ou eventos climáticos extremos.
Segundo a REE, o colapso ocorreu após duas desconexões consecutivas de usinas no sudoeste da Espanha, durante o pico de geração de energia fotovoltaica. Por volta das 12h33 (horário local), a energia solar respondia por cerca de 70% da demanda nacional, com até 18 GW em produção. Em questão de segundos, aproximadamente 15 GW saíram do sistema, gerando um efeito dominó que derrubou a rede.
A empresa já havia emitido alertas sobre o risco de instabilidade devido ao crescimento acelerado das fontes renováveis e à redução da chamada “potência firme” — fornecida por usinas térmicas e nucleares, essenciais para manter o equilíbrio do sistema.
O episódio reacende a discussão sobre os desafios da transição energética. Especialistas apontam que, embora renováveis como solar e eólica sejam essenciais para a descarbonização, sua natureza intermitente — ou seja, dependente de sol e vento — exige uma nova lógica de operação e infraestrutura para garantir estabilidade e segurança energética.
Risco semelhante no Brasil
O apagão europeu também serve de alerta para o Brasil. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já identificou risco de sobrecarga elétrica nos próximos cinco anos em nove estados brasileiros devido ao avanço acelerado da energia solar e eólica no país. Os estados em alerta são: Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Rondônia, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Piauí.
Segundo o ONS, a principal ameaça é o chamado “fluxo reverso” — quando o excesso de energia gerada por painéis solares residenciais e usinas descentralizadas retorna das distribuidoras para o sistema de transmissão, o que pode causar sobrecargas e falhas.
Em 2023, todos os estados brasileiros — com exceção de Roraima — enfrentaram algum tipo de apagão parcial ou total, em grande parte devido à instabilidade gerada por fontes renováveis. Um relatório do ONS apontou que o desempenho de controles de parques eólicos e solares próximos à linha Quixadá – Fortaleza II, no Ceará, foi insuficiente para evitar a falha em cadeia que afetou cerca de 29 milhões de pessoas.
Apesar disso, o ONS afirmou, em nota recente, que não há risco iminente de apagão no Brasil, e que medidas de prevenção já estão sendo implementadas, como o mapeamento de subestações e aprimoramento do planejamento operacional de médio prazo.
*Com informações de MetSul
>> Para mais notícias, siga o SCC10 no Instagram, Threads, Twitter e Facebook.
Quer receber notícias no seu whatsapp?
EU QUERO