Mudança de vida: atleta de SC se prepara para competir mundial de ultramaratona

Oito anos separam a Fran Santin que correu os primeiros 5km em uma prova de corrida e a que se prepara para o Campeonato Intercontinental de ultramaratona em 2023. Dentro da bagagem, anos de preparação, mudanças físicas e profissionais, milhares de quilômetros percorridos e medalhas colecionadas.

Prestes a completar 41 anos, a atleta conquistou no final de agosto o índice necessário para participar do próximo Intercontinental de ultramaratona. A conquista da vaga na competição, que reúne ultramaratonista das Américas Central, Norte e Latina, veio após a segunda tentativa. Santin conquistou o segundo lugar no índice brasileiro após percorrer 100,9 quilômetros, em 9 horas, três minutos e 48 segundos. Os cinco primeiros ultramaratonistas do ranking são convocados pela seleção brasileira para a competição das Américas.

“Estou muito contente de poder ter participado desse momento. Eu tive a grata satisfação de ir para o mundial de ultramaratona”, comemora a atleta que treina há oito anos, sendo quatro correndo ultramaratonas.

Momento que Fran Santin conclui a prova que garantiu sua ida ao mundial:

Preparação

Dez dias após a conquista, Santin já foca nos próximos desafios ainda em 2022. A expectativa é realizar mais duas ultramaratonas de estradão, provas realizadas em estradas. Já a preparação para o Intercontinental, ainda sem data e local definido para 2023, iniciará assim que os detalhes da prova forem anunciadas. “O treinamento tem que ser específico conforme o desafio”, diz a ultramaratonista.

“Se você pode sonhar, então você pode realizar”, a frase do Walt Disney balizou toda a preparação da atleta, que conta com o trabalho conjunto do treinador, personal trainer, fisioterapeuta e psicólogo. A rotina de treinos semanal da ultramaratonista inclui oito treinos de corrida e dois de força em academia e os compromissos profissionais e de estudo. “Vamos dando um jeito, encaixando. Por vezes tem que sair 4h para treinar, mas vamos nos virando”, afirma Santin.

Nos últimos quatro anos, Fran se dividia entre os treinamentos e preparações para as ultramaratonas e a sala de aula, quando cursava nutrição. “Eu decidi que eu queria mudar a minha carreira profissional e a corrida foi o que mais me incentivou a entrar para nutrição, justamente por eu entender que eu poderia ajudar os atletas a ter melhor desempenho, uma vez que posso colocar a prática e a teoria juntos”, explica a atleta, que via muitos corredores não concluindo as provas por conta da alimentação.

Quase 20 anos após se formar em jornalismo, a ultramaratonista se formou em nutrição no início deste ano e já começou os atendimentos de pacientes tanto no Brasil como fora do país. “Estou desde março atendendo, agenda cheia, e os pacientes são todos corredores, seja iniciante ou ultramaratonistas”, celebra.

De quilômetro em quilômetro

E se engana quem imagina que a atleta se apaixonou pela corrida à primeira vista. “Eu não queria nem correr, fui contrariada para ajudar meu marido que precisava perder peso”, conta de forma divertida Fran, que na época atuava como assessora de imprensa, e mesmo contrariada, acompanhou o marido nos treinos e resolveu se render ao esporte. 

Dois meses depois, em novembro de 2014, completou a primeira prova de cinco quilômetros. De maneira gradual, a atleta avançou com a corrida. Após treinos e competições de 5km, Fran partiu para 10km, 15km, 21km, 45km até encarar 217km, em 37 horas de corrida. 

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