Saiba como a IA pode auxiliar a promoção da diversidade e da inclusão
Inteligência artificial pode ajudar na coleta e no cruzamento dos dados, no mapeamento de métricas e muito mais
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No roundtable dessa manhã, a CEO da PlurieBr, Laura Salles, comentou sobre como a Inteligência Artificial pode ser usada para promover e potencializar a diversidade e a inclusão. As consultorias nesse tema geralmente trabalham com um levantamento demográfico, além de realizar um senso nas empresas, em que dados sobre demografia, perfil do colaborador e o sentimento de pertencimento são levantados.
Com o cruzamento desses dados, é realizado um diagnóstico e um plano de ação para solucionar as possíveis barreiras e problemas encontrados. Segundo a CEO, a inteligência artificial pode ajudar na coleta e no cruzamento dos dados, no mapeamento de métricas e também nas orientações para o plano da ação direcionado para cada empresa a depender de sua maturidade. Essas soluções já são bastante utilizadas no exterior, tanto Europa, quanto Estados Unidos e Canadá já trabalham com dados há alguns anos e no Brasil ainda estamos engatinhando com a aplicação da tecnologia.
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A IA também pode auxiliar no processo de recrutamento e seleção, tornando-o menos enviesado. O problema é que a própria inteligência artificial é enviesada e, assim, estamos com um grande desafio. Dentre 10 pessoas que trabalham com IA, 8 são homens brancos, cis e hétero e, por razões históricas e de construção social, mesmo que não haja a intenção, o desenvolvimento da tecnologia apresenta viés. É fato que os homens estão por traz de curadoria dos dados e precisamos ampliar a questão de gênero nos sistemas de IA para que as respostas sejam mais inclusivas.
Então, fica claro que ainda precisamos de pessoas nos processos de diversidade, assim como precisamos de mais diversidade no time que desenvolve a inteligência artificial e outras tecnologias. No entanto, apesar da IA reproduzir opressão, ela também facilita muitos processos e análises de dados. Podemos usar a IA para ações afirmativas como por exemplo, criar processos e metodologias para que não exista viés de preconceitos nas decisões. Por exemplo, sabemos que alugar um apartamento ou solicitar um financiamento pode ser um desafio para pessoas de grupos minorizados. Então, como mapear as pessoas e analisar os perfis sem a interferência de preconceitos? Além disso, empresas também podem usar a IA para desenvolver processos de recrutamento e seleção sem viés.
De acordo com a palestrante e também com as pessoas que participaram da roundtable, sem o envolvimento das lideranças, nada disso será possível. É preciso ter intencionalidade e sensibilidade para se envolver e promover mudanças. Foi mencionado também, o quanto é comum não se contratar ninguém, mesmo quando a intenção é contratar pessoas negras ou de outros grupos minorizados. E, quando contratam, não possuem uma cultura de escuta, que seja acolhedora e que promova a inclusão. O resultado é que as pessoas acabam saindo, tornando todo o processo muito custoso para a própria empresa. Por isso é importante que as lideranças se envolvam e promovam essa mudança cultural na empresa.
A tecnologia pode auxiliar também na análise de dados e identificar quais são os vieses de preconceitos mais comuns e, assim, auxiliar as lideranças a minimizar vieses específicos.
Mudança no cenário brasileiro
Outro assunto trazido na roundtable foi a questão legislativa. Enquanto EUA e Europa estão focados em transparência e equiparação salarial, com multas 10x o valor do salário, Brasil ainda está preocupado em diversidade racial e de gênero. Para resolver isso precisamos nos unir e criar alianças entre pessoas e instituições que queiram unir forças para criarmos as boas práticas brasileiras, porque o cenário lá de fora é bem diferente do nosso.
Saí dessa roundtable com dois sentimentos: o primeiro é uma preocupação grande, pois temos um problema enorme com a inteligência artificial crescendo tanto, de forma ainda enviesada. E o segundo é um sentimento de que temos muito pra fazer. Vamos arregaçar as mangas, nos unir, criar redes, trabalhar para que mais mulheres entrem para o mercado da tecnologia e vamos em busca de mudar esse cenário.
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