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BR-282

Raio-X BR-282: Gargalos logísticos e desafios para a rodovia mais estratégica de SC

O SCC10 lança uma série especial para mostrar os impactos e as soluções para a BR-282

• Atualizado

Ricardo Souza

Por Ricardo Souza

Raio-X BR-282: Gargalos logísticos e desafios para a rodovia mais estratégica de SC | Imagem: SCC10/Cedido
Raio-X BR-282: Gargalos logísticos e desafios para a rodovia mais estratégica de SC | Imagem: SCC10/Cedido

A BR-282 é muito mais do que uma rodovia: é a principal ligação entre o Oeste catarinense e os portos do litoral, responsável pelo transporte de grande parte da produção industrial e agropecuária do estado. Por ela passam caminhões carregados de carnes, grãos, móveis, lácteos, madeira e máquinas, sustentando um corredor logístico essencial para a economia de Santa Catarina.

Ciente desse papel estratégico e dos desafios enfrentados diariamente por quem depende da rodovia, o SCC10 inicia a série especial “Raio-X BR-282”, que uma vez por semana vai trazer entrevistas, análises e dados inéditos sobre a estrada. Neste primeiro episódio, a reportagem ouviu a Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), que detalha a importância da 282 e alerta para os prejuízos causados pela falta de infraestrutura.

Para Egídio Martorano, presidente da Câmara de Transporte e Logística da FIESC, a BR-282 é a principal artéria logística de Santa Catarina, responsável pelo escoamento da produção industrial e agropecuária. “Essa rodovia é fundamental para setores como carnes, suínos, frangos, máquinas e equipamentos, madeira, lácteos, móveis e papel. Ela conecta o Oeste catarinense aos portos e integra o corredor logístico natural formado pelas BRs 163, 282 e 470”, explicou.

De acordo com a entidade, o corredor movimenta 134,7 mil estabelecimentos, emprega 1,3 milhão de trabalhadores e gera quase R$ 216 bilhões do PIB catarinense. Em 2024, a corrente de comércio dessa região somou US$ 29,8 bilhões.

Custos elevados e impacto econômico

A precariedade da rodovia representa um peso adicional para a indústria. Pesquisas da FIESC apontam que os custos logísticos chegam a R$ 0,11 para cada real faturado pelas empresas catarinenses. No Oeste, esse índice sobe para R$ 0,14.

O cenário afeta diretamente a previsibilidade das entregas, prejudica contratos e encarece produtos. É perda de competitividade para a indústria catarinense. Quando se perde tempo na estrada, perde-se competitividade no mercado”, destacou Martorano.

Outro dado alarmante é o impacto da insegurança viária. Santa Catarina é o segundo estado do Brasil em número de acidentes (8.376 em 2024) e o terceiro em mortes (414 no mesmo período). Entre 2011 e 2024, os custos relacionados a acidentes ultrapassaram R$ 32 bilhões.

Segundo a FIESC, cada caminhão parado no trânsito representa um prejuízo médio de R$ 150 por hora, considerando combustível, manutenção e multas por atrasos. “Esses gargalos têm reflexo direto na economia. Afetam desde o agronegócio, que precisa levar a produção até os portos, até a indústria de transformação, que depende de previsibilidade”, afirmou o presidente da Câmara de Transporte e Logística.

Gargalos e soluções

Embora não haja um cálculo específico dos prejuízos causados apenas pela BR-282, estimativas indicam que uma redução de apenas R$ 0,01 nos custos logísticos geraria uma economia de R$ 5,5 bilhões para Santa Catarina.

Para o setor produtivo, a duplicação da BR-282 é considerada estratégica e urgente. Entretanto, diante dos altos custos e do relevo da região, a FIESC propõe soluções de curto prazo. Em 2021, a entidade, em parceria com a PRF e o DNIT, elaborou o documento “BR-282 + Segura e Eficiente”, que prevê a implantação de 68,9 km de terceiras faixas entre Santo Amaro da Imperatriz e Lages.

O DNIT também já contratou projetos executivos de duplicação entre Lages e São Miguel do Oeste, além do contorno viário de Santo Amaro da Imperatriz. Porém, segundo Martorano, o grande desafio será garantir recursos para a execução das obras.

Pressão política e articulação

A FIESC afirma manter diálogo constante com o DNIT e o Ministério da Infraestrutura, cobrando definição de prazos e fontes de financiamento. O tema também integra a Agenda de Infraestrutura da Indústria Catarinense 2025, documento que reúne as principais demandas do setor produtivo e é entregue anualmente aos governos federal e estadual.

Temos buscado intensificar as ações de pressão institucional, articulando com parlamentares e lideranças regionais. A duplicação da BR-282 não é apenas uma pauta da indústria, mas de toda a economia catarinense, do campo aos serviços”, afirmou Martorano.

Segundo ele, a entidade também trabalha em conjunto com cooperativas, sindicatos e associações do agronegócio, além do Conselho das Federações Empresariais (Cofem), para reforçar a cobrança por investimentos urgentes na rodovia.

“Santa Catarina não pode mais esperar. Cada dia sem investimentos na BR-282 representa perdas econômicas, vidas em risco e menos competitividade para o estado”, finalizou o representante da FIESC.

A BR-282 é, ao mesmo tempo, a maior riqueza e o maior gargalo logístico de Santa Catarina. Enquanto não houver investimentos concretos em duplicações, terceiras faixas e manutenção, os custos de transporte continuarão a subir e vidas seguirão sendo perdidas na estrada. Este é apenas o primeiro episódio da série especial do SCC10. Nas próximas semanas, ouviremos autoridades, especialistas e caminhoneiros que convivem diariamente com os desafios da rodovia.

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