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Conexão Inclusiva

Autismo: entre o diagnóstico precoce e tardio do espectro

Observar alguns sutis comportamento de outras pessoas autistas podem ser como peças de um quebra-cabeça que lentamente se encaixam

• Atualizado

Redação

Por Redação

Foto: SCC SBT
Foto: SCC SBT

Quando a notícia chega, é como se o chão sumisse sob os pés. Famílias que descobrem que seus filhos possuem Transtorno do Espectro Autista (TEA) muitas vezes embarcam em uma jornada desconhecida, com momentos de profunda reflexão, de aceitação e de adaptação.

O diagnóstico de autismo pode vir acompanhado de uma enxurrada de emoções e a busca incessante por compreensão e respostas. Para a família de Davi, que foi diagnosticado com autismo aos cinco anos após três anos buscando por respostas, o diagnóstico foi fundamental para compreender as ações e características do filho e entender e conseguir se comunicar com a criança.

“Ele era diferente dos outros, falávamos com ele e ele não nos olhava. Parece que tinha um problema de audição, porque ele não nos escutava e não olhava para nós. Aí foi aonde despertou aquele interesse de procurar um profissional”, relata o pai Wilson Francisco Ricardo, que a partir da descoberta do autismo de Davi passou a estudar sobre o assunto e desenvolveu o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com a temática de orientação de famílias de autistas.

Observar alguns sutis comportamento de outras pessoas autistas podem ser como peças de um quebra-cabeça que lentamente se encaixam. Para a família de João, foi a partir da observação e de comentários de outras pessoas, que citavam parentes e conhecidos que são autistas, que auxiliaram a família a buscar informações.

Surdo desde o primeiro ano de vida, devido à meningite, João encontrou dificuldade no desenvolvimento da comunicação. “Desde que ele fez dez anos eu encontrava pessoas que falava, ‘o teu menino é autista?’ e ai eu comecei a me questionar, porque eu conhecia surdos com Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), mas que não tinham algumas atitudes do João. Até que um dia começaram as crises de agressividade e numa proporção gigantesca e o João nunca foi agressivo, pelo contrário, ele sempre foi uma criança extremamente carinhosa, espontânea, brincalhona”, conta a mãe Zilmara Rocha.

“O João tinha crises mais agressivas, ele não conseguia ter esse autocontrole, justamente por ele não saber se comunicar”, explica a psicóloga Viviane Ferreira sobre o adolescente, que atualmente está com 16 anos e é atendido em uma clínica especializada, onde aprende libras. “Essa autonomia do João é muito importante e ele em casa é muito tranquilo, a agressividade dele zerou”, complementa o pai Jean Ribeiro. 

“A criança precisa desde cedo, quando observamos os primeiros cenários, já ter uma estimulação de comunicação, porque tudo é pré-requisito no desenvolvimento. Então desenvolvendo bem os gestos, a interação e a fala é possível interagir bem com os pares, com a escola, com a família, e muitas crianças com deficiências não vão se comunicar assim. Então quanto mais a gente ampliar as possibilidades enquanto sociedade, elas vão se beneficiar também, mesmo adultas. É um caminho de duas mãos, tanto da criança tentando se desenvolver, quanto da sociedade também se adaptando mais, para que de fato haja uma inclusão”, destaca a fonoaudióloga Ana Sabrina Moraes.

Diagnóstico tardio de autismo

E quando descoberta do autismo acontece já na fase adulta? É nesse momento que as dificuldades de interação social, ou os padrões repetitivos de comportamento ou a sensibilidade sensorial finalmente encontram um significado. É como se um véu fosse retirado, revelando uma nova perspectiva sobre si mesmo e sobre sua vida. Esse foi o caso do artista plástico Victor Hugo de Oliveira, que aos 39 anos buscou por respostas. 

Foi trabalhando com crianças autistas, que o artista plástico decidiu buscar o autoconhecimento. “Foi muito revelador o diagnóstico na minha vida. Eu sempre senti que algo era diferente em mim e com o diagnóstico eu consegui entender muito do que eu sempre senti. Desde a infância eu não conseguia ser muito bem entendido, interpretado em alguns momentos. Lógico, não tínhamos tantas informações como temos hoje sobre o autismo, sobre o estar no espectro e com esse diagnóstico. Eu acho que o mesmo tardio ressignificou a minha vida”, explica.

“Muitas pessoas chegam pra mim e falam ‘você não parece autista’. Realmente, o autismo não tem cara. O autismo é algo íntimo, é algo interno, é de cada um”, finaliza Victor.

Assista ao episódio da série Conexão Inclusiva:

Assista a continuação do episódio:

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