Tarifaço ameaça produtores de mel em SC
Região é referência nacional em produtividade
• Atualizado
O novo tarifaço que entrou em vigor nesta semana gera apreensão em diversos setores produtivos de Santa Catarina. Um dos mais afetados é o da apicultura, especialmente no sul do estado, que se destaca como uma das regiões mais produtivas e exportadoras de mel do Brasil.
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Empresas da região, como uma de Içara, exportam mensalmente cerca de 400 contêineres de mel para os Estados Unidos, principal comprador do produto brasileiro. Ao longo do ano, são mais de 7.600 toneladas enviadas ao exterior. No entanto, com o aumento repentino das tarifas, o cenário para os próximos meses é de incerteza.
“Isso vai trazer para a gente margens de lucro muito menores. Até o mercado se adaptar, não vamos conseguir absorver todo esse impacto”, afirmou um representante da empresa, Guilherme Castagna, que já se prepara para possíveis ajustes. A expectativa é de redução de volumes, de capacidade operacional e, principalmente, de repasse de perdas aos apicultores, que devem começar a receber menos pelo mel produzido.
O impacto não será sentido apenas por grandes exportadoras. Pequenos e médios produtores também estão na linha de frente dos prejuízos. Muitos podem abandonar a apicultura e migrar para outras atividades agrícolas, o que pode comprometer ainda mais a produtividade nacional.
Santa Catarina ocupa a oitava posição no ranking nacional de produção de mel, mas lidera em produtividade: são 45 quilos por quilômetro quadrado, contra uma média brasileira de 7,5 quilos. Além disso, é o terceiro maior estado exportador de mel do país.
O setor já sente os primeiros efeitos do tarifaço. Segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Mel, as exportações do alimento caíram 50% no último mês. E a dependência dos Estados Unidos é crítica: cerca de 75% do mel brasileiro é enviado para lá. Em Içara, 83% da produção foi exportada ao mercado americano em 2024; em Araranguá, o número é de aproximadamente 70%.
Com mercados alternativos como Reino Unido, Alemanha e Bélgica ainda incapazes de absorver o excedente, a preocupação agora é com a manutenção dos empregos e da competitividade das empresas brasileiras.
“Diversificar países hoje é muito difícil. Dependemos fortemente dos Estados Unidos. Agora, é um trabalho político: mostrar a importância do setor para o ecossistema, para a economia e para as famílias que vivem da apicultura”, afirmou Castagna.
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