Lula defende diálogo e mira no primeiro turno; veja a entrevista
Ex-presidente exalta feitos de seus governos e defende diálogo
• Atualizado
O candidato do PT ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, convocou eleitores contra abstenção no próximo dia 2 de outubro e mirou no voto dos indecisos para tentar uma vitória no primeiro turno. O presidenciável defendeu o diálogo com prefeitos e governadores, prometeu que se eleito vai aumentar o salário mínimo, fazer uma revolução na educação e investir em ciência e tecnologia. Disse ainda que os eleitores devem depositar amor e não ódio nas urnas, e que o “Lulinha paz e amor voltou com força total”.
As declarações foram dadas nesta quinta-feira (22) em entrevista ao programa Candidatos com Ratinho, conduzido pelo apresentador Carlos Massa, do SBT. Nos estúdios da emissora em São Paulo, Lula falou sobre ferrovias, regulação da mídia e exaltou feitos de seus governos.
Logo na abertura, ao ser perguntado sobre os motivos que o levaram a querer ser presidente da República outra vez, Lula respondeu que foram “as circunstâncias políticas”. “Um conjunto da sociedade e partidos que me apoiam me escolheram para ser candidato pela experiência, capacidade de aliança”, disse.
Ainda nos primeiros minutos, Lula elogiou o seu candidato a vice, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), a quem se referiu como “um homem de bem, educação refinada e um político experiente”. Disse que Alckmin vai ajudá-lo a reconstruir o Brasil.
Indagado sobre a aliança depois de tantas críticas do ex-adversário político de centro-direita, o petista justificou: “Eu aprendi na política que você não pode ficar fazendo política com o fígado. Todo candidato quer mostrar que é melhor que o outro, o Alckmin fazia isso, e era papel dele”, afirmou.
Sobre regulação da mídia, Lula afastou os rumores. Justificou que a última alteração no setor foi na década de 1960 e que “pode tentar fazer com que os meios possam ser regulados de acordo com o interesse da sociedade”. Sem dar detalhes de uma eventual futura política, disse que é preciso tentar adaptar a legislação à realidade contemporânea.
Sem tocar na palavra corrupção, Lula respondeu que o maior erro de seu governo foi “não fazer tudo que nós sonhamos em fazer”, em referência a políticas econômicas e sociais. Na sequência, exaltou a política de investimento e infraestrutura, inclusão social e os 22 milhões de empregos gerados quando foi presidente. Lula enfatizou ainda que aumentou e prometeu aumentar o salário mínimo, dizendo que, se eleito, todas as categorias receberão aumento acima da inflação.
Economia
Quando Ratinho perguntou sobre a política de preços da Petrobras e afirmou que a gasolina atualmente estava mais barata no Brasil que na Inglaterra, em referência a uma publicação do presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula disse que “não podemos viver à base de mentiras”.
Lula aproveitou o assunto Petrobras para responder às críticas contra a aliada e ex-presidente Dilma Roussef. O petista enfatizou que “foi golpe”, em referência à saída da mandatária em 2016, afastada por impeachment do Congresso. Disse que inventaram um golpe “porque ela fez um acerto de contas que eles colocaram o apelido de pedalada”.
Em tom de brincadeira, num bate-papo amistoso ao longo de 30 minutos de entrevista, o ex-presidente aproveitou o clima para cutucar o apresentador Ratinho, que em entrevistas com candidatos anteriores, citou a promessa de “presidenciáveis que estariam prometendo picanha”. Lula disse que o brasileiro vai voltar a comer a carne de primeira e que “ninguém faz opção por ser pobre, por ter sofrimento”. E sobre o tom de seu governo, pontuou: “A palavra correta não é governar, é cuidar do povo”. Lula chegou a brincar com o apresentador “até você era mais feliz no meu governo, Ratinho”.
Bolsonaro e Ciro
Quando o assunto foi a pandemia da covid-19, Lula não dispensou críticas à condução de Bolsonaro. Mas em tom político, reconheceu que o mandatário não teve culpa, mas que é “xucro e ignorante”.
“O que o Bolsonaro cometeu de errado? Ele é meio xucro e fala palavrão. Ele poderia ter montado um comitê de crise, ter ouvido a saúde, poderia ter comprado a vacina na hora certa, ele ficou brincando. Ele não comprou [a vacina], porque ele não acreditava na vacina no começo. É uma estupidez de alguém que é um pouco ignorante”, afirmou Lula.
O ex-presidente emendou “tem gente que acha que ser ignorante é bonito, não é”. “Bonito é ser refinado como eu, tranquilo.”
Ainda sobre Bolsonaro, o ex-presidente mencionou a ida do mandatário ao funeral da Rainha Elizabeth, em Londres. Reconheceu a importância da visita oficial, mas comparou com a postura de Bolsonaro na pandemia. “É louvável, mas ele poderia ter visitado uma criança que perdeu a família inteira. Ele poderia ter derramado uma lagriminha por quase 700 mil pessoas que morreram.”
Lula também não poupou o candidato pedetista, Ciro Gomes. Quando foi questionado por Ratinho sobre a política econômica de seu eventual futuro governo, ouviu o apresentador comparar propostas de Ciro, que foi o entrevistado do programa no início da semana. Lula reagiu: “Eu acho que o Ciro está surtando. Ele foi ministro da Fazenda e sabe qual era a taxa de juros quando ele foi ministro? 55% e o que ela reduziu foi apenas pra 49%”, disse.
Ao fim da entrevista, Lula pediu que os eleitores escolhessem com as suas próprias convicções e depositassem amor e não o ódio nas urnas. Disse que o “Lulinha paz e amor voltou com força total” em 2022, em referência ao apelido que ganhou após escrever uma carta ao mercado em 2002.
Se eleito, prometeu uma reunião com 27 governadores na primeira semana de governo. Garantiu diálogo e união para compartilhar a construção de estradas e outros projetos.
“A gente não tem que ficar xingando. A gente tem que chamar os prefeitos. Ninguém sabe conversar com um governador como eu, eu não quero saber do partido que a pessoa é. Eu respeito a pessoa e não o cidadão governador. Eu quero paz e amor, o Lulinha paz e amor voltou com força total”, em aceno claro aos eleitores de centro e indecisos.
Veja a entrevista
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