Ciro Gomes diz que Lula “não aprendeu nada”; veja a entrevista
Pedetista chama de "brutal conchavo" encontro com ex-presidenciáveis e diz que petista "não aprendeu nada"
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O candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, criticou nesta segunda-feira (19) o encontro do candidato ao Planalto pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, com ex-presidenciáveis, entre eles o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (União Brasil). O pedetista classificou o encontro como “brutal conchavo”. Terceiro colocado nas pesquisas, Ciro subiu o tom contra o adversário petista, criticou a legenda e seus integrantes, e atacou a busca pelo chamada ‘voto útil’.
As declarações foram dadas em entrevista ao apresentador Carlos Massa, no programa Candidatos com Ratinho, nos estúdios do SBT, em São Paulo. Ciro teve 30 minutos para falar sobre suas propostas e planos de governo. Além de elencar as medidas, o presidenciável aproveitou o tempo para fazer críticas ao ex-presidente Lula, que foi mais atacado que o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).
Ciro que disputa, neste ano, a sua quarta eleição presidencial, disse que o Partido dos Trabalhadores “virou uma organização criminosa” e criticou alianças do petista, entre elas o apoio do senador Renan Calheiros (MDB) e do ex-deputado, Geddel Vieira Lima. Afirmou que “Lula foi bater na cadeia porque ele loteou o governo com bandidos da corrupção” e que o petista “não aprendeu rigorosamente nada”. Sobre o encontro desta segunda, afirmou que “está se construindo a maior fraude eleitoral”.
Quando comparou as propostas dos dois principais candidatos na disputa, disse que Lula e Bolsonaro representam o mesmo modelo econômico e o mesmo modelo de governança.
Também falou sobre a chamada ‘terceira via’ e reconheceu que o espaço para ela é “muito apertado”. “Mas, veja, eu tenho muita muita serenidade e eu sei o tamanho do buraco que está aí. Por isso eu só quero ser presidente se for pra mudar.”
Economia
Na primeira pergunta, respondeu que quer ser presidente para ajustar o que chamou de maior crise econômica e social: “70 de cada 100 brasileiros ou estão em desalento ou estão desempregados ou estão empurrados para a informalidade”. Disse ainda que a degradação ocorreu porque “a política que se vendeu para um sistema econômico que montou um governo como máquina de tritutar gente”.
Perguntado sobre os gargalos do país, disse que a política é quem atrapalha o crescimento. “A política que que aceitou, se vendeu, vamos ter clareza, se vendeu para o sistema econômico que montou o governo como a máquina de gente e transferir renda de quem produz, de quem trabalha para o sistema financeiro e isso também tem número, o Brasil tem quatro dos dez bancos mais lucrativos do mundo, sendo uma economia que está parada há onze anos, três Bolsonaro, oito de PT.”
Ciro também voltou a prometer que, se eleito, vai criar 5 milhões de empregos e instituir a Renda Básica de Cidadania, além de pagar R$ 1 mil a cada família pobre. E afirmou que ninguém vai ganhar menos de R$ 471. Prometeu ainda uma ampla reforma tributária e fiscal, para financiar políticas públicas que reduzam o desemprego e a informalidade. O candidato também falou sobre taxar grande fortunas e criar um programa de refinanciamento de dívidas para ajudar 66 milhões de brasileiros endividados. “Todo dia as pessoas são bombardeadas com deboche porque acham que isso não é possível. Eu garanto que é fácil e vou fazer”, disse sobre o programa de refinanciamento de dívida. “O meu projeto é de centro-esquerda, de apoiar quem produz e quem trabalha”, acrescentou.
Ao falar sobre o Centrão, o grupo formado por partidos de Centro e que atualmente compõe a base aliada do presidente Bolsonaro no Congresso, Ciro afirmou que “não vai ficar nas mãos dele” e prometeu que, se eleito, não irá concorrer à releição. Disse que vai trocar o “toma-lá-dá-cá” por um acordo com prefeitos e governadores. “Eu vou pegar governadores e prefeitos dando em troca um refinanciamento de estados e municípios que estão todos quebrados.”
“Eu vou pegar uns R$ 600 bilhões da dívida dos estados e vou renegociar. Eu digo pra eles: ‘Olha, me ajude a fazer a Reforma Tributária que eu lhe compenso tirando a faca do pescoço da dívida’. Eu não estou falando de perdoar, estou falando de repercussão, botar isso pra vencer daqui dez anos pra descomprimir a finança dos estados e viabilizar o apoio dos governadores e prefeitos pra não vender ou seus sucessores.”
O candidato exaltou o principal eixo do seu programa de governo: a criação de um novo Projeto Nacional de Desenvolvimento (PND), com investimentos em ciência e desenvolvimento tecnológico, redução da informalidade, além de planos de expandir o acesso à comunicação e promover uma “revolução na educação pública”.
Outras propostas
Sobre segurança pública, reconheceu que “hoje as periferias do Brasil não estão mais sob o contolre das autoriddades”. “Hoje quem dá as cartas são as facções criminososas.” Afirmou que vai combater o crime organizado com a federalização dos casos. “O policial local não tem condições de fazer esse combate. A experiência internacional mostra que o que você faz é usar a tecnologia, para acompanhar o rastro do dinheiro, e, quando prender prendeu o chefe, corta a cabeça, leva para um presídio federal. Não é possível mais fazer o enfrentamento sem inteligência policial, mudança no orçamento”, declarou.
Perguntado sobre as medidas de combate à corrupção, voltou a criticar o PT e, em determinado momento da conversa com Ratinho, afirmou que o “PT vai bater a sua carteira”. Indagado se consegueria varrer de vez a corrupção em um futuro governo, foi taxativo: “Quem prometer isso pro povo é mentiroso. A corrupção é uma fraqueza humana, você mexer com dinheiro dos outros lá se vai a tentação. Mas eu posso garantir que eu não me corrompo. Nunca respondi por nenhuma acusação injusta. Então a primeira providência é o exemplo. Segundo, nós temos que ajudar as instituições a prevenir a corrupção. É você ter uma ferramentaria tecnológica em que você rastreia o dinheiro. O Brasil hoje tem um governo analógico, tudo para permitir a corrupção”.
Na área da saúde, lembrou que foi secretário da pasta no Ceará e prometeu prontuário eletrônico para facilitar o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) e um mutirão de cirurgias eletivas nos primeiros 100 dias de governo.
‘Voto útil’
Ao fim da entrevista, Ciro pediu uma chance e condenou o chamado ‘voto útil’. Disse que os brasileiros não podem decidir entre o que chamou de “coisa ruim e coisa pior”, em referência aos dois primeiros candidatos mais bem pontuados. O ‘voto útil’ ocorre quando o eleitor migra o voto para aqueles mais bem colocados nas pesquisas. Na reta final de campanha, a equipe de Lula tem trabalhado com forte apelo a essa estratégia para derrotar Bolsonaro e ganhar a disputa no 1º turno das eleições.
O pedetista também fez acenos aos evangélicos, falou em nome de Deus, por mais de uma vez, e em uma das citações, ao pedir voto, declarou: “Peço a Deus que ilumine as minhas palavras para tocar o coração do povo”.
O pedetista foi o segundo presidenciável entrevistado no Candidatos com Ratinho. Na última terça-feira (13), o primeiro sabatinado foi o candidato à reeleição pelo PL, Jair Bolsonaro. Na terça-feira (20), será a vez da candidata do MDB, Simone Tebet. Na quinta-feira (22), o entrevistado será o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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