Eleições municipais de 2020 traz avanço da comunidade LGBTI+ na política de Florianópolis
Bruno Jordão, diretor da startup catarinense de impacto social voltada à segurança e bem-estar da população LGBTI+, explica importância da representatividade dessa comunidade na Câmara de Vereadores.
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As eleições municipais de 2020 em Florianópolis marcam uma mudança no perfil da Câmara de Vereadores, com mais vereadores eleitos pertencentes ou apoiadores da causa LGBTI+. Foram dois nomes escolhidos pela população: Carla Ayres (PT), que se identifica como mulher lésbica, e Marquito (PSOL), apoiador da comunidade, que teve o maior número de votos para vereador na capital catarinense. Ao todo, a cidade contou com 10 candidaturas com pautas relacionadas ao grupo, de acordo com a Aliança Nacional LGBTI+. Essa transformação pode ser observada em todo o Brasil, já que as lideranças LGBTI+ buscam, mais do que nunca, espaço na política para que seus discursos possam ser ouvidos.
“Nos últimos anos, houve o fortalecimento de um fenômeno internacional de aumento de conscientização e engajamento político, principalmente pelas gerações mais jovens (Millennials e Geração Z). Isso ocorre junto a diminuição de desigualdades e acesso a mecanismos políticos como ambientes universitários, coletivos e afins”, explica em entrevista Bruno Jordão, cofundador e diretor de comunidade e de operações da startup de impacto social Nohs Somos.
Segundo o especialista, o resultado das eleições é muito importante para a comunidade, já que a pauta LGBTI+ não é debatida no Legislativo, as principais conquistas da comunidade costumam vir pelo Judiciário. Além disso, ressalta ser necessário que os candidatos eleitos lutem por políticas públicas que defendam as minorias. “Os vereadores escolhidos precisam propor projetos de lei que ajudem LGBTIs+, com temas como o uso do nome social nos órgãos do município e a proibição e penalização de funcionários públicos que sejam LGBTIfóbicos”, destaca.
Apesar do avanço da comunidade LGBTI+, ainda não é o suficiente, é necessário ter mais representatividade na Câmara, para que as pautas LGBTI+ possam ganhar um maior destaque. Porém, com o avanço o confronto político deve ficar mais acirrado e com mais debates. Isso porque, neste ano o Brasil teve o maior índice de candidatos com títulos religiosos da História. “Esse tem o histórico de não respeitar a laicidade do estado e geralmente vai contra a aceitação da comunidade LGBTI+. Inclusive sendo a favor coisas como a dita ‘cura gay’, prática repudiada pelo Conselho Federal de Psicologia”, afirma o diretor da Nohs Somos.
A startup Nohs Somos, tem como foco a segurança e bem-estar da população LGBTI+, lançou durante o período eleitoral de 2020 materiais educativos com o objetivo de conscientizar sobre a escolha dos próximos representantes às prefeituras e câmaras municipais. Dentre eles está o “Guia de Bolso das Eleições para LGBTI+ Cansades”, criado com base no Programa Vote com Orgulho, da Aliança Nacional LGBTI+.
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