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Tragédia anúnciada

Problemas com reservatório do Monte Cristo que rompeu eram sentidos desde 2017

Em 2017, cano estourado provocou alagamentos nas residências

• Atualizado

Redação

Por Redação

Foto: Cedida
Foto: Cedida

O reservatório de água da Casan no bairro Monte Cristo, em Florianópolis, que rompeu na madrugada de quarta-feira (6) foi inaugurado em 2022, mas os problemas enfrentados pelos moradores do entorno já eram registrados desde 2017, ainda durante a construção da estrutura, que tinha como capacidade quatro milhões de litros de água.

Em 2017, casas próximas começaram a apresentar rachaduras durante a realização do estaqueamento do terreno do reservatório. As obras tinham como objetivo estabilizar as fundações da estrutura e causaram rachaduras em paredes e em calçadas do entorno. Veja:

João Heil, vizinho do reservatório, relembra que, além das rachaduras, em janeiro de 2017 um cano foi rompido durante as escavações, fazendo com que milhares de litros de água inundassem as residências próximas.

“Na época eu acordei no susto, não tinha como passar na rua”, relembra o Heil. João Moraes, morador da parte de trás do reservatório do Monte Cristo e vizinho de Heil, também foi afetado pelo cano estourado e registrou um “redemoinho” na garagem de casa.

No vídeo é possível observar o desespero das pessoas ao terem a casa invadida pela lama e verem seus bens sendo perdidos. Assista:

Na época, os moradores afetados pelo rompimento do cano passaram pelo mesmo processo realizado nesta semana após o estouro do reservatório: eles foram visitados por equipes da Companhia, relataram quais os bens perdidos e receberam a promessa de ressarcimento.

Meses depois, os moradores entraram com uma ação contra a Casan pedindo indenização dos prejuízos causados. “Até hoje ninguém foi ressarcido, não recebemos nenhum valor e o nosso caso está na Justiça”, complementa Heil.

Infiltrações

Em maio de 2022, João Moraes também registrou infiltrações e água escorrendo pelas paredes do reservatório recém construído. Nas imagens, é possível ver os vazamentos. Assista:

Naquele mês, as infiltrações fizeram que os moradores, com medo que um desastre acontecesse, acionassem a Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros e a Guarda Municipal. Após realizar uma vistoria no local, a Casan demonstrou preocupação, afirmando em uma troca de e-mails com a construtora do reservatório, que a situação era “extremamente preocupante” e já tinha “tomado proporções enormes”.

Contudo, a empresa responsável pela obra informou que as infiltrações eram “comuns” e afirmou: “O reservatório não apresentou nenhum ponto de falha estrutural, ressaltamos que as infiltrações são comuns neste tipo de teste de estanqueidade. Na terça feira (10/05/2022) o reservatório foi esvaziado, antes mesmo que o material impermeabilizante e expansivo pudesse reagir por completo, pois necessita de um tempo de contato com a água de no mínimo 72 horas para reação”.

Moradores contrataram engenheiro particular

Coincidentemente, em maio de 2022, a fim de avaliar a situação do reservatório, os moradores contrataram um engenheiro particular. Na avaliação, o profissional apontou que, com base nas imagens analisadas, a estrutura apresentava uma fissura, que poderia ter sido causada devido a dilatação e retração da parede de concreto.

“Aparentemente não corre risco de ruptura no momento. Entretanto, pode ocorrer o aumento do problema, ampliando para trincas ou até fissuras e comprometendo a estabilidade do reservatório. Não é possível mensurar a velocidade de ampliação do problema, sem uma avaliação apurada”, destacou o engenheiro.

Na época, o engenheiro informou que para um diagnóstico técnico mais detalhado era necessário uma inspeção no local, com o reservatório vazio. Contudo, mesmo sem o laudo técnico, a sugestão do profissional era que a Casan e a Defesa Civil fossem notificadas o “mais rapidamente possível” para exigir “providências imediatas para recuperação das paredes”.

O que diz a Casan:

Questionada sobre as rachaduras que apareceram nas residências durante a construção do reservatório, assim como a inundação causada pelo rompimento de um cano, a Casan afirmou que irá realizar coletiva de imprensa neste sábado (09) e em nota informou que “recebeu informação da empresa construtora de que o reservatório apresentava condições de uso”.

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