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'CENAS TRÁGICAS NO SOLO'

Nasa divulga carta de astronauta que viu atentado de 11 de Setembro do espaço: “Fiquei pasmo, depois horrorizado”

23 anos após o atentado, o relato de Frank L. Culbertson foi compartilhado para o mundo

• Atualizado

Olga Helena de Paula

Por Olga Helena de Paula

Foto: Nasa/Divulgação.
Foto: Nasa/Divulgação.

Em 11 de setembro de 2001, o astrounauta Frank L. Culbertson (capitão aposentado da Marinha dos EUA) era um dos membros da tripulação da Expedição Três a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS). Diferentemente dos seus conterrâneos, que presenciaram o horror do atentado às Torres Gêmeas e ao Pentágono do solo, ele registrou a tragédia do espaço. Em uma carta divulgada pela Nasa nesta terça-feira (10), Culbertson relata como foi viver esse momento longe da Terra.

Nasa divulga carta de astronauta que viu atentado de 11 de Setembro do espaço

No depoimento que data do dia 12 de setembro de 2001, às 19h34, ele conta que não tem muita certeza se está confortável em compartilhar os próprios pensamentos com o resto do mundo, mas continua: “Bem, obviamente o mundo mudou hoje. O que eu digo ou faço é muito pequeno comparado ao significado do que aconteceu com nosso país hoje quando ele foi atacado por… por quem? Terroristas é tudo o que conhecemos, eu acho. É difícil saber a quem direcionar nossa raiva e medo…”

Ele relatou que por volta das 9h CDT (Horário De Verão Central), tomou conhecimento do que havia acontecido através do médico que atendia a tripulação, “Fiquei pasmo, depois horrorizado. Simplesmente não parecia possível nessa escala em nosso país. Eu não conseguia nem imaginar os detalhes, mesmo antes das notícias de mais destruição começarem a chegar”, afirmou.

Ele contou que o resto da tripulação logo ficou sabendo do atentado. “Eles entenderam claramente e foram muito simpáticos.”

Ele contou ainda que foi direto até o computador para entender onde no mundo eles estavam e percebeu que logo passariam pela Nova Inglaterra. “Dei uma volta rápida pela estação até encontrar uma janela que me daria uma vista de Nova York e peguei a câmera mais próxima.”

Logo, ele avistou uma fumaça vindo de Nova York e que fluia para o Sul da cidade. “Depois de ler uma das notícias que acabamos de receber, acredito que estávamos olhando para NY na época, ou logo depois, do colapso da segunda torre. Que horrível…”.

Com câmeras em mãos, ele e outros tripulantes conseguiram registrar a tragédia vista do espaço. Culbertson ainda comentou que tentou avistar fumaça ao redor de Washington, mas não havia nada visível.

“Além do impacto emocional do ataque ao nosso país e da morte de milhares de cidadãos e talvez de alguns amigos, o sentimento mais avassalador de quem está onde está é o de isolamento.”

Ele continua o relato dizendo que no dia seguinte foi invadido por fadiga e tensão emocional. Equipes do solo continuaram a informar o astronauta sobre o que estava ocorrendo na Terra. “As equipes de solo têm sido incrivelmente solidárias, muito compreensivas com o impacto das notícias e tentaram ser o mais úteis possível”.

“Meus companheiros de tripulação também foram ótimos. Eles sabem que foi um dia difícil para mim e para o pessoal em terra, e eles tentaram ser o mais equilibrados e prestativos possível. Eles são muito simpáticos e, claro, indignados com quem quer que fizesse isso.”

Amigo era piloto do American Airlines

O astronauta ficou em choque ao descobrir que o capitão do jato da American Airlines que atingiu o Pentágono era Chic Burlingame, um colega de estudos. “Não consigo imaginar o que ele deve ter passado, e agora ouço que ele pode ter subido mais do que podemos imaginar, possivelmente impedindo que seu avião fosse o único a atacar a Casa Branca. Que perda terrível, mas tenho certeza de que Chic lutou bravamente até o fim. E as lágrimas não fluem da mesma forma no espaço…”.

“É difícil descrever como é ser o único americano completamente fora do planeta em um momento como este. A sensação de que eu deveria estar lá com todos vocês, lidando com isso, ajudando de alguma forma, é avassaladora. Sei que estamos no limiar (ou além) de uma mudança terrível na história do mundo. Muitas coisas nunca mais serão as mesmas depois de 11 de setembro de 2001. Não apenas para os milhares e milhares de pessoas diretamente afetadas por esses atos horrendos de terrorismo, mas provavelmente para todos nós. Vamos nos sentir diferentes sobre dezenas de coisas, incluindo provavelmente a exploração espacial, infelizmente.”

O relato completo de Frank L. Culbertson pode ser acessado através deste link.

*Com informações do site da Nasa.

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