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Inédito

Startups de SC participam de pesquisa sobre impacto das queimadas no Pantanal

Pesquisadores, empresas e terceiro setor se uniram para viabilizar a coleta de amostras de solo e água, que terão seu DNA sequenciado.

• Atualizado

Redação

Por Redação

Queimada no Pantanal. Foto: Mayke Toscano / Secom – MT.
Queimada no Pantanal. Foto: Mayke Toscano / Secom – MT.

Um consórcio multisetorial fará levantamento inédito no Pantanal para identificar espécies de animais e da vegetação afetadas pela queimada histórica ocorrida no ano passado na região. O grupo, formado por pesquisadores de universidades, empresas e terceiro setor, todos voluntários, se uniu para viabilizar a coleta de amostras de solo e água, que terão seu DNA sequenciado pelas startups de biotecnologia Neoprospecta e BiomeHub. O método é mais preciso para mensurar o impacto nas áreas devastadas, em relação ao que é mais comumente usado, a observação.

Os incêndios destruíram 30% da área do Pantanal brasileiro, o equivalente a 30 vezes o tamanho da cidade de São Paulo ou uma área maior que a Dinamarca inteira. Muitas espécies foram fortemente afetadas e algumas populações podem ter sido perdidas. “Com os resultados desses modelos teremos uma excelente estimativa de quais espécies da biodiversidade local foram mais afetadas e será possível desenhar ações de conservação mais específicas e avaliar a possibilidade de repovoamento nessas áreas”, diz o biólogo e especialista em biologia celular e molecular Alberto Dávila, idealizador do projeto.

Dávila explica que serão coletadas amostras do solo e da água das regiões norte e sul do Pantanal, tanto das áreas queimadas quanto da que permaneceu intacta. Dessa forma, explica o especialista, que é pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) há 18 anos e tem o Pantanal como seu objeto de estudo desde 1994, será possível, em laboratório – a partir do sequenciamento genético dessas amostras -, identificar espécies de animais e vegetação que existem nas áreas intactas e comparar com o que foi encontrado nas áreas queimadas, obtendo um saldo das perdas causadas pelo fogo. Além disso, complementa o CEO da Neoprospecta, Luiz Fernando Valter de Oliveira, o sequenciamento do DNA dessas amostras permitirá identificar também bactérias e fungos presentes no solo e água, que são tão relevantes para o ecossistema quanto animais e plantas.

“O ineditismo do projeto está no fato de usarmos a tecnologia de DNA em uma escala nunca antes realizada. Assim, teremos uma ideia mais clara sobre a real biodiversidade, não só de tudo o que é observado e capturado, mas também do que nunca ninguém viu e poderíamos perder sem conhecer”, explica Fernando.

O recolhimento das amostras iniciaram mês passado e se estenderão por um ano. O sequenciamento genético será realizada ao longo de todo o período e os resultados parciais serão informados à sociedade periodicamente, por meio da página na internet do projeto.

“Sabendo da relevância e da importância do conhecimento científico no Brasil, sempre buscamos apoiar essas ações, e essa é de suma importância para buscarmos entender os impactos que as queimadas no Pantanal causaram no nosso ecossistema”, ressalta o CEO da Neoprospecta.

O consórcio conta, até agora, com o apoio de 30 pesquisadores das áreas de ecologia, zoologia, botânica e genética, do programa de pós-graduação em Saúde e Biodiversidade do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz, Fiocruz Mato Grosso do Sul, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Estadual de Londrina (UEL) ,Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Berlin Center for Genomics in Biodiversity Research (BeGenDiv) e Embrapa-Pantanal. Além do apoio da Sociedade Brasileira de Genética, Centro de Pesquisa do Pantanal, Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Ciência, Wetlands International, Mulheres em Ação no Pantanal, SESC-Pantanal e outras quatro empresas, além da Neoprospecta e BiomeHub. Segundo Dávila, a área abrangida pelo estudo dependerá da quantidade de recursos financeiros e humanos que o projeto conseguir mobilizar. Empresas e instituições interessadas em apoiar a ação podem entrar em contato com o pesquisador pelo e-mail genomiclab@genomiclab.org.

Como será feita a identificação das espécies impactadas

  1. Pequenas amostras da fauna e flora previamente identificados são coletadas;
  1. Amostras de água e solo de áreas queimadas e não-queimadas são coletadas;
  1. O DNA dessas amostras é extraído e alguns genes sequenciados;
  1. As sequências geradas analisadas permitem identificar a qual a espécie corresponde esse DNA;
  1. Esse método permite obter evidências sobre o percurso de animais em determinadas áreas sem a necessidade de observá-los de perto;
  1. As marcas e pistas que deixam no ambiente (excreções, pelos, escamas, pele, etc) carregam seu DNA e, com esses métodos e tecnologias, é possível  determinar “quem passou por ali”.

Números do Pantanal

  • Abriga cerca de 263 espécies de peixes
  • 41 de anfíbios
  • 113 de répteis
  • 553 de aves


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