Insetos podem fazer falta no futuro, alerta pesquisa
Base da cadeia alimentar, desequilíbrio da biodiversidade traria problemas como infestações nas cidades
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A diminuição da diversidade de insetos vem sendo percebida há anos no mundo. A falta de abelhas, por exemplo, é preocupante, porque elas fazem o importante trabalho de polinização das plantas. Não se sabia, até então, como e quanto essa perda impactaria o território brasileiro.
Pesquisadores das Universidades Federais de São Carlos (Ufscar) e Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) uniram informações de 45 estudos para mostrar as alterações na biodiversidade. O trabalho foi publicado no periódico internacional Biology Letters.
Seriam 75 tendências ao longo de, em média, 22 anos para insetos terrestres e 11 anos para insetos aquáticos. A maioria delas mostra redução das espécies.
Entre os terrestres estão as abelhas, além de besouros e formigas. Todos importantes para a agricultura, apesar de vistos como pragas por boa parte dos que trabalham no setor.
Entre os aquáticos, que naturalmente são bem menos do que os terrestres, o número de espécies ou de insetos permaneceu estável ou, em alguns casos, também aumentou.
As diferenças dos resultados sobre os tipos podem diminuir com a evolução das pesquisas sobre os insetos aquáticos, que são mais recentes e podem ter sido feitas em regiões alteradas há bem menos tempo do que uma intervenção humana, relatam os pesquisadores.
Para eles, a maturidade dos estudos será conquistada a partir de agora com adesão a programas como o de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD) e o de Pesquisa em Biodiversidade (PPBIO), ambos do CNPq.
Mas, até sobre o insetos terrestres, não há pesquisas suficientes, de acordo com os especialistas. Isso porque os pequenos animais despertam interesse de mesma proporção, apesar da importância. Afinal, estão na base da cadeia alimentar.
O relato dos pesquisadores alerta: “acompanhar de perto as mudanças em sua biodiversidade tem de ser uma máxima prioridade na ciência ambiental brasileira. […] Com razão, tartarugas marinhas, micos-leões ou orquídeas têm mobilizado instituições, cientistas e cidadãos em sua proteção e defesa. No entanto, para manter ou recuperar ecossistemas naturais, assim como as atividades agrícolas e agroflorestais sustentáveis, os insetos são elementos-chave.”
Se você ainda acredita que pouco impactaria sua vida, o professor André Freitas, do Instituto de Biologia da Unicamp, é mais específico.
“Se você acaba com os insetos, você quebra todas as cadeias alimentares da natureza na base. Se você não tem lagartas para os passarinhos comerem, as aves vão diminuir. Se você não tem insetos para vespas se alimentarem, elas vão cair e, uma vez que caiam, elas começam a causar um desequilíbrio que pode levar, por exemplo, ao aumento de pragas, tanto nas cidades quanto na agricultura”, disse.
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