Rio de Janeiro pode perder título de Patrimônio Cultural da Humanidade; entenda
Há risco de perda do título devido à construção de uma tirolesa no Pão de Açúcar
• Atualizado
O Rio de Janeiro corre o risco de perder o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, devido à construção de uma tirolesa no Pão de Açúcar, um dos principais cartões postais da cidade.
A obra, que foi embargada pela Justiça Federal, em junho, está no meio de um embate entre a Unesco – a Agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – e o Iphan – o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O projeto recebeu aprovação da Geo-Rio, órgão municipal que avalia os riscos das intervenções, e do Iphan.
“A Unesco, ela não é consultada em qualquer intervenção rotineira sobre bens tombados. Quem faz essa análise, em nível nacional, é o Iphan. Ele é a instituição que tem que responder sobre a preservação do Patrimônio Mundial”, argumenta o presidente do Iphan, Leandro Grass.
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O Ministério Público Federal (MPF) emitiu um parecer no qual afirma que a decisão cabe à Unesco porque, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu o Rio de Janeiro como Patrimônio da Humanidade, em 2012, o Pão de Açúcar foi definido como uma das áreas que formam as paisagens cariocas.
De acordo com o MPF, já foram retirados 127 metros cúbicos de rocha do Morra da Urca e do Pão de Açúcar, para a construção da tirolesa. A empresa responsável foi intimada a preservar as rochas cortadas, até que o local passe por uma perícia. A Unesco pediu ao governo brasileiro esclarecimentos sobre o projeto.
Se as recomendações feitas pela Unesco não forem atendidas, o Rio de Janeiro poderá perder o título. Além dos prejuízos ao turismo, a cidade também deixaria de receber uma verba anual repassada pelo órgão das Nações Unidas.
Foi o que aconteceu com Dresden, na Alemanha, e Liverpool, na Inglaterra, que autorizaram intervenções em áreas preservadas pela Unesco sem o consentimento da ONU.
A denúncia sobre o Pão de Açúcar foi feita pelo Icomos nos Brasil, conselho que atua como órgão consultivo. “É uma mutilação, pelo simples fato de você estar cortando um bem patrimonial, que não pode ser reposto. São grandes áreas que foram cortadas e aplainadas para fazer a estrutura da tirolesa”, explica o representante da organização, Rafael Winter.
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