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Tolentino presta depoimento à CPI e nega ser sócio oculto do FIB Bank

Amparado por decisão do STF, empresário recorreu várias vezes ao direito de ficar calado

• Atualizado

SBT News

Por SBT News

Marcos Tolentino disse que não participou da aproximação entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde. Foto: Reprodução? SBT Brasil
Marcos Tolentino disse que não participou da aproximação entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde. Foto: Reprodução? SBT Brasil

Em depoimento nesta terça-feira (14) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, o empresário e advogado Marcos Tolentino negou ser sócio oculto do FIB Bank, fiador do contrato do Ministério da Saúde para a negociação de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin.

“Eu, Marcos Tolentino, afirmo que não possuo qualquer participação na sociedade. Não sou sócio da empresa”, disse aos senadores. Ele é sócio de várias empresas – de rádio, televisão e advocacia. A instituição na qual atuaria de forma oculta não é financeira, mas concedeu carta-fiança de R$ 80,7 milhões para a Precisa Medicamentos no contrato com o Governo Federal. O acordo foi encerrado por suspeitas de irregularidades.

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Entre os documentos apresentados para indicar que Tolentino atuava como sócio oculto, está uma procuração, que garantiria ao advogado poderes para representar uma empresa ligada ao FIB Bank. “O senhor se apresentava, em todas as conversas, oferecendo os serviços do FIB Bank como procurador indireto, e até mesmo como dono das empresas. São vários os depoimentos nessa direção”, pontuou o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), na sessão desta terça-feira.

Amparado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário recorreu várias vezes ao direito de ficar calado para não produzir provas contra si mesmo. Foi o que fez diante do questionamento sobre quem é o dono do FIB Bank. De acordo com a senadora Simone Tebet (MDB-MS), o FIB “não existe. Ele não existe porque ele não tem sócios, ele não existe porque ele foi constituído por uma empresa de prateleira cujos sócios eram laranjas e já disseram e foram à Justiça pra dizer que nunca foram sócios”.

O empresário disse que não participou da aproximação entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde. Tolentino confirmou que é amigo do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), e que teve alguns encontros com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sem relação de amizade. Ele negou que qualquer empresa ligada ao nome dele tenha recebido valores do FIB Bank. Mas o relator disse que as quebras de sigilo apontam o contrário: “Mostram que a Brasil Space Air Log, empresa que pertence de fato a Tolentino, recebeu do FIB Bank R$336 mil dos R$350 mil no mesmo dia em que esse valor foi pago pela Precisa Medicamentos. Os outros 14 dessa conta foram destinados a Wagner Potenza, ex-Presidente do FIB Bank”.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) mostrou documentos da Receita Federal que indicam vários CPFs em nome do empresário. Ele rebateu dizendo ter apenas um CPF regular e que não sabe sobre os outros. A presidência da CPI aprovou requerimentos para ter acesso às procurações repassadas a Marcos Tolentino e também para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) determine que a União faça uma auditoria, e até suspenda, todos os contratos com órgão do governo que tem o FIB Bank como instituição garantidora.

Renan Calheiros anunciou que proporá, no relatório final, mudanças na Lei do Impeachment. A intenção é que a abertura de processo de impedimento do presidente da República não dependa somente da decisão do presidente da Câmara. Essas mudanças precisam da aprovação do Congresso. Renan afirmou que deve entregar o parecer até o dia 24 de setembro.

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