Namorado de enfermeira que morreu em Itapema, à espera de UTI, diz que faltou respirador
"Nesse período ela se doou tanto para salvar vidas, fez muita hora extra, porque sempre faltava gente no plantão, e quando precisou de respirador não tinha", afirmou ele
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Pelo menos 141 internados em Santa Catarina morreram sem passar por leito de UTI, desde o dia 21 de fevereiro, quando os hospitais atingiram capacidade máxima de atendimento. A Secretaria de Saúde do Estado não confirmou quantas dessas pessoas estavam com pedidos de transferência no sistema de regulação de leitos. Na terça, 2, a reportagem do Estadão confirmou que 16 pessoas infectadas com covid-19 e com indicação de tratamento intensivo morreram na fila de espera, maioria na região oeste do Estado.
O sistema de saúde colapsado de Santa Catarina se tornou um drama diário. A fila de pessoas à espera de uma UTI tem aumentado gradativamente na última semana. Na tarde desta quarta-feira, 3, pelo menos 251 pacientes em estado grave aguardavam tratamento intensivo. No dia anterior, eram 228 pessoas.
Uma semana após receber a 2ª dose da vacina contra a covid-19, a enfermeira Zeni Pereira Bueno, de 53 anos, que trabalhava no Pronto Atendimento de Itajaí foi levada para o Hospital Santo Antônio, em Itapema, com falta de ar. Após internação o quadro agravou e os médicos informaram a necessidade de UTI. Zeni ficou cinco dias internada em estado grave. No dia 26 de fevereiro, após procedimento de pré-entubação, sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.
“Ela foi incansável e acabou vítima dessa bravura, desse amor pela enfermagem. Nesse período ela se doou tanto para salvar vidas, fez muita hora extra, porque sempre faltava gente no plantão, e quando precisou de respirador não tinha”, contou Alexandre Emilio Kozoroski Neves, de 56 anos, namorado de Zeni.
As mortes fora de UTIs em Santa Catarina aumentaram nos últimos dias, principalmente na região oeste, que concentra um terço das 141 mortes de internados que não passaram por UTI. Foram 47 óbitos desde 21 de fevereiro nessa situação, mais da metade tinha algum tipo de comorbidade.
Segundo especialistas, se a pessoa tiver a doença logo após receber a 2ª aplicação, não significa que o imunizante falhou. O Instituto Butantan, responsável pela Coronavac, estima ao menos duas semanas para que o organismo crie anticorpos neutralizantes Além disso, o grau de proteção da vacina é de 50,38%. Por isso, especialistas reforçam que é preciso manter cuidados – como uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento social após a imunização.
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