Hospitais testam droga para crise inflamatória
Pesquisadores do Hospital Albert Einstein estão testando um medicamento para artrite reumatoide que tem a capacidade de modular o sistema imunológico.
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Grave complicação que pode ocorrer em pacientes com a covid-19, a tempestade de citocinas, reação exacerbada do sistema imunológico que pode afetar o funcionamento de órgãos vitais, é um dos eventos que agravam o estado do paciente, podendo até levá-lo à morte. Para tentar evitar esse quadro de tempestade inflamatória, pesquisadores do Hospital Albert Einstein estão testando em pacientes com casos leves a moderados um medicamento para artrite reumatoide que tem a capacidade de modular o sistema imunológico.
“É um imunomodulador para evitar a tempestade de citocinas. Ele inibe uma das vias mais importantes da imunomodulação que são conhecidas nas doenças, como a jak”, afirma Otávio Berwanger, diretor da Academic Research Organization (ARO) do Einstein. Eles vão estudar a evolução de 289 internados com sintomas como febre e pneumonia, mas que não necessitam de ventilação mecânica nem internação em UTI. “Alguns pioram, passando a precisar de suporte intensivo e desenvolvem a tempestade de citocinas, resposta inflamatória intensa que começa a causar dano em muitos órgãos. Causa insuficiência respiratória, dano grave no pulmão, no coração, rins, falência múltipla dos órgãos. A gente quer pegar isso antes”, explica Berwanger.
O medicamento utilizado é o Tofacitinibe, vendido pelo nome comercial Xeljanz, da farmacêutica Pfizer. “Resolvemos usar alguma medicação mais sofisticada para modular o sistema imunológico e evitar a exacerbação. Essa droga teve muito sucesso em artrite reumatoide e colite ulcerativa. É via oral, pode ser controlada.”
Berwanger alerta que, mesmo que os resultados se comprovem, o medicamento não deve ser tomado em casa. “É para ambiente hospitalar, onde a pessoa pode ser monitorada. Não é indicada para covid-19 e, se aprovada, será necessária prescrição médica, porque ela tem contraindicações.” O estudo, que teve início em outubro, será controlado por placebo, está sendo feito em 24 centros em todo o País e com pacientes acima de 18 anos. “Se a gente conseguir êxito, vamos reduzir a mortalidade e a necessidade de suporte de oxigênio mais intenso.” Os resultados devem ser publicados até março.
O estudo Stop Covid é uma colaboração entre ARO Einstein e Pfizer, e inclui a participação da Coalizão Covid-19 Brasil, que, além do Einstein, reúne outros cinco hospitais – HCor, Sírio-Libanês, Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz e BP, além do BCRI e da Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet).
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