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Especialista do HU-UFSC fala dos desafios da nutrição clínica de pacientes com Covid-19

Evolução rápida da doença, com perdas nutricionais e enfraquecimento, é um dos desafios dos profissionais

• Atualizado

Redação

Por Redação

Foto: Pixabay
Foto: Pixabay

Um dos desafios da equipe multidisciplinar, no atendimento aos pacientes com Covid-19, é a evolução rápida da doença, com o comprometimento do estado nutricional decorrente da falta de apetite, perda de olfato e paladar, febre, diarreia e até mesmo da necessidade de suporte de oxigênio complementar e demais aparatos para respirar. Para enfrentar esta situação, os nutricionistas clínicos têm papel fundamental, procurando recuperar o estado nutricional e fortalecer o sistema imunológico.

“O paciente com Covid é muito instável, perde peso muito rapidamente, sendo que muitas vezes tem a necessidade de suplementação e um aporte maior de nutrientes. Nosso desafio é fazer com que se recupere o mais breve possível e tenha sua imunidade restabelecida com este suporte nutricional”, explica a nutricionista clínica do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh), Ana Cristina Mendes Garcez.

Segundo ela, além das necessidades nutricionais, a atenção especial para o paciente com Covid tem um aspecto emocional. “Com as restrições impostas pela pandemia em relação aos acompanhantes e visitantes, a atenção do profissional se faz necessária. Procuramos oferecer uma alimentação saudável, saborosa, de acordo com as preferências do paciente (quando possível), pois é uma forma de conforto nesse momento difícil pelo qual está passando”, afirma.

A profissional explicou que não existe uma alimentação específica para o paciente contaminado se não houver uma comorbidade além da Covid. “Há alguns casos, quando paciente é diabético ou hipertenso, por exemplo, que a alimentação é focada também em sua doença de base. No caso específico da Covid o que muda é a suplementação, que fornecemos por ele ter muita perda nutricional no período. A alimentação segue o nosso cardápio, de acordo com a necessidade de cada paciente, procurando adaptar às suas preferências”, descreve.

Os pacientes que recebem alta são orientados a manter uma alimentação saudável, em horários regulares, com ingestão de nutrientes essenciais, com objetivo de fortalecer o sistema imunológico e o estado nutricional. Além disso, é importante manter uma dieta hiperproteica, com ovos, carnes magras e peixe, leites e derivados, sementes como nozes e castanhas, bem como uma dieta hipercalórica com cereais integrais, raízes e tubérculos como aipim, batata doce e inhame, e rica em antioxidantes, com vegetais, hortaliças, frutas e temperos naturais.

Em relação à falta de paladar, um dos primeiros sintomas relatados pelos pacientes contaminados com o coronavírus, Ana Cristina disse que tem observado que, embora este quadro seja uma constante, ao se recuperarem e serem estimulados, muitos pacientes voltam a aceitar melhor os alimentos.

A nutricionista explica que a maior limitação dos pacientes em se alimentarem adequadamente é a falta de ar, o que faz com que precisem de suporte de oxigênio, por cateter ou máscara. “A evolução da doença é rápida; em questão de minutos o paciente piora e sua alimentação precisa sofrer uma adaptação de consistência para permitir uma melhor aceitação ou até mesmo é suspensa. Mas quando ele está se recuperando, sem necessidade desse suporte, é muito gratificante ver a satisfação dele, a vontade de se alimentar, o prazer de poder receber um alimento que gosta”, conclui.

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