Anvisa analisa liberação de autoteste e infectologista afirma: “é preciso cautela”
Para Ana Helena Germoglio, a população precisaria ser treinada para não correr o risco de dar um falso-negativo
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A alta demanda de contaminados pela covid-19 voltou a lotar hospitais, laboratórios e clínicas médicas no país. Entre 10 e 11 de janeiro, 150 mil brasileiros se submeteram à detecção da doença. A taxa de positividade ficou em 36,63%, a mais elevada desde o início da pandemia observada em um único dia. O levantamento foi realizado pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).
Diante do novo — ou velho — cenário, a possibilidade para a identificação da enfermidade dentro da própria casa virou pauta entre os órgãos de saúde. Nos Estados Unidos e na Europa, o autoteste já é realidade: o kit pode ser comprado em farmácias. O usuário coleta uma pequena amostra de sangue e segue as instruções do fabricante para descobrir se está ou não com o vírus.
No Brasil, a autotestagem está em discussão na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Pelas regras, o Ministério da Saúde deve propor uma política pública para liberar o exame ao público leigo. Atualmente, são permitidos autotestes de diabetes, de HIV e de gravidez.
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Na avaliação da infectologista Ana Helena Germoglio, já poderíamos usar a tecnologia, porém com cautela. “Apesar de ser uma tecnologia muito bem-vinda, precisa ser muito assertiva. A população precisa ser treinada, sob o risco de uma pessoa contaminada, ainda na fase transmissível, fazê-lo de forma errada, ter um resultado falso-negativo e sair transmitindo [coronavírus]”, explica em entrevista ao SBT News.
Avanço na ciência
Entretanto, a especialista avalia como positiva a análise domiciliar. “É um exame de rápido diagnóstico. O resultado sai em 15 minutos. Esse tipo de teste pode ser feito em sequência, pois indica se no momento o indivíduo está ou não com o doente. Isso possibilita a quebra na cadeia de transmissão, principalmente diante do cenário atual, de escassez nos insumos”, detalha.
Outro ponto levantado pela profissional da saúde considera a notificação oficial dos testes, já que a covid-19 necessita dos dados para a criação de estratégias de combate à doença. “Se a gente não mensura a quantidade de casos positivos, podemos incorrer no erro de achar que a pandemia já está controlada, com a falsa sensação de estar tudo bem”, pontua.
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A solicitação à Anvisa foi realizada pela Saúde no dia 13 deste mês. A intenção é fornecer um complemento ao Plano Nacional de Expansão da Testagem, o PNE-Teste. Por ser mais rápido, o exame faria parte de uma estratégia de triagem para o tratamento da doença.
Ainda de acordo com a entidade, a medida pode diminuir a sobrecarga dos serviços de saúde, reduzindo a espera por atendimento, além de melhorar a assistência aos infectados.
Em sessão nesta semana, a Anvisa optou por solicitar mais informações à Saúde sobre qual política pública será adotada para o uso do teste no Brasil. Um novo encontro será realizado no prazo de 15 dias.
Em comunicado, a agência “reconhece” a importância da autoanálise para ampliar o acesso aos testes, mas ressalta que os “itens faltantes” precisam ser avaliados.
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