Os avanços e desafios de SC frente aos desastres
Não trago uma manchete sensacionalista, mas sim uma reflexão para olhares mais profundos e conexos sobre os desastres e seus atores.
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Provavelmente você não vai ler este texto. Não trago uma manchete sensacionalista nem um conteúdo em busca de cliques. Aqui faço um relato de fatos.
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Fatos estes que precisam ser reconhecidos e compreendidos antes de apontar culpados, motivos ou desculpas. O que trago aqui é uma reflexão para olhares mais profundos e conexos sobre os desastres e seus atores.
No início de 2007 fui convidada a assumir a comunicação da Defesa Civil de Santa Catarina. O setor não existia. Não tinha sala, nem equipamentos. Aprimorar a comunicação foi uma aposta do então diretor, o coronel Márcio Luiz Alves. O prédio era antigo, com poucos equipamentos e uma equipe enxuta, porém capacitada.
Aprendi nesse tempo a máxima de que em desastres devemos pecar pelo excesso e nunca pela falta. E foi nesse sentido que começamos um projeto que visava ir além das respostas adequadas aos eventos adversos. O foco era a prevenção.
Um ano depois, Santa Catarina enfrentou um dos maiores desastres da história. Enchentes e deslizamentos de terra, em novembro daquele ano, resultaram em 135 mortes, a maioria na região do Vale do Itajaí.
A magnitude da tragédia foi maior que a capacidade de resposta à mesma. Mas, o Estado tinha um plano de contingência, as equipes sabiam o que fazer. Com a onda de solidariedade que ganhou o Brasil, Santa Catarina cresceu na adversidade.
Desde então, Estado, municípios e a população despertaram para um novo olhar no que diz respeito à Defesa Civil. A diretoria virou Secretaria de Estado. O prédio antigo ganhou uma moderna estrutura, com tecnologia de ponta e o investimento no aprimoramento dos serviços passou a integrar a prioridade dos governos.
Hoje, alertas são divulgados e enviados para o celular da população cadastrada a cada possibilidade de chuva forte. O Estado é capaz de atender às demandas dos municípios, quando necessário.
Mesmo diante desse cenário, na quinta-feira, 16, o alerta na intensidade das chuvas que assolaram algumas cidades não chegou.
A chuva extrema superou as previsões, que inicialmente indicavam volumes máximos de 50 a 70 mm. Os acumulados superaram 350 mm em poucas horas, provocando alagamentos, enxurradas e graves danos em pelo menos 11 cidades.
Segundo a equipe de meteorologistas da Defesa Civil do Estado, “os volumes de chuva e os impactos foram muito superiores ao previsto”, algo considerado atípico e que surpreendeu os profissionais.
Enquanto gestores repassavam informações sérias à população – destaco pelo menos três prefeitos que fizeram de suas redes sociais canais de comunicação essenciais: Topázio Neto (PSD), Juliana Pavan (PSD) e Alexandre Xepa (PL) -, alguns aproveitaram a tragédia para ganhar likes.
Enquanto as equipes, prefeitos e autoridades buscavam amenizar os danos e garantir o bem-estar da população, muitos saíram em busca de culpados. Outros estavam preocupados em saber se o governo aceitaria, ou não, apoio federal.
Em uma situação de emergência, como foram as chuvas da última quinta-feira, 16, a primeira resposta é o atendimento e salvamento das vítimas. A avaliação dos danos vem depois.
É a partir de agora, que as águas baixaram e que as equipes trabalham na limpeza e na avaliação das estruturas danificadas, que os prefeitos calculam os danos e prejuízos.
As 11 cidades em situação de emergência vão precisar do apoio do Estado e da União. A pauta ideológica não será mais relevante que o interesse do povo. E o povo há de cobrar. A imprensa também.
Por sua vez, Santa Catarina de fato vai precisar investir ainda mais na prevenção e qualificação de sua equipe técnica, que hoje, por exemplo, carece de quadro efetivo próprio. São avanços necessários.
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