Roberto Azevedo

O jornalista Roberto Azevedo tem 39 anos de profissão, 17 deles dedicados ao colunismo político. Na carreira, dirigiu equipes em redações de jornal, TV, rádio e internet nos principais veículos de Santa Catarina.


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Da Câmra de Vereadores

Sérgio Moro recebe o título de Cidadão Honorário de Joinville

Atuação como ex-juiz federal na cidade motivou a homenagem

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A Câmara de Vereadores de Joinville entregou, na manhã desta sexta-feira (27), o título de Cidadão Honorário ao ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e atual senador Sérgio Moro (União Brasil-PR). A homenagem tem a ver com a carreira de magistrado, pois Moro atuou entre 1999 e 2002 à frente da 3ª Vara Federal da maior cidade de Santa Catarina e foi primeiro juiz do juizado especial previdenciário, inaugurado em Joinville em 2002.

Durante a homenagem, Moro declarou em discurso (foto) que, além da grande honra de receber o título, que o fato da primeira filha ter nascido no Hospital Dona Helena, “faz essa cidade ter lugar sempre no coração”. O autor da proposta de conceder a honraria ao ex-juiz federal, que marcou época quando comandou o processo da Operação Lava Jato, em Curitiba, o vereador Ednaldo José Marcos, o Nado (Pros), citou alguns momentos do trabalho do então magistrado em Santa Catarina, como na desocupação da Ilha dos Remédios, em Balneário Barra do Sul; a interdição do aterro sanitário de Araquari; e o fechamento do canal do Linguado.

Motivo da homenagem é a ligação com a cidade

Na justificativa que levou à aprovação da homenagem, Nado explica que, embora tenha nascido e se formado em direito em Maringá (PR), Moro tem uma enorme ligação com Joinville. Talvez, por isso, o agora senador recorde de quando passava férias, em Balneário Camboriú, e os pais paravam na Cidade das Flores e dos Príncipes, como diz o hino do município, para comer a famosa empada Jerke (lê-se Iérque).

Moro também recorda de como foi o trabalho na cidade quando ainda era juiz. “Tive oportunidade de me ocupar com diversos casos, principalmente na área ambiental, envolvendo a Baía da Babitonga, envolvendo a questão do lixo aqui na região”, lembra. Na solenidade, estiveram presentes, entre outros, o senador Esperidão Amin (PP), o deputado estadual Maurício Peixer (PL) e o empresário ex-prefeito Udo Döhler (MDB).

Lava Jato ainda incomoda a biografia

Moro ganhou notoriedade nacional ao comandar o inquérito da Operação Lava Jato, que atacou a corrupção ao prender e condenar empresários, políticos e até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foram dias de glória da chamada “República de Curitiba”, iniciados em 2012, que, com o passar dos anos, se transformaram em questionamentos à postura de Moro e do ex-procurador da República Deltan Dallagnol, que comandava a força-tarefa do Ministério Público Federal. Dallagnol perdeu o mandato de deputado federal recentemente por ter, conforme a decisão do TSE, se aproveitado da candidatura para escapar de processos administrativos que correm contra ele no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

A denúncia de que Moro e Dallagnol combinaram ações, o que é vedado na relação entre Judiciário e Ministério Público, rende mais do que comentários maldosos dos aliados de Lula, que foi solto depois de todas as provas contra eles terem sido anuladas e o caso retornar à análise do Judiciário Federal, justamente por irregularidades processuais na Lava Jato. Em setembro passado, o corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, determinou a instauração de reclamação disciplinar contra o ex-juiz da 2.ª Vara Criminal de Curitiba, Sérgio Moro, os desembargadores federais Loraci Flores de Lima, João Pedro Gebran Neto e Marcelo Malucelli, e a juíza federal Gabriela Hardt, todos do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).

Segundo relatório parcial da correição e análise de processos inspecionados, “encontrou-se uma gestão caótica no controle de valores oriundos de acordos de colaboração e de leniência firmados com o Ministério Público Federal e homologados pelo juízo da 13.ª Vara Federal de Curitiba”. Esta é uma das tantas avaliações críticas do Judiciário sobre a atuação do juiz Moro.

Saída foi seguir a carreira política

Moro ingressou na política depois de pedir exoneração da função de juiz federal, quando aceitou o convite do ex-presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) para ser ministro da Justiça e Segurança Pública, em 2019, com o claro objetivo de ser indicado ministro do Supremo Tribunal Federal.

Moro chegou a cair em desgraça junto aos eleitores e admiradores bolsonarista por ter denunciado uma suposta interferência do ex-presidente na Polícia Federal e se elegeu, mais tarde, senador pelo Paraná pelo União Brasil (partido surgido da fusão entre PSL e DEM). Moro se reaproximou de Bolsonaro, já no PL, antes do segundo turno da eleição presidencial de 2022. Hoje, é um dos maiores aliados do ex-presidente no Congresso.

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