Sem avanços, senadores brasileiros dizem que azeitaram a relação com colegas dos EUA
Missão oficial mostrou os impactos da taxação a empresários e parlamentares norte-americanos
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Uma coletiva, em Washington, que se encerrou por volta as 12h05, horário de Brasília, marcou o fim do trabalho da missão oficial de senadores brasileiros, entre eles Esperidião Amin (PP-SC), que abriu o diálogo com empresários e senadores norte-americanos para buscar o canal de negociação com os Estados Unidos para postergar a entrada em vigor dos 50%, tarifaço determinado pelo presidente Donald Trump.
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A pauta que aumenta a taxação dos produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos foi o objeto da ação dos senadores, comandados pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores, Nelsinho Trad (PSD-MS), mas nem mesmo o líder do governo Lula no Senado Jaques Wagner (PT-BA) considera que haja tempo hábil para mudar a entrada em vigor da taxação, nesta sexta-feira (1º).
Nas últimas horas, a missão do Senado brasileiro na capital norte-americana, focou nos legisladores norte-americanos. A comitiva brasileira se reuniu com sete senadores democratas, opositores de Trump: Martin Heinrich (Novo México), Ed Markey (Massachussets – Estado com a maior comunidade brasileira nos EUA, que reúne muitos catarinenses), Tim Kaine (Virginia), Mark Kelly (Arizona), Chris Coons (Delaware), Michael Bennett (Colorado), Jeane Shahhen (New Hampshire). Um senador republicano, do partido de Trump, Thom Tillis, da Carolina do Norte, também se encontrou com os parlamentares brasileiros. Tilis foi um dos críticos da lei fiscal aprovada recentemente e apelidada por Trump de “grande e belo orçamento”.
“Cada parlamentar visitado vai receber a implicação desta medida no Estado que ele representa. Desta forma, com este conteúdo, a gente entende que racionalmente que ele poderá ser convencido que esta é uma medida perde-perde”, disse Trad, enquanto a senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura de Jair Bolsonaro, disse que o sentimento é de “missão cumprida” por azeitar as relações com os senadores dos EUA.
A missão do oito senadores convidou um a um os senadores norte-americanos com quem tiveram um diálogo para visitarem o Brasil, para melhorar a visão sobre o país e avaliarem o prejuízo do tarifaço de Trump que compromete mais de 200 anos de parceria entre as duas nações.
Senador dos EUA contestará a tarifa
O senador da Virgínia, Tim Kaine, informou a jornalistas que vai contestar a tarifa imposta ao Brasil assim que a Casa Branca enviar ao Congresso a comunicação legal para a taxação. Na semana passada, uma autoridade da Casa Branca confirmou ao SBT que o governo norte-americano prepara um texto para justificar a tarifa, previamente anunciada ao Brasil por carta enviada ao presidente Lula.
Em resposta ao SBT, o porta-voz do senador Martin Heinrich comentou o encontro com a missão brasileira. “Como o Brasil continua sendo um dos principais parceiros internacionais do país, o senador Heinrich enfatizou a importância de promover laços econômicos fortes que beneficiem ambas as nações. Ele acredita que as tarifas devem ser intencionais e precisas – não políticas genéricas que elevem os custos para as famílias do Novo México. O senador Heinrich se mantém comprometido a colocar as famílias primeiro e isso começa com a redução dos custos, não o aumento dos mesmos”.
Republicano preferiu não comentar sobre tarifaço
A reportagem do SBT também abordou no mesmo dia, no Senado, o republicano Ted Cruz sobre as tarifas impostas aos produtos brasileiros, mas Cruz não comentou o assunto.
Em uma entrevista a uma mídia norte-americana, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, declarou que itens que não são fabricados no país podem ter isenção de tarifas. Ele não mencionou qualquer país, mas citou alguns itens como manga, cacau e café, produto do qual o Brasil é o principal fornecedor para os norte-americanos.
Na justiça, uma importadora de suco de laranja – produto do qual o Brasil é o maior exportador mundial – questiona a tarifa definida pela equipe técnica da Casa Branca.
Trump de volta a Washington DC
Na terça-feira (29), Donald Trump voltou à Casa Branca da viagem que fez à Escócia. O Republicano fez uma parada não usual entre o gramado Sul, onde o helicóptero Marine One pousou, e o escritório. Trump comentou sobre o tiroteio em Nova York que deixou quatro mortos, falou sobre Ucrânia e Coreia do Sul, mas não citou o Brasil.
Na segunda-feira (28), o presidente dos Estados Unidos disse que, para os países que não fecharam um acordo sobre as tarifas, o percentual médio será entre 15 e 20%. Mas também declarou que, sem acordo, as tarifas começam a valer no dia 1º de agosto, ainda mais em relação ao Brasil onde a pauta de Trump não é só econômica, tem o viés ideológico e político, onde pede o fim do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, no STF, proposta inexequível.
*Com informações do SBT News.
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