Roberto Azevedo

O jornalista Roberto Azevedo tem 39 anos de profissão, 17 deles dedicados ao colunismo político. Na carreira, dirigiu equipes em redações de jornal, TV, rádio e internet nos principais veículos de Santa Catarina.


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Eleições 2024

Resultado do 2º turno consolida o crescimento da direita e o declínio da esquerda

PSD, PP e União tiveram melhor desempenho que o PL

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O prefeito reeleito Eduardo Paes (PSD), do Rio de Janeiro, que conversa com a esquerda. Tânia Rêgo/Agência Brasil
O prefeito reeleito Eduardo Paes (PSD), do Rio de Janeiro, que conversa com a esquerda. Tânia Rêgo/Agência Brasil

O novo mapa da chamada geografia das urnas mostra que a direita, que cresceu significativamente nestas eleições municipais, está dividida, e que PSD e PP são os maiores representantes deste avanço ao contrário do que se supunha antes do pleito, quando a aposta era no crescimento do PL, que ficou em quinto lugar no número de prefeituras conquistadas. O MDB divide os holofotes, sendo a força do centro que, embora tenha perdido a hegemonia de eleger o maior número de prefeitos desde 1998, ficou em segundo e manteve-se na liderança ao lado do PSD nas capitais: cinco para cada sigla.

É evidente que a direita não está centralizada no bolsonarismo e no partido que o representa, o PL. Há fortes componentes que levam a deduzir que muitos admiradores e correligionários do ex-presidente Jair Bolsonaro não votam no PL, daí o crescimento do PSD, ironicamente criado da costela do DEM para dar sustentação ao então governo da petista Dilma Rousseff. Líderes do PL já sabiam disso antes e durante a campanha eleitoral, tanto que começaram campanhas contra o voto no PSD, a quem chamam de “novo inimigo”.

Sobre os relevantes resultados da direita ainda cabem análises sobre os desempenhos de PP, União Brasil e Republicanos, respectivamente, terceiro, quarto e sexto colocados em número de prefeitos. Deverão ser os mais procurados país afora para as alianças de 2026, ao lado dos emedebistas.

No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) venceu no primeiro turno com o apoio de Podemos, PRD, DC, Agir, Solidariedade, Avante, PSB, PDT e a Federação Brasil da Esperança (PT, PC do B e PV). Paes irá administrar a cidade pela quarta vez com uma ampla aliança que uniu direita e esquerda, um híbrido que irritou o PL. 

PSB teve melhor desempenho do que o PT

Partido do vice-presidente da República Geraldo Alckmin, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) está cada vez mais ao centro, mesmo que figure com o histórico de esquerda. Esta posição ainda ambígua o levou ao sétimo lugar no quadro das prefeituras em todo o país.

Parece razoável, mas é mais do que isso. O PSB serviu de apoio a candidatos do PT em muitas cidades.

Em Florianópolis, por exemplo, era cortejado pelo PSOL, do deputado Marquito, mas uma orientação nacional o fez ficar com os petistas de Vanderlei Farias, o Lela, tudo por conta de Alckmin ser o vice de Lula. Só que, ao final do segundo turno, o PSB fez mais prefeituras do que o PT, ficou em sétimo lugar, enquanto o partido de Luiz Inácio Lula da Silva amargou um nono lugar no quadro geral.

Evidentemente, a esquerda terá que se reinventar, tentar recuperar o espaço e atualizar o discurso. O caminho natural é buscar alianças com partidos mais ao centro, se é que estas siglas aceitarem, para reoxigenar um comportamento político que pode desidratar ainda mais, principalmente entre os mais radicais.

Orçamento secreta faz a diferença, mas não é tudo

Há muitas análises que reputam ao domínio do orçamento secreto, aquele questionado no Congresso até pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a vitória e ascensão de partidos como PSD, MDB, PP e União Brasil. Parte desta situação deve ser dada como verdadeira, no entanto cabe avaliar que, sem o trabalho de busca do voto, sozinho este fator não prevaleceria.

Um nome à altura e a capacidade de fazer alianças têm peso nas composições que levam à vitória. A necessidade de uma Reforma Política também. Já não é mais crível se imaginar uma evolução democrática com 29 partidos registrados na Justiça Eleitoral. Um grande trabalho de fusões e o agrupamento em federações resolveria, em parte, a amplitude que não é ideológica ou política, e que, na maioria das vezes, só atende aos interesses de um grupo político ou até de uma pessoas.

Veja como ficou o quadro de prefeituras conquistadas:

PSD 887 (5 capitais)
MDB 855 (5 capitais)
PP 747 (2 capitais)
União 583 (4 capitais)
PL 516 (4 capitais)
Republicanos 437 (1 capital)
PSB 309 (1 capital)
PSDB 273 (nenhuma capital)
PT 252 (1 capital)
Outros 674

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

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