Roberto Azevedo

O jornalista Roberto Azevedo tem 39 anos de profissão, 17 deles dedicados ao colunismo político. Na carreira, dirigiu equipes em redações de jornal, TV, rádio e internet nos principais veículos de Santa Catarina.


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Eleições 2022

Repercussão negativa fez Bolsonaro pedir desobstrução

Radicalização nas rodovias gerou prejuízos na economia

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Imagem Ilustrativa. Reprodução | Primeiro Impacto SC
Imagem Ilustrativa. Reprodução | Primeiro Impacto SC

O vídeo divulgado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), na noite desta quarta (2), nas redes sociais, foi motivado pela pressão que setores da economia começaram a relatar por conta de prejuízos no abastecimento, de alimentos a combustíveis, de remédios a matérias-primas, além o transporte de passageiros de enfermos, resultado negativo dos bloqueios feitos por manifestantes em rodovias de todo o país, um desgaste a mais depois da derrota nas urnas por muito pouco.

O pedido absolutamente claro do presidente para que os apoiadores desobstruam as estradas vem acompanhado da péssima repercussão até mesmo entre outros bolsonaristas que igualmente não aceitam o resultado da eleição.

Parte dos apoiadores do presidente já entenderam que o preço a pagar, inclusive com a alta da inflação, é muito maior do que reconhecer a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), demonizado pela narrativa dos conservadores, que teve a vitória no pleito reconhecida pelos demais poderes, organismos internacionais e líderes das nações mais influentes do planeta.

Bolsonaro avalia o cenário de um fim de governo, nos dois meses que faltam, com seríssimos reflexos no bolso da população, uma escalada de violência que já começa a ser verificada em alguns pontos interrompidos nas rodovias, a falta de efetivo para que a Polícia Rodoviária Federal possa cumprir decisões judiciais e as eventuais consequências para o chefe do Executivo, caso não consiga deter manifestantes fora de controle.

Assista ao vídeo de Bolsonaro:

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Manifestação nas cidades foi o contraponto no Dia de Finados

As centenas de milhares de pessoas vestidas de verde e amarelo que foram às ruas no feriado mostraram que eventos ordeiros nas cidades têm mais força que impedir pessoas de ir e vir.

Embora alguns rogassem, em frente a quartéis, por uma intervenção constitucional ou militar, que sequer consta do tal artigo 142, da Constituição Cidadã, de 1988, direcionado apenas a regular da atividade nas três forças: Marinha, Exército e Aeronáutica.

Bolsonaro ainda corre o risco de não ter seu pedido de desobstrução das rodovias atendido, caso o grau de radicalização de alguns manifestantes tenha virado a motivação para os protestos, muito mais do que o antipetismo.

Protestos de 2013 e 2021 explicariam reação dos bolsonaristas

Os apoiadores descontentes de Bolsonaro seguem o mesmo roteiro os seguidores do então presidente republicano Donald Trump, em 2021, que usaram as narrativas de que o sistema eleitoral norte-americano, baseado em cédulas de papel, era falho e que houve fraude na escolha, sem nunca apresentar provas.

Centenas deles tentaram impedir a oficialização da vitória do democrata Joe Biden, que precisava ser oficializada pelo Congresso – no Brasil, este ato é determinado pelo Tribunal Superior Eleitoral -, episódio que redundou na invasão do Capitólio e pelo menos cinco mortes, mais quatro agentes de segurança que se suicidaram para evitar o ataque da turba.

Em junho de 2013, uma série de manifestações gigantescas, gerada pelo protesto pelo aumento de tarifas de ônibus, redundou na maior catarse da história política do país, varrendo cidades com milhões de manifestantes nas ruas, que bradaram contra a corrupção, nos ainda primeiros passos da Operação Lava Jato, mas não impediram a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), no ano seguinte.

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