Preconceito e lobbies impedem o aumento da bancada de SC na Câmara
Cálculo é previsto em lei com base no Censo, desde 1993
• Atualizado
Santa Catarina deveria ter mais quatro cadeiras na Câmara dos Deputados, seriam 20 deputados em vez dos atuais 16. O problema é fazer com que Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Piauí e Paraíba, Pernambuco e Alagoas admitam reduzir suas bancadas, já que não há maneira de fazer as mudanças e abrigar novos representantes entre as 513 vagas na casa legislativa, o que torna a ideia impraticável pela força destes estados, um deles do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL).
A quantidade de habitantes de um Estado serve de base para estabelecer o número de cadeiras de deputados na Câmara dos deputados e a cada divulgação do Censo Demográfico pelo IBGE, o cálculo deveria ser feito, tanto para acrescentar novos representantes, como é o caso de Santa Catarina, quanto para determinar a diminuição de cadeiras. O mesmo critério cabe para o número de cadeiras na Assembleia Legislativa. Não deu certo no Censo de 2010, onde os catarinenses teriam um deputado federal a mais e mais uma cadeira de deputado estadual, mas nem o Tribunal Superior Eleitoral nem o Supremo Tribunal Federal quiseram chancelar a alteração.
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O número é estabelecido por uma equação onde o número de habitantes do Estado, 7.609.601, é dividido pelo Quociente Populacional Nacional (QPN), 395.711,5009746589 (resultado da divisão dos 203.062.512 brasileiros contados pelo IBGE pelas 513 vagas de deputado federal). Assim, o resultado seria de 19,22425402, chamado de Quociente Populacional (QPE), que só considera números inteiros, significaria mais quatro cadeiras para a bancada federal catarinense, pleito inclusive defendido pelo deputado estreante Rafael Pezenti (MDB). A Assembleia também ganharia o mesmo número de novos deputados estaduais, quatro parlamentares, na próxima legislatura.
Deputado emedebista levantou a polêmica
Pezenti levantou uma voz por entender que os sete estados que perderiam vagas têm hoje 172 deputados e os estados cujas bancadas cresceriam somam 141 votos e outros 200 são de unidades da federação que não teriam mudanças no tamanho. A questão está em conseguir o apoio no Congresso e convencer a população. Quem reclama ou crítica não considera que o Estado ganharia força nas decisões, assim como no âmbito da Assembleia deputados passariam a defender pleitos regionais mais amplamente.
Os eleitores facilmente são envolvidos pela falácia de que não necessitam de mais representatividade, sejam vereadores, deputados estaduais e federais, taxados como responsáveis por gastos públicos e pelo excesso de vantagens. Em parte, a população tem razão, os maiores culpados pela imagem negativa são os parlamentares, que, volta e meia, criam armadilhas como subvenções para determinados cargos e exageram no número de assessores, mais as despesas com passagens e diárias que os colocam no “Olimpo” da sociedade, comparados à média salarial de quem lhes confere o voto.
O problema é que quanto menor a representatividade, de uma Câmara de Vereadores, por exemplo, maior é a concentração de poder e a perda de espaços preciosos para regiões de um município. Avaliem então em termos de Estado, pois é natural considerar que nunca teremos força suficiente e ficaremos subjugados à condição de Estado de segunda categoria no Congresso Nacional por um critério constitucional não estar sendo respeitado.
Quem perderia cadeiras de deputados
Estado | Quantidade de deputados |
Rio de Janeiro | quatro cadeiras a menos |
Bahia | duas cadeiras a menos |
Rio Grande do Sul | duas cadeiras a menos |
Piauí | duas cadeiras a menos |
Paraíba | duas cadeiras a menos |
Pernambuco | uma cadeira menos |
Alagoas | uma cadeira a menos |
Quem ganharia cadeiras de deputados
Estado | Quantidade de deputados |
Santa Catarina | quatro cadeiras a mais |
Pará | quatro cadeiras a mais |
Amazonas | duas cadeiras a mais |
Minas Gerais | uma cadeira a mais |
Ceará | uma cadeira a mais |
Goiás | uma cadeira a mais |
Mato Grosso | uma cadeira a mais |
Quem ficaria com as bancadas atuais
Distrito Federal, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Sergipe, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Amazonas, Roraima, Rondônia e Acre não perderiam cadeiras na atual bancada.
O número de cadeiras por Estado não é alterado desde dezembro de 1993, ano em que ocorreu o último redesenho das vagas na Câmara a partir da aprovação de uma lei complementar. Não houve atualização do tamanho das bancadas a partir dos dados dos Censos de 2000 e 2010, mesmo que seja previsto em documento legal.
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