Roberto Azevedo

O jornalista Roberto Azevedo tem 40 anos de profissão, 18 deles dedicados ao colunismo político. Na carreira, dirigiu equipes em redações de jornal, TV, rádio e internet nos principais veículos de Santa Catarina.


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Geopolítica dos EUA

Por que teorizar sobre as diferenças entre Trump e Lula se este assunto está resolvido

Questão ideológica fica atrás das parcerias comerciais

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Reprodução/Redes Sociais
Reprodução/Redes Sociais

Donald Trump (Republicano) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estão fadados a estarem em lados opostos da história: nem o novo presidente norte-americano, no segundo mandato, mudará suas ideias de direita nem o presidente brasileiro, no terceiro mandato, deixará de seguir a cartilha da esquerda. Portanto, o assunto ideológico está resolvido para alegria dos conservadores apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), que apostam na influência de Trump para alavancar uma vitória, em 2026, a definir quem será o nome da direita, projeto que parece ter o apoio de Lula, em função dos recentes tropeços.

No campo comercial, a ameaça de taxação de produtos do Brasil pelos Estados Unidos está muito mais direcionada à proposta de criação de uma moeda alternativa para substituir o dólar, surgida entre os BRICs (Brasil, Rússia, Índia China e África do Sul, mais os novos integrantes), que invariavelmente têm negócios com os norte-americanos. Ocorre que, no contexto econômico global, os brasileiros são tão aliados políticos quanto nos negócios do país de Trump, nosso segundo maior parceiro comercial, pouco importa o inquilino da Casa Branca.

O Brasil é um fornecedor de commodities e de matéria-prima aos Estados Unidos, e, em 2024, exportamos US$ 40,6 bilhões, um aumento de 6,9% em relação a 2023, e importamos US$ 40,6 bilhões, de quem compramos produtos de valor agregado. O câmbio sempre favoreceu os norte-americanos, enquanto as “guerras” de Trump apontam para a China que avança sobre produtos da terra do Tio Sam, com a agora obsessão de impedir a “tomada” do Canal do Panamá pelos asiáticos, ou à Rússia, com sua ameaça militar e nuclear.

A balança geopolítica de Trump tem foco comercial e o tom ameaçador está mais voltado a cobiçar a gigantesca Ilha da Groenlândia, do que atrapalhar a parceria exitosa com empresas e fornecedores brasileiros, permeada por inúmeros negócios que os norte-americanos operam no Brasil. Basta ver como Lula se comportou na primeira reunião ministerial de 2025, com palavras protocolares de sucesso ao presidente dos Estados Unidos da América e o anúncio de que “não quer briga com ninguém”.

Lula durante a primeira reunião ministerial de 2025. Ricardo Stuckert/PR

A única batalha que não cessa é nas redes sociais

Imbuídos de manter a polarização, Lulistas e bolsonaristas/trumpistas têm se digladiado nas redes sociais, uma batalha sem trégua recheada de desinformação. Como o governo Lula se comunica mal, ponto para seus adversários.

Mas sem Bolsonaro, que ainda precisa reverter a inelegibilidade até 2030, os conservadores terão, mais ou cedo ou mais tarde, de buscar uma definição no próximo um ano e meio, período em que não só as armas, mas os combatentes, devem estar definidos para a próxima eleição presidencial. Trump foi um combustível e tanto para a direita mundial, embora tenha cumprido as solenidades da transmissão de cargo que se recusou a fazer, em 2021, ou seja possui um grau de maleabilidade.

No discurso, o presidente dos EUA se notabiliza por defender uma série de teorias da conspiração que não vêm acompanhadas de provas que as sustentem. É o mesmo de sempre, que atrai seguidores e antagonistas na mesma proporção, por isso dará prioridade às questões internas de seu país e ao combate de imigrantes ilegais, vindos do México, depois de enfrentarem desventuras para atravessar boa parte de América do Sul e toda a América Central.

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