Roberto Azevedo

O jornalista Roberto Azevedo tem 39 anos de profissão, 17 deles dedicados ao colunismo político. Na carreira, dirigiu equipes em redações de jornal, TV, rádio e internet nos principais veículos de Santa Catarina.


Economia Compartilhar
Visão global

Por que Chile e Peru interessam a empresários e ao governo de SC

Uma rota para o Oceano Pacífico virou necessidade para o comércio e ao turismo

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O presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, discursa durante o evento no Chilen. Maíra Linhares/Fiesc
O presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, discursa durante o evento no Chilen. Maíra Linhares/Fiesc

A integração com países da América do Sul sempre pôs Santa Catarina a um passo à frente das demais unidades da federação brasileira e dois focos na recente viagem a Santiago (Chile) de uma comitiva liderada pela Federação das indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) e pelo governo do Estado abre outras frentes diante de um objetivo que se torna crucial: encontrar parcerias para a rota comercial pelo Oceano Pacífico. Enquanto a missão empresarial denominada “SC Day” visava rodadas de negócios com empresas chilenas, para mostrar o potencial do Estado, tanto no comércio quanto nos investimentos com aquele país, a parte governamental centrou em buscar novas linhas aéreas, via Latam, que não só contemplem mais voos diretos entre Santiago e Florianópolis, como abram uma nova porta para Lima, no Peru.

Nos dois casos, tanto Mario Cezar de Aguiar, presidente da Fiesc, quanto o governador Jorginho Mello (PL), sabem que a possibilidade de ligar Santa Catarina ao Pacífico significa estar mais próximo, ao mesmo tempo, de menor distância entre os produtos catarinenses e a atividade turística da Oceania (Austrália e Nova Zelândia), do Oriente (China, Japão e Coreia do Sul) e da Costa Oeste dos Estados Unidos. A rota sempre foi um grande desafio, a do Corredor Bioceânico, que, em uma das propostas, interligará, via rodoviária e ferroviária, Santa Catarina e Rio Grande do Sul ao Porto Coquimbo (Chile), depois de passar por Córdoba (Argentina).

O maior leque de oportunidades antevisto pelo Corredor Bioceânico não é um desejo isolado dos estados do Sul, tanto que um passo significativo foi dado, a partir de 2023, quando o governo federal e o governo paraguaio intensificaram a ligação entre Porto Murtinho, no Brasil, a Carmelo Peralta, no Paraguai, com a Ponte Bioceânica. A obra está com 62% dos trabalhos concluídos e o objetivo, além, de propiciar que os produtos do país vizinho ganhe uma saída pelo Oceano Atlântico, que os produtos brasileiros cheguem ao Pacífico. Há outras três rotas com o mesmo foco, saindo das regiões Norte e Nordeste.

Em Santa Catarina, um das possibilidades é ligar o Estado pela Serra da Rocinha, a BR-285, ao Rio Grande do Sul e depois à Argentina e ao Chile. Anos de espera devem ganhar aceleração nos próximos 10 anos.

Fiesc levou 23 empresas ao Chile

O SC Day propiciou a aproximação entre 23 indústrias catarinenses e representantes de empresas chilenas, também representadas Sofofa (Federação das Indústrias do Chile). Para o presidente da Fiesc, Santa Catarina e o Chile têm em comum: economia globalizada, proximidade geográfica, relação bilateral histórica e infraestrutura portuária.

Aos investidores chilenos, o presidente da FIESC observou que 8 das 10 principais empresas de alimentos do Brasil estão em Santa Catarina; o estado é o maior exportador nacional de papel kraft e recipientes de papel e o 6º maior produtor de papel e celulose do Brasil. Além disso, SC é o 2º maior produtor e exportador de equipamentos elétricos do país, o 2º maior  exportador nacional de compressores e motocompressores e o 4º maior produtor de máquinas e equipamentos do Brasil. O embaixador do Brasil no Chile, Paulo Roberto Soares Pacheco, participou do evento e salientou que a iniciativa vai contribuir para dinamizar ainda mais as relações comerciais e os investimentos entre SC e o Chile.

Entre os representantes de indústrias presentes no SC Day estiveram: Alceu Lorenzon (Alcaplas), Adams Marcacini (WEG), Carl Heinz (Duas Rodas), Claudimar Bortolin (Torfresma), Eduardo Vasconcelos (Whirlpool), Eliel Burigo (Potenza), Fernando Oenning (Granaço), Guilherme Francisco Guarato (Bremer), Gilberto Tomazoni (JBS), Geovani Oliveira (Multikit), Jaciel Schmidt (Bovenau), Jose Ribas e Fabio Pinto (Seara Alimentos), Luis Gonzaga (C-Pack), Lino Rohden (Grupo Rohden), Luis Stramosk (Metalurgica Riosulense), Maitê Lang (Nugali Chocolates), Marcelo Taschek (Buddemeyer),  Manuel Pires (Okean Yacht), Neivor Canton (AuroraCoop), Ricardo Gesse (Floripa Airport), Reimar Boldt (Boldt), Thiago Fretta (Aludim Alumínio), Thomas Auler (Kraper) e Victor Odebrecht (Cassava).

Números favoráveis na exportação

Dados da Fiesc mostram que, no primeiro semestre de 2024, a corrente de comércio entre Santa Catarina e Chile foi de US$ 1,28 bilhão (mais de R$ 5 bilhões). As exportações catarinenses (US$ 218,34 milhões, mais de R$ 1 bilhão) são lideradas pelo segmento de alimentos e bebidas, com carnes de suínos e de aves liderando a pauta exportadora, junto com motores elétricos e papel Kraft.

Do lado das importações (US$ 1,06 bilhão, cerca de R$ 5 bilhões), insumos como o cobre – utilizado na fabricação de motores elétricos e compressores – e o minério de molibdênio – usado em produtos de siderurgia – lideram o ranking. Na lista dos principais produtos comprados por SC também estão peixes frescos, minerais como flúor, cloro e bromo, além de vinhos e azeites. Em 2023, as exportações somaram US$ 582,46 milhões (R$ 2,5 bi) e as importações alcançaram US$ 1,8 bilhão (quase R$ 10 bi).

No campo defendido por Jorginho, a Latam anunciou recentemente voos entre Curitiba (PR) e a Capital da República e da Província de Lima. Por Florianópolis nesta rota, deve ser facilitado pela já existente.

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