Roberto Azevedo

O jornalista Roberto Azevedo tem 39 anos de profissão, 17 deles dedicados ao colunismo político. Na carreira, dirigiu equipes em redações de jornal, TV, rádio e internet nos principais veículos de Santa Catarina.


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Moradores em situação de rua

Por que a sociedade de SC está sentada em um barril de pólvora

Moradores em situação de rua tornaram-se um problema além da retórica de direita ou de esquerda

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Reprodução/Redes Sociais
Reprodução/Redes Sociais

Ninguém pode ficar indiferente à crescente crise de moradores em situação de ruas em nossas cidades, quadro bem longe da analogia de que Santa Catarina é um oásis de segurança em meio à violência instalada nos maiores estados e metrópoles brasileiras.

Nos últimos dias, convivemos com a injustificável transferência de pessoas em fila indiana, escoltadas por viaturas da Polícia Militar, de Itajaí par Balneário Camboriú; o esfaqueamento de um vendedor de paçoquinhas em Blumenau por um homem de 41 anos, diante da própria filha do autor, de apenas 2 anos; e de um chocante e brutal assassinato de um estudante, adolescente, de 17 anos, sob ataque de faca, no Largo da Alfândega, Centro de Florianópolis.

Todos os casos envolvem pessoas em situação de rua, um problema além da normalidade e sujeito a opiniões variadas sem uma solução plausível. O conservador pregará da eliminação sumária, que é crime, à internação compulsória, embora nem todos os casos sejam de pessoas dependentes de drogas; o progressista insistirá no discurso de que a população instalada nas vias públicas é vítima de um sistema perverso de divisão de renda, da sociedade, uma questão de direitos humanos, outra retórica sujeita a reparos sem uma porta de saída.

Entre os moradores em situação de rua há bandidos, gente com mandado de prisão em aberto, pessoas com doenças mentais como a esquizofrenia, abandonados por famílias ou que abriram mão deste convívio, e, é claro, usuários de drogas. Portanto, há remédios para todos esses males que não apenas criminalizar a situação que tem raízes muito complexas, além de simplesmente apagar incêndios pontuais depois de fatos lamentáveis.

Não há solução fácil para problema difícil, e este é crítico, passou dos limites. A pura retórica radical, que serve de discurso ideológico de um lado ou de outro, não resolve a situação no grau a que chegou, o da insegurança e da incomodação, do medo constante.

Que seja traçada uma estratégia múltipla para atacar a causa

O plausível é imaginar uma ação que reúna a estrutura do Estado, o envolvimento do governador Jorginho Mello (PL), dos prefeitos Topázio Neto (PSD), de Florianópolis; Orvino de Ávila (PSD), de São José; e Eduardo Freccia (PL), de Palhoça; e Salmir da Silva (MDB), de Biguaçu, só para citar a Grande Florianópolis, mas que deva envolver os prefeitos das maiores cidades do Estado e dos municípios satélites a elas. Polícias Militar e Civil, Guardas Municipais, Assistência Social, Saúde, Poder Judiciário e Ministério Público devem agir em conjunto para encontrar mecanismos e soluções para o grave problema social, que, por ora, é atacado apenas no efeito e não na causa.

Estamos todos sentados em um barril de pólvora, um caso de saúde e de segurança pública que está próximo perto da eclosão de atitudes radicais em cima de um reconhecível aumento do número de pessoas jogadas nas ruas, a pedir esmolas e a reagir aos que passam. Que o conceito de políticas públicas não seja usado em vão, não devemos admitir o simples empurrar da situação como se tratasse de algo a ser escondido, varrido para debaixo do tapete de nossa sociedade, enquanto famílias choram perdas irrecuperáveis. Já perdemos a oportunidade faz tempo.

Assista a reportagem:

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