O desabafo de Paulo Bauer diz muito sobre a condenação prévia no caso de denúncias
Ex-senador teve denúncia sobre corrupção arquivada pelo TRE de SC
• Atualizado
Em 2018, o ex-senador Paulo Bauer (então no PSDB) aparecia como um nome viável para disputar o governo do Estado, com 30% dos votos, de acordo com as pesquisas, bem antes da onda Jair Bolsonaro (então no PSL) interferir na campanha eleitoral catarinense, quando uma denúncia da força-tarefa da Lava Jato o relacionou a um escândalo com propina de R$ 11,8 milhões, de acordo com a Polícia Federal e a Procuradoria da República.
Bauer foi apontado por aliados e adversários como corrupto, perdeu espaço político e ainda assim conseguiu concorrer à reeleição por uma aliança com o MDB, sem se livrar das suspeitas levantadas pela investigação mais ruidosa da história do país, que envolviam, no caso de que era investigado, empresas de engenharia e saneamento, um instituto de opinião pública, um escritório de advocacia e uma empresa de informática.
O que Bauer passou na denúncia que o ligava a um suposto esquema de propina foi a síntese do que muitos políticos e empresários enfrentaram ao longo dos anos quando estavam sob investigações: são automaticamente julgados pela sociedade como culpados, sem ser considerada a presunção de inocência. Na última quarta-feira (26), o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE) arquivou a denúncia que não encontrou provas em cinco anos, depois que havia passado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e, após um empate entre os ministros, foi parar até no TRE de São Paulo, antes de ser encaminhada à corte catarinense.
Post de Paulo Bauer nas redes sociais
Agora, o ex-senador, que também foi deputado federal por três mandatos (1991-1998, 2003-2007 e 2008-2010) e vice-governador (1999-2002), afirma, em post emocionado, que conviveu com a “Espada de Dâmocles” na cabeça, embora consiga respirar aliviado, enquanto reclama do fato da denúncia ter envolvido o grande amigo Péricles Prade, advogado e escritor, falecido recentemente. Bauer era investigado por suposta prática de corrupção e lavagem de dinheiro e, em 2020, deixou a função de assessor especial na Casa Civil do então presidente Jair Bolsonaro.
Hoje, depois de cancelar a filiação no tucanato, em março passado, atua na iniciativa privada, livrou-se de uma pecha, só que os prejuízos políticos e pessoais são irrecuperáveis, intangíveis.
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