Roberto Azevedo

O jornalista Roberto Azevedo tem 39 anos de profissão, 17 deles dedicados ao colunismo político. Na carreira, dirigiu equipes em redações de jornal, TV, rádio e internet nos principais veículos de Santa Catarina.


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Mudança histórica

Neuto de Conto e a história do “Milagre” do Plano Real, que faz 30 anos

Parlamentar era deputado federal e fez a relatoria da URV na Câmara

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O já ex-senador Neuto de Conto autografa o livro “O Milagre Real”. Moreira Mariz/Agência Senado/2011
O já ex-senador Neuto de Conto autografa o livro “O Milagre Real”. Moreira Mariz/Agência Senado/2011

Coube ao então deputado federal Neuto de Conto (PMDB), político catarinense que também seria senador mais tarde, fazer a relatoria na Câmara dos Deputados, em 1993, da famosa Unidade Real de Valor, a URV, primeira etapa na transição para a criação da nova moeda brasileira, o Real, que mudaria a história de hiperinflação e tropeços monetários do país. Neuto é o personagem que representa Santa Catarina na trajetória que completa 30 anos, neste dia 1º de julho, o Plano que mudou a perspectiva de um país, que chegou a conviver com gatilhos salariais mensais para compensar a inflação galopante, e, praticamente, institucionalizou o “overnight”, taxa de juros usada pelos grandes bancos para remunerar empréstimos interbancários de curto prazo, feitos à noite, que tentavam salvar recursos em um cenário de perdas constantes pelo investidor à época.

Neuto de Conto no plenário. Roosevelt Pinheiro/Agência Senado

Em fevereiro de 2011, o já ex-senador lançou na Biblioteca do Senado, o livro O Milagre Real, sobre a história do plano. Neuto de Conto faz comparações, críticas e mostra o porquê desse plano ter dado certo, enquanto outros fracassaram. Também fez um levantamento histórico e econômico sobre a questão monetária do Brasil desde a sua independência, em 1822.

Neuto de Conto assinala na obra que para a Coroa Portuguesa concordar com a independência da então colônia, pendurou no tesouro brasileiro a dívida que tinha com a Inglaterra. Foi onde tudo começou, especialmente a dívida externa brasileira. Desde então, declara o ex-senador, o Brasil já teve nove moedas diferentes, sendo as cinco últimas em apenas 12 anos (1986-1994) – Réis (1500 a 1942), Cruzeiro (1942 a 1964), Cruzeiro Novo (1967 a 1970), Cruzeiro (1970 a 1986), Cruzado (1986 a 1989), Cruzado Novo (1989 a 1990), Cruzeiro (1990 a 1993), Cruzeiro Real (1993 a 1994) e Real.

Reprodução/Paulo José Soares Braga | Brasil Escola

Em 334 dias, em 1993, 3.673% de inflação

Neuto recorda que, entre 1968 e 1998, o Brasil teve uma inflação acumulada de 970 trilhões por cento. Em março de 1990, a taxa de inflação alcançou 82% num único mês, estabelecendo um recorde. Apenas em 1993, o índice da inflação ultrapassou 2.700% e a última moeda antes do real, o cruzeiro real, existiu por meros 334 dias e acumulou inflação de 3.673%.

Ao revelar os bastidores da luta para aprovação do Plano Real, Neuto de Conto também tece críticas em seu livro e recorda o que cada partido disse a respeito, como PT que sempre foi contra à proposta, bem como a imprensa. Ele lembra que houve um grande esforço para desacreditar a ideia, mas enquanto todos os outros planos fracassaram, o Plano Real freou a inflação, estabeleceu metas anuais pelo Banco Central, que não deve ultrapassar os 4,5% este ano, além de garantir a estabilização da economia e um crescimento de 900 vezes do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

O Milagre Real foi editado pela Secretaria Especial de Editoração e Publicações (Seep) do Senado Federal. As informações sobre a obra são da Agência Senado.

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