Moisés projeta transição tranquila e avalia a eleição
Governador não define apoios no Estado e à Presidência
• Atualizado
O governador Carlos Moisés (Republicanos) admite que sentiu um alívio depois de passada a primeira parte da eleição, onde ficou fora do segundo turno e viu escapar a possibilidade de reeleição.
Moisés tem se dedicado a conversar com prefeitos e se encontrará com chefes dos demais poderes na Casa d’Agronômica, como fez com um grupo de jornalistas nesta terça (11), acompanhado da primeira-dama Késia, os coronéis Jorge Eduardo Tasca e Márcio Ferreira, os secretários João Cavallazzi (Comunicação) e Juliano Chiodelli (Casa Civil) e os assessores Maurício Locks, Leonardo Gorges e Márcio Serafini.
Mais solto que o trivial, Moisés avalia que a ‘segunda onda Bolsonaro’ – ele foi eleito pela primeira, em 2018, então no 17, do PSL – foi muito mais forte e efetiva do que a anterior. E que isso seria definitivo para uma eventual derrota, caso passasse para o segundo turno e viesse a enfrentar o 22, que traz a força do presidente, muito maior do que circunstancialmente o senador Jorginho Mello.
O governador não se posiciona sobre apoios no segundo turno, nem no Estado nem à Presidência, e antecipa os passos para entregar uma administração nos trilhos em 31 de dezembro.
A grande entrevista de avaliação ainda virá, por ora Moisés fez uma rápida conversa durante o encontro com os jornalistas, acompanhe em texto e em áudio:
SCC10 – Qual é a avaliação que o senhor faz sobre o resultado da eleição e o que poderia ter dado um resultado mais positivo para ir para o segundo turno?
CARLOS MOISÉS – Eu não considero uma derrota porque eu recebo com serenidade a escolha das urnas. Eu acho que isso é a democracia também. Só acho que talvez ela não esteja sendo vivida na sua plenitude por falta de informação das pessoas. Na verdade não houve uma derrota. Houve uma polarização da eleição. Em que pessoas votaram num número, não em pessoas. E isso é muito perigoso, obviamente. Tanto que tem muita gente que não conhece o candidato que está votando, né? E a gente percebe também que Santa Catarina não corresponde ao resultado de gestão.
Então não deram muita importância para eleição ao governo do Estado. A eleição ficou muito na mente das pessoas, centralizada na importância da eleição para presidente da República. Tanto que as pesquisas já indicavam isso, né? Que as pessoas se interessavam oitenta, noventa por cento em eleição nacional e o resto é resto. E aí óbvio que tem grande importância porque é o que define investimentos em saúde, em educação, em segurança pública.
E as pessoas votaram… Uma parcela a quem eu sou muito grato, né? Praticamente dezessete por cento dos eleitores, é quase que um empate técnico ali entre eu e o segundo colocado. Votaram no governador porque conheciam. E as pessoas disseram “não, eu reconheço o trabalho desse governo, o resultado do governo tá indo muito bem, por isso eu vou votar no governador Moisés”. Isso a gente recebe com muito carinho. É muito valorizado mesmo cada voto que aconteceu em nosso favor.
Mas houve uma polarização. Tem vários candidatos desconhecidos de Santa Catarina que foram eleitos nesse número. Talvez todos contra um ali. E há um exagero, inclusive, de votos em alguns candidatos. Não é nem resultado de um trabalho, mas sim de uma onda tanto da direita quanto da esquerda.
O que eu percebo é que precisa de um amadurecimento na democracia, que vai acontecer através da educação. Foi a nossa bandeira também, né? Uma escolha investir em educação.
Então eu recebo [o resultado] com serenidade. Acho que da forma como a conjuntura política estava se formando, não seria nem interessante. Seria muito difícil a gente continuar páreo ou até mesmo vir a ter um resultado positivo no segundo turno. Então eu recebi com tranquilidade o resultado que já estava previsto e programado para acontecer.
Penso que não poderia ter um resultado mais tranquilizador para a gente do que entrar numa disputa ainda muito polarizada, né? Ao mesmo tempo que a gente tem praticamente oitenta dias para continuar entregando até o dia 31 de dezembro.
SCC10 – O governo termina dia 31 de dezembro. Até lá, como vai ser essa sua atuação? Tem um cronograma já estabelecido?
MOISÉS – Temos. São tantas obras, tantas ações, que temos até dificuldade de participar de todas elas. Mas eu estou separando parte da minha agenda para estar nas cidades, para estar com os prefeitos. Essa semana eu participei de duas entregas importantes para Bombinhas, para o município de Penha, na área de segurança, caminhões novos… Que aliás foi uma demanda minha.
Eu dizia para os comandantes na época, tanto da polícia científica, polícia civil, polícia militar e bombeiros militares. ‘Olha, imagina se o meu período termina em quatro anos. Eu preciso que vocês me apresentem um grande projeto de investimento em segurança pública’. Parecia que eu estava profetizando. E efetivamente aconteceu. A minha tarefa, a minha missão terminou.
Eu fiz essa encomenda para eles em 2019. De 2019 ainda entrou a pandemia e eles fizeram os projetos. São mais de R$350 milhões de investimentos na segurança com recursos próprios dos catarinenses. E agora estão colhendo fruto com os materiais que estão chegando, os veículos, ambulâncias, caminhões, armamentos. É resultado de um trabalho programático, né?
Por isso eu valorizo muito a gestão e agradeço a oportunidade que eu tive lá em 2018. Mas houve uma onda em 2018. E agora houve uma segunda onda, que aliás todos apostavam que não haveria onda, que as pessoas votariam nas pessoas, que analisariam o candidato, a proposta do candidato. Mentira, isso não aconteceu, né? Se a gente colocasse qualquer desconhecido ou desconhecido aí com o número, seria eleito também. É uma pena para o processo democrático, mas a gente tem que aceitar, não é?
SCC10 – O senhor conversou já com o Décio Lima, com o Jorginho Mello? Porque vai haver daqui a alguns dias uma eleição, uma definição e vai ter que haver uma transição, né?
MOISÉS – Não, eu não conversei com os dois candidatos. Com o Décio eu já conversei. Eu desejei sorte, né? E eu coloquei à disposição, assim como também através de interlocutores a gente mandou a mesma informação para o Jorginho, na questão de que o governo precisa fazer uma transição.
E esse é o nosso papel. Enquanto governador, a gente não quer o ‘quanto pior, melhor’. Eu vou preparar tudo aqui para que se dê a continuidade dos projetos de médio, longo prazo do governo do estado. E que aquilo que a gente está fazendo, ou seja concluso até o final do ano, entregue efetivamente para as cidades, ou que o próximo governo, seja lá quem for eleito, faça as entregas para os catarinenses. Porque já houve investimento público.
Então nós vamos fazer uma transição digna para o próximo governador, para dar a ele todas as ferramentas e instrumentos para não ter desequilíbrio na gestão. Para que ele consiga arrancar já em 2023 a pleno vapor.
Bem diferente do Moisés de 2018 que pegou um estado com R$ 1,2 bilhão de déficit e uma dívida na saúde de R$750 milhões, que pagamos até o final de 2019 sem ajuda federal. É importante destacar que ela só veio na pandemia, enfrentamos a pandemia com os cofres equilibrados, já com superávit. Temos o melhor resultado do Brasil. Essa foi a minha grande missão como governador, a minha tarefa.
SCC10 – Como será Carlos Moisés a partir de janeiro de 2023?
MOISÉS – O Moisés volta a ter a sua vida, né? Que foi pendurada num cabide como a gente costuma dizer. Por esse período vou dar mais atenção para mim, para a minha família.
Durante o período de governo a gente acaba perdendo bastante o contato. A gente tenta, mas nem sempre as agendas se adequam. É muito intensa a vida de um governador. Então eu penso que a missão foi bem cumprida, com os melhores números e os melhores resultados da história do nosso estado, seja na segurança, seja na aprovação de contas, sem ressalva ou algo histórico. Mas que efetivamente não dá voto.
Obras, integridade, combate à corrupção, melhores resultados na pandemia, na segurança, na saúde dos catarinenses e também na educação. Em educação foi o maior investimento da história de Santa Catarina. Efetivamente precisam ter mais percepção das pessoas. As pessoas precisam acompanhar mais o que os gestores fazem na máquina pública.
É isso que resta de conclusão. De que efetivamente algo se perdeu e não é comunicação, não. Porque eu não acredito que se a falasse gente mais, as pessoas saberiam mais. Há uma falta de interesse em acompanhar decisões importantes, tanto que a eleição polarizou nacionalmente e as pessoas só se interessam por uma eleição nacional. Mas quem mais oferta serviços aos catarinenses, pasmem: são os prefeitos e o governo de Santa Catarina. Não é outro ente público. As pessoas precisam realmente entender a importância dessas eleições.
SCC10 – Quando é que o eleitor vai perceber que não é o Jair Bolsonaro ou o Lula que vão governar Santa Catarina em 2023?
MOISÉS – Essa é uma questão que o tempo agora vai dizer, mas eu acredito na educação, acredito que a educação tem que continuar sendo tratada como nós tratamos. A educação sempre foi a minha fala, vai transformar a política e eu creio nisso.
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