Mauro De Nadal avança e Zé Milton aposta na estratégia
Disputa pelo comando do Legislativo é marcada por provocações
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O enredo nos bastidores da escolha do novo presidente da Assembleia está longe de permitir uma visão mais clara do que serão os próximos 45 dias até a eleição em plenário, com a probabilidade de que não surja um acordo e que, depois de muitas legislaturas, o tal consenso da chapa única seja trocado pelo voto com dois nomes na disputa: Mauro De Nadal (MDB) e José Milton Scheffer (PP).
O emedebista, que já comandou a Assembleia em 2021, avançou na condução de alianças para retornar à presidência, nos últimos dias, com o anúncio de ter 21 votos pelo apoio de três blocos partidários, o de MDB e PSDB, que contabiliza oito votos; o que une uma frente de esquerda com PT, PDT e PSOL, mais cinco votos; e os mais à direita PSD, PTB e União Brasil, com sete deputados.
Enquanto Mauro mira também nos votos de Matheus Cadorin (Novo) e de Paulinha da Silva, Camilo Martins e Lucas Neves, todos do Podemos, Zé Milton ficou vitaminado com o ostensivo gesto da bancada do PL, a maior da nova legislatura, com 11 cadeiras, além dos votos dos companheiros do PP (Altair Silva e Pepê Collaço) e de Sérgio Motta (Republicanos), uma fornada de 15 votos.
Mas a estratégia de Zé Milton é manter as conversas janeiro adentro, trabalhar em cima dos “coelhos” que já “saíram da toca”, como rotulam os que o apoiam, principalmente o líder do PL Ivan Naatz, em tom de provocação, e usar o que o seu grupo considera um trunfo, a “demonização” da figura de Julio Garcia (PSD), engajado na campanha de Mauro.
Erro estratégico e disputa no varejo fazem parte do roteiro para a Assembleia
Para o pepista Zé Milton, Julio é o ponto fraco da empreitada der Mauro, capaz de demover os novos deputados de entregarem o voto a uma figura que tem histórico de mando na Assembleia e que, na visão defendida por Naatz, já tem todos os espaços fechados na composição da mesa diretora e influência nos cargos de direção do parlamento ou nas comissões-chaves.
Reside aí um erro estratégico, porque Julio é, acima da média, um articulador arguto, sabe compor, e, em passado não muito distante, ajudou muitos colegas de plenário, alguns instalados hoje no PL, ou seja, tem favores a cobrar.
Se um dos motes contra Mauro, defendidos por Zé Milton, é desestabilizar os integrantes dos blocos, pois não vê unidade em nenhuma das bancadas (ou coelhos) ou blocos, e que a busca de votos deve se dar no varejo, deputado a deputado até o fim de janeiro, deveria saber de antemão que esta estratégia vale para o emedebista também.
Conversas mais de um lado do que de outro
Já há deputados, inclusive do PL, a se aproximarem de Mauro, sem relatos daqueles “coelhos” já anunciados ameaçarem migrar para o lado do pepista.
Entre muitos parlamentares corre a preocupação de embarcarem em um dos projetos sem a garantia de compor na mesa diretora, ficar longe do comando de comissões mais expressivas ou sequer indicarem seus apaniguados a cargos estratégicos ou sonhar em projetar uma posição de destaque no próximo embate, a escolha do novo presidente, em 2025.
Outra questão que parece morta é a possibilidade de fatiar o comando da Assembleia em um ano para cada parlamentar, fórmula que enfraquece o detentor do cargo.
Por todas estas razões e projeções não descarte a possibilidade real de que, ao sentir o iminente fracasso por falta do respaldo dos votos necessários, um dos lados venha a desistir para não passar o atestado de que não conseguiu convencer com provocações e bravatas no lugar de articulações.
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