Roberto Azevedo

O jornalista Roberto Azevedo tem 39 anos de profissão, 17 deles dedicados ao colunismo político. Na carreira, dirigiu equipes em redações de jornal, TV, rádio e internet nos principais veículos de Santa Catarina.


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ELEIÇÕES 2024

Marçal faz entrevista com Boulos, mas diz que não votaria nem nele nem em Nunes

Encontro foi ao vivo nas redes sociais e durou pouco mais de uma hora

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Guilherme Boulos (PSOL) participou de “entrevista de emprego” com Pablo Marçal (PRTB) | Foto: Reprodução/Youtube.
Guilherme Boulos (PSOL) participou de “entrevista de emprego” com Pablo Marçal (PRTB) | Foto: Reprodução/Youtube.

A proposta de uma “entrevista de emprego” conduzida pelo ex-coach Pablo Marçal (PRTB) com os candidatos ao segundo turno na Capital Paulista só teve a presença de Guilherme Boulos (PSOL), já que o candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) recursou-se a entrar na sabatina, transmitida ao vivo pelas redes sociais, nesta sexta-feira (25). O evento, que recoloca Marçal na cena política, embora, em momento algum, nem ele nem Boulos tenham tratado da fraude no suposto exame toxicológico, que pegou mal para o candidato do PRTB, terceiro colocado na eleição, serviu mesmo para testar a resistência dos dois que protagonizaram momentos palpitantes, para dizer o mínimo sobre o mar de farpas disparadas durante a campanha.

“Topei porque eu não fujo e nunca fugi de nenhum embate”, disse Boulos logo no início da live.

A sabatina durou pouco mais de uma hora, atraiu, só no Youtube, uma audiência que chegou a quase 500 mil pessoas simultâneas. A conversa foi interessante, principalmente porque Boulos toparia de qualquer jeito, afinal está em segundo lugar em todas as pesquisas. E o evento terminou com a incógnita resolvida: um Marçal que assegura que não votará nem no candidato do PSOL nem no candidato do MDB.

O SBT News fez um resumo da “entrevista de emprego”, que coluna passa a transcrever, acompanhe:

Essa parece ser a última estratégia de Boulos para garantir mais votos no segundo turno. Segundo pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (24), o candidato do PSOL tinha apenas 11% das intenções de voto entre os eleitores de Marçal, que recebeu mais de 1,7 milhão de votos no primeiro turno.

A decisão de participar da sabatina do ex-coach não foi unanimidade no campo político de Boulos. Isso porque, durante a corrida eleitoral, os dois tiveram uma série de confrontos e atritos. Marçal, em mais de uma oportunidade, acusou o psolista de ser usuário de drogas e, dois dias antes do primeiro turno, publicou um laudo falso que indicava que Boulos teria testado positivo para uso de cocaína. O deputado disse não ter ressentimentos.

“Se eu fosse levar pelo pessoal, seria a última pessoa topar esse convite, até pelos ataques que sofri da sua candidatura no primeiro turno, mas eu não me movo por mágoa, por ressentimento. Eu me movo na política por um propósito, que é fazer a vida das pessoas melhor, é lutar por mudança, e é por isso que eu estou aqui hoje”, afirmou.

Marçal classificou Boulos como “corajoso” por aceitar o convite, disse que era “um momento histórico na democracia brasileira” e afirmou, mais de uma vez, que “o Brasil precisa de diálogo”. O ex-coach também destacou que, ao contrário da campanha, em que fez “de tudo”, na entrevista seria respeitoso.

Empreendedorismo

O ex-candidato do PRTB questionou Boulos sobre o empreendedorismo em São Paulo, perguntando se o candidato defendia a prosperidade. O deputado federal afirmou que a prefeitura não pode aparecer “só para cobrar boleto” e defendeu a criação de uma agência de crédito com juros subsidiado.

“Eu, como prefeito de São Paulo, já assumi vários compromissos. Um deles será criar a Agência Municipal de Crédito, com juros subsidiado para poder ajudar esse empreendedor a ter um empurrãozinho pra seguir o seu trabalho. Outro deles, é criar o Acredita Mulher, pra poder ajudar a mulher, a manicure, a esteticista, salgadeira, a tocar o seu trabalho. A Prefeitura não vai aparecer só para cobrar boleto, como é hoje, na gestão do Ricardo Nunes, vai aparecer para ajudar”, disse.

“Cópia” de Marçal

Marçal perguntou se Boulos estava copiando suas propostas e, até mesmo, a sua postura neste segundo turno. O candidato do PSOL afirmou que não tem “problema em reconhecer uma ideia boa do adversário” e reforçou que assumiu a proposta do ex-coach sobre esportes nas escolas. Boulos também admitiu incluir educação financeira no currículo, mas defendeu uma formação menos engessada, incluindo outros tópicos, como educação ambiental, por exemplo.

“Eu não tenho nenhum problema em reconhecer uma ideia boa do meu adversário, se ele for adversário político, isso é ter cabeça pequena”, disse.

Boulos afirmou que acredita que o diálogo que está fazendo com o eleitor de Marçal fez com que uma parte da imprensa tenha entendido que era “repetição de método”.

Em mais de uma oportunidade, o psolista disse ser o candidato “da mudança” e, inclusive, afirmou que isso era algo que os dois, até então adversários, tinham em comum: “nós defendemos a mudança”.

“Quem votou no Marçal votou porque acreditava na mudança. O candidato da mudança nesse segundo turno sou eu”, reforçou.

Disputas no futuro

Marçal disse que se vê disputando eleições com Boulos pelos próximos 30 anos. “Eu vejo que você é um cara, assim como tem Lula e Bolsonaro, vai ter um tal de Guilherme (Boulos) e Pablo nos próximos 30 anos. Isso me incomoda, você acredita? É um sentimento que eu tenho”, afirmou.

Boulos respondeu: “Eu sou movido por propósito. Não estou na política pra ganhar dinheiro, pra ter privilégio, pela ânsia de poder. Tô na política porque eu acho que é o instrumento que a gente tem pra mudar a sociedade. Quando você tá em uma batalha dessa, de missão, de propósito, você vai em frente, não escolhe adversário, nem o de agora e nem o dos próximos 30 anos”.

Em quem Marçal vota?

Ao final da “entrevista de emprego”, o candidato do PSOL aproveitou para perguntar em quem Marçal votaria. O ex-coach afirmou que estava em Roma, em uma viagem em família, e que ainda está pensando se volta para o Brasil “pra fazer alguma coisa na urna”.

O ex-candidato do PRTB, no entanto, disse que “o botão 5 não funciona” para ele nesta eleição. Para votar em ambos os candidatos seria preciso o 5, já que o número de Nunes é o 15 e o de Boulos, o 50.

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