Lula critica Trump, diz que “é bom de truco”, mas está pronto para negociar
Presidente fez comparação em cima do blefe, enquanto vice Alckmin revelou contato com secretário do Comércio dos EUA
• Atualizado
Aberto ao diálogo com Donald Trump, mas com a língua afiada, a quase uma semana do início do tarifaço de 50% dos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma comparação com jogo de cartas para mandar um recado ao presidente norte-americano. “Eu não sou mineiro, mas eu sou bom de truco. Se ele estiver trucando, ele vai tomar um seis”, disse Lula, ao aproveitar palanque da cerimônia de anúncios do governo federal em Minas Novas (MG) nesta quinta-feira (24).
Leia Mais
Baseado em blefes, quando há um pedido de truco no jogo, a partida passa a valer três pontos. Se o adversário dobra a aposta, o jogo passa a valer seis. Com a analogia, Lula reforça que o Brasil não cederá às pressões do republicano.
Presidente lembra Lava Jato e diz que Bolsonaro ‘fugiu como rato’
“Nós temos a maior floresta do mundo para proteger. Temos 12% da água doce do mundo para proteger. Nós temos 215 milhões de pessoas para proteger. Nós temos todo nosso petróleo, temos todo nosso ouro pra proteger. Nós temos todos os minerais ricos para proteger, e aqui ninguém põe a mão. Esse País é do povo brasileiro”, disse Lula, que pediu, aos gritos, respeito dos Estados Unidos.
O anúncio da taxação aconteceu no último dia 9, com previsão para passar a valer no dia 1º de agosto. Lula contou que foi pego de surpresa e que soube da medida de Trump pela imprensa, já que a carta direcionada ao presidente brasileiro foi divulgada via redes sociais.
Lula frisa que o Brasil é acostumado a negociar e que estava realizando reuniões frequentes com os Estados Unidos, mas que Trump não quer conversar. “Se ele quisesse conversar, ele pegava o telefone e me ligava”, disse. “Com todo mundo eu converso, mas ele não quis conversar”.
Em discurso inflamado, Lula ironizou o pedido usado como justificativa na carta de Trump, para que o Brasil parasse a “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro – que está sendo julgado como suposta parte do “núcleo central” da trama golpista nas eleições passadas. “Primeiro, ele (Trump) acredita em bruxa? Alguém aqui acredita em bruxa, para ter caça às bruxas?”, brincou.
Como tem repetido nas últimas semanas, Lula avaliou a postura de Trump como um “desaforo” que desrespeita o Brasil e Justiça brasileira – e o mesmo para os comentários do norte-americano à movimentação brasileira em prol da regularização das big techs, que, para o republicano, fere a liberdade de expressão.
Alckmin teve reunião sigilosa com secretário norte-americano
O vice-presidente, Geraldo Alckmin, confirmou que se reuniu com o secretário de comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, para negociar a queda das tarifas contra o Brasil no último sábado (19). Foi um contato sigiloso, durou cerca de 50 minutos, e Alckmin disse que este contato mostra “o interesse do Brasil na negociação”.
A conversa ocorre poucos dias antes do início da imposição de tarifas de 50% sobre importações brasileiras nos EUA, em 1º de agosto, e representa o primeiro passo para o diálogo entre os países.
Os Estados Unidos anunciaram as novas tarifas no dia 9 de julho, por meio de uma publicação nas redes sociais do presidente Donald Trump. Além de repetir a justificativa já apresentada a outros países, Trump destacou que a decisão também levou em conta o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tido por ele como ‘injusto’.
>> Para mais notícias, siga o SCC10 no Instagram, Threads, Twitter e Facebook.
Quer receber notícias no seu whatsapp?
EU QUERO