Filiação de Rogério Pacheco reforça a “diáspora” tucana rumo ao PSD
Prefeito de Concórdia faz parte de mais uma estratégia que confronta os dois partidos
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Se ficarmos focados apenas na filiação do prefeito Rogério Pacheco no PSD, uma festa memorável em Concórdia, no Oeste catarinense, que mobilizou a classe política do Estado, vamos deixar de observar que trata-se de mais uma saída do PSDB em direção às hostes pessedistas.
O movimento já rendeu críticas do presidente estadual do presidente estadual do tucanato, o deputado Marcos Vieira, tanto em relação ao PSD, quanto ao PL, de Jorginho Mello, diante da cooptação em tempos de pré-eleição.
O fato é tão evidente que, na foto do ato de filiação, na sexta-feira (22), podem ser vistos, de cara, os ex-tucanos graduados Leonel Pavan, ex-governador e atual pré-candidato a prefeito em Camboriú, e o deputado Napoleão Bernardes, ex-prefeito de Blumenau e candidato a vice-governador, em 2018, que foram tucanos com mandatos retumbantes.
Aliás, Napoleão, estrela ascendente na política catarinense, passa a presidir o PSD na ausência de Eron Giordani, que se afasta temporariamente, em função de uma cirurgia de última hora.
No palco estavam, entre outros o prefeito de Chapecó João Rodrigues, o prefeito de Saudades Maciel Schneider e o vereador Fabiano Caitano, pré-candidato a Prefeito de Concórdia, agora pelo PSD, outro ex-tucano, que chegou a presidir a Câmara local. Mais vereadores concordienses se juntaram aos pessedistas.
O PSD promete, ainda nos próximos 15 dias, um grande evento em Araquari, no Norte do Estado, com a filiação do prefeito Clenilson Pereira, que igualmente trocará o ninho tucano pelo PSD.
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Visão pessedista é para 2026
Se juntar filiações de impacto recentes, como a do prefeito Clésio Salvaro, de Criciúma, o PSD tem mirado nos tucanos para fazer bonito em 2026. Não é uma exclusividade pessedista, visto que o argumento serve igualmente para o PL, de Jorginho Mello, que trouxe o relevante Mário Hildebrandt, reeleito, para ganhar musculatura no Vale do Itajaí, maior colégio eleitoral do Estado se considerado o eleitorado de Taió a Ilhota.
Tanto Eron Giordani pretende manter as prefeituras de Criciúma, Tubarão, Florianópolis, São José e Chapecó, quanto Jorginho se empenha em confirmar as previsões em eleger 100 prefeitos. No caso do PSD, a ideia é crescer nos maiores colégios eleitorais, por isso estará coligado aos integrantes do Novo, Adriano Silva, em Joinville, que concorrerá à reeleição, e o promotor de Justiça aposentado e ex-candidato ao governo do Estado Odair Tramontin, que ficou em terceiro lugar na disputa em Blumenau, há quatro anos.
Os pessedistas miram em 2026, quando pretendem estar mais fortes, com um grande número de líderes regionais. Evidentemente, precisarão de um exército de prefeitos, daí o investimento em nomes com ou sem mandato, até mesmo os que já foram reeleitos. O embate mais provável no Estado será entre PSD e PL, embora possam ensaiar algumas alianças pontuais onde um ou outro estiver mais fragilizado.
Problema do PSDB é nacional
Depois de não ter candidato à Presidência da República, em 2022, quando, pela primeira vez, desde 1989, o partido desidratou. Fez três governadores, na eleição passada, e enfrentou disputas internas estéreis, que resultaram em sucessivos fracassos, uma deles, para exemplificar, veio com a saída da senadora Mara Gabrilli (SP), que foi para o PSD, de Gilberto Kassab, mesmo movimento verificado em Santa Catarina.
Gabrilli foi candidata a vice na chapa de Simone Tebet (MDB), em 2022. Uma grande perda em São Paulo, que junta-se à maior de todas, a saída do ex-governador Geraldo Alckmin, que foi para o PSB e virou vice-presidente da República.
Aliás, os ex-governador Marconi Perillo, de Goiás, promete uma ofensiva para deter a sangria nacional, tem perfil e história política para isso na presidência do PSDB. Missão similar é a do deputado Marcos Vieira, que, nos últimos dias, filiou o ex-senador Dário Berger para concorrer a prefeito em Florianópolis (segundo maior colégio eleitoral catarinense), e, não ao acaso, criar um enfrentamento com o prefeito Topázio Neto, pré-candidato à reeleição, que é do “PSD guloso”, como é qualificado por alguns tucanos.
A situação é tão delicada, que o PSDB terá apenas um senador ainda este mês, depois de eleger quatro cadeiras. O líder Izalci Lucas (DF) vai oficializar a saída da sigla rumo ao PL na próxima terça-feira (26) e somente Plínio Valério (AM), que preside o diretório estadual tucano no Amazonas e, não passa um dia sequer, sem receber convites de outras siglas, ficará no ninho, por ora.
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