Está mais do que na hora de Bolsonaro falar à nação
Presidente precisa evitar problemas como a paralisação nas rodovias
• Atualizado
Nas democracias, o candidato reconhecer a derrota e agradecer aos eleitores pelos votos que recebeu é tão importante quanto a comemoração dos vencedores do pleito, o que legitima a disputa.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) não fez nenhum dos gestos. Tampouco cumprimentou os governadores eleitos com grandes vitórias que apoiou e impulsionou, no caso o catarinense Jorginho Mello (PL) e o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), um carioca que governará São Paulo.
Bolsonaro calou-se e deixou à revelia um movimento de caminhoneiros, com a adesão eventual de outros condutores de veículos menores, que se espalha por 18 estados – o presidente garantiu a vitória em 13 unidades da federação e no Distrito Federal. Uma clara desobediência civil, com bloqueio de rodovias que terá reflexo no bolso do brasileiro e nenhum outro para mudar o resultado da eleição.
A população aguarda que o presidente da República dê fim ao movimento e também espera das forças de segurança uma resposta à altura, se a intransigência mantiver o cerceamento do direito de ir e vir, comprometer o abastecimento de alimentos, medicamentos e combustíveis, que cairá no colo do atual presidente, que tanto se orgulha de ter detido o processo de inflação em meio a uma pandemia e uma guerra provocada pela invasão da Rússia à Ucrânia.
Com Bolsonaro, até a edição deste post, também haviam silenciado os empresário e a Polícia Rodoviária Federal, que foi ávida em promover fiscalizações em nome do Código Brasileiro de Trânsito no domingo (30) de eleição, porém nada fez além de monitorar os responsáveis pela paralisação nas rodovias federais, à espera aparentemente que o desgaste fique para os governos estaduais.
A PRF aguarda uma ordem judicial federal para eventual uso progressivo da força.
Presidente esqueceu do conselho do antecessor Michel Temer
Nos episódios do Dia Sete de Setembro de 2021, quando caminhoneiros e outras categorias ameaçaram radicalizar e fechar rodovias em uma afronta aos poderes constituídos da República, com cheiro de golpe de Estado, o ex-presidente Michel Temer (MDB), que agiu como bombeiro a mando de empresários e líderes políticos, lembrou a Bolsonaro que “greve de caminhoneiros serve para derrubar governos e não para apoia-los”.
Bolsonaro esqueceu da lição preciosa, mesmo que não tenha participação direta, assume a responsabilidade legal por omissão, que é crime no caso de servidor público.
Voto de papel, manter as cores da bandeira nacional e outras pautas bolsonaristas
Os manifestantes, que insistem que não uma coordenação ou uma liderança, forma pré-definida para impedir que a Justiça emita ordem de prisão dos mesmos, defendem uma pauta que vai do voto em papel porque não confiam nas urnas eletrônicas, dizem que não querem que o Brasil se transforme em, uma Venezuela, uma Cuba ou uma Nicarágua, e que a bandeira não seja vermelha, texto espalhado pelos bolsonaristas.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve a maior votação da história, ficou 2,1 milhões à frente de Bolsonaro, que tirou os 6 milhões de diferença do primeiro turno, mas não conteve o crescimento do adversário, que cresceu exatamente o suficiente para vencer, bem como Jorginho, o mais votado da história no Estado.
A pergunta que fica, com base na negação da qualidade do sistema de votação eletrônica no país, é se Jorginho, a vice Maralisa Boehm, Jorge Seif, os seis deputados federais e os 11 estaduais, todos eleitos em outubro deste ano, da mesma forma, estariam dispostos a renunciar aos seus votos e cargos que conquistaram nas urnas em nome de um apoio a Bolsonaro ou ao pedido dos manifestantes.
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