Eleição de Julio Garcia é marcada por reverências a um líder
Deputado do PSD entra para história por comandar o Legislativo pela quarta vez
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Pela quarta vez, Julio Garcia (PSD) assume a presidência da Assembleia com mais uma lição de que fazer política é honrar acordos e construir pontes que superem diferenças ideológicas. Basta observar a manifestação de partidos de todas as correntes, da direita à esquerda, que ratificam uma marca na carreira do pessedista.
Tão expressiva é a capacidade de Julio em costurar composições, que nem o fato de um dos deputados, no caso o Sargento Lima (PL), se abster de votar na chapa única foi menosprezado pelo novo presidente, que prefere o respeito e reconhecimento da manifestação democrática.
Foi Julio quem construiu o conceito de consenso em torno da eleição de presidente, desde 2005, quando sentou na cadeira de comando na vez primeira.
Criar um ambiente harmônico, aceitar as diferenças, é certamente uma constante para quem pratica gestos e busca a conciliação.
No plenário, em um solenidade que se estendeu até as 15h31min, rápida para os padrões da Assembleia, Julio recebeu várias manifestações de apoio e lealdade. Soube, igualmente, retribuir na medida em que quem o apoiou honrou os acordos previamente estabelecidos.
Independência com o Executivo e gesto ao MDB
No trato com o Executivo, Julio garante a independência constitucional e equilíbrio, ao lembrar que caberá ao parlamento revisar, acrescentar nas matérias que sejam propostas, embora pondere que os projetos enviados pelo governo Jorginho Mello (PSD) tenham sido todos aprovados nos últimos dois anos. Há uma abordagem muita clara do novo presidente ao antecessor Mauro De Nadal (MDB), com quem construiu uma parceria sólida nos três anos em que o emedebista comandou a Assembleia, pois houve uma extensa lista de acordos consolidados entre ambos, algo raro na vida política atual.
Além de Mauro, Julio citou os ex-governadores emedebistas Eduardo Pinho Moreira, a quem chamou de grande amigo, e o inesquecível governador Luiz Henrique da Silveira, uma manifestação que indica maior aproximação, uma referência para quem sonha com a reedição da tríplice aliança, que governou o Estado de 2003 a 2018 (formada por MDB, DEM depois PSD e PSDB). O novo presidente da Assembleia lembrou uma frase do ex-governador Luiz Henrique, falecido em 2015, que repetia: “O maior poder é o Legislativo!”
“Comitiva do Sul” recepcionou Julio
Pouco depois das 13h25min, Julio Garcia chegou à Assembleia é foi recepcionado ao acaso por uma verdadeira comitiva do Sul catarinense, onde estavam o ex-prefeito Clésio Salvaro (PSD) e o vice-prefeito de Tubarão, Denis Matiola (PSD). Um dos primeiros cumprimentos, ainda no acesso ao Palácio Barriga Verde, foi a Salvaro que mereceu uma menção especial no discurso do novo presidente do parlamento estadual.
Julio lembrou que, na eleição à presidência em 2005, foi aconselhado pelo então deputado João Henrique Blasi (PMDB) a conversar com o deputado Clésio Salvaro (então no PSDB), com quem estava atritado, e disse que, se dependesse deste gesto, não chagaria ao comando da Casa. Clésio votou favorável a Julio e, desde lá, viraram amigos e aliados. A digressão Histórica serviu para o já eleito Julio, em 2025, dizer que entendia a posição de Sargento Lima, única abstenção em plenário.
Mais tarde, Lima, antes de votar na chapa única para o restante da composição da Mesa Diretora, disse ao microfone do plenário, que Julio poderia ter certeza de que ele, deputado do PL, seria o maior apoiador do novo comandante da casa, apesar da manifestação anterior. Julio é assim, capaz de conviver com aliados e poucos antagonistas.
Placar da eleição e muita gente do PSD
O PSD tomou conta das dependências da Assembleia. O prefeito de Chapecó e pré-candidato ao governo do Estado, em 2026, distribuiu abraços e atendeu a quem queria o registro ao lado dele. Estava acompanhado do presidente estadual do PSD, Eron Giordani.
O prefeito de Criciúma, Vaguinho Espíndola, e o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, também foram dar um abraço em Julio Garcia. A quem relacionou o encontro de tantos notáveis pessedistas à eleição daqui a pouco mais de um ano e sete meses, João disparou que Topázio é o único contrário ao projeto por apoiar Jorginho Mello (PL), representado na sessão do Legislativo pelo seu articulador político, o ex-deputado Kennedy Nunes, secretário da Casa Civil, acompanhado pelo adjunto Marcelo Mendes. O prefeito de Florianópolis disse à colunista Soledad Urrutia, que não deixará a prefeitura para se aventurar na eleição geral.
No final, Julio foi eleito com 37 votos, uma abstenção e duas ausências. Os deputados Antídio Lunelli (MDB), que está em viagem com a família ao exterior, e o deputado Ivan Naatz (PL), que participa da eleição nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, em Brasília, enviaram justificativas.
Composição da mesa e recuos
Antes da sessão começar, o emedebista Volnei Weber já ensaiava um “não vou” à intenção de pedir uma votação avulsa para a 1ª vice-presidência, decidida pela maioria da bancada para Fernando Krelling, líder do partido até o ano passado. Volnei recuou e no discurso, quando foi votar na chapa única dos demais integrantes da Mesa Diretora, disse: “Recuar, às vezes, é dar dois passos à frente”.
O ato de Volnei não foi o único. A bancada do Podemos, horas antes do sábado (1º) começar, decidiu por indicar o deputado Lucas Neves para a 3ª secretaria, manobra que deixou resquícios entre os deputados do partido. Neves, parlamentar em ascensão na Casa, superou nada mais nada menos do que a presidente estadual da sigla, a deputada Paulinha da Silva, conhecida por levar pendengas até o fim.
Veja como ficou a composição da Mesa Diretora:
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