Contra Lula, Daniela Reinehr vira personagem e Julia Zanatta puxa votos dos colegas
Posicionamento do pai da ex-vice-governadora é usado pelos governistas no Congresso
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Depende única e exclusivamente do presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) levar adiante o pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por ter, de acordo com a oposição, cometido crime de responsabilidade ao comparar a ação do exército de Isarael, na Faixa de Gaza, contra o grupo terrorista Hamas com o holocausto promovido pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial. Mas esta parece uma possibilidade remota, enquanto o próprio Lira trabalha junto ao Palácio do Planalto pela eleição do seu sucessor, a partir de 2025, o que não tira a relevância dos debates nos bastidores do pedido, hoje centrado na coleta de assinaturas e que tem muito a ver com a maioria da bancada de deputados federais catarinenses.
Neste âmbito, onde oito federais já declararam ser signatários do impeachment, a parlamentar Daniela Reinehr (PL) virou alvo e personagem da base de apoio de Lula, que foi resgatar, em 2021, um fato que marcou a interinidade da então vice-governadora no cargo máximo do Estado para dizer que o pai da deputada nega o holocausto, tema da comparação estapafúrdia de Lula. De fato, Daniela foi questionada ao assumir o governo sobre um artigo escrito por Altair Reinehr, em que sustenta que “(Adolf) Hitler transformou a Alemanha”, e ainda chama o extermínio de judeus de “lenda do holocausto” e “mito dos 6 milhões de judeus mortos em câmaras”.
À época, Daniela declarou que “eu respeito as pessoas independentemente dos seu pensamentos, respeito os direitos individuais e as liberdades. Qualquer regime que vá contra o que eu acredito, eu repudio. Me cabe, como filha, manter a relação familiar em harmonia, independente das diferenças de pensamento”. Pressionada, escreveu, mais tarde, que era “contra o nazismo”. O que os aliados de Lula tentam mostrar é o contrassenso da deputada catarinense e de outras tantos bolsonaristas que pedem o impeachment em função do fato motivador. Israel declarou o presidente brasileiro “persona non grata” e só mudará esta condição se Lula pedir desculpas públicas, enquanto o Palácio do Planalto alega que as críticas foram ao governo israelense e não ao povo judeu.
Deputados ainda buscam mais assinaturas
Uma das parlamentares mais próximas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a catarinense Júlia Zanatta (PL) tem se dedicado a puxar mais assinaturas para o pedido de impeachment, sendo que ela própria foi das primeiras a ratificar o movimento. Nesta quarta-feira (21), Júlia divulgou um vídeo nas redes sociais para dizer que o colega Darci de Matos (PSD), suplente no exercício do mandato, decidiu assinar a solicitação contra Lula. Darci substitui Ricardo Guidi (PSD), atual secretário de Meio Ambiente e Economia Verde, e primo de Júlia.
Assista ao vídeo:
Nos cálculos da oposição, são 114 autógrafos, oficialmente seriam 87, talvez porque muitos falam, mas não confirmaram a assinatura. Entre os integrantes da bancada catarinense, além de Júlia Zanatta, já assinaram o pedido Carol de Toni (PL), Daniel Freitas (PL), Zé Trovão (PL), Daniela Reinehr (PL), Gilson Marques (Novo) e Rafael Pezenti (MDB). Não assinaram: Ana Paula Lima (PT), Carlos Chiodini (MDB), Valdir Cobalchini (MDB), Fabio Schiochet (União Brasil), Jorge Goetten (PL) e Pedro Uczai (PT).
O assunto impeachment de Lula, algo banalizado que não poupou, mais recentemente, nem Michel Temer (MDB) nem Jair Bolsonaro (PL), sem ter saído do papel, cai como um empolgante tema para o ato chamado pelo ex-presidente da República, neste domingo (25), na Avenida Paulista, em São Paulo, a partir das 15h. Embora Bolsonaro tenha pedido uma manifestação ordeira, sem cartazes ou faixas contra quem quer que seja e proibido concentrações em outras cidades do país, a condição que misturou revanche política com religião promete sacudir os aliados, antes e depois do ato que pretende ser a defesa de Bolsonaro sobre o suposto plano de promover um golpe de Estado.
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