Roberto Azevedo

O jornalista Roberto Azevedo tem 39 anos de profissão, 17 deles dedicados ao colunismo político. Na carreira, dirigiu equipes em redações de jornal, TV, rádio e internet nos principais veículos de Santa Catarina.


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Direto de Washington

Comitiva de Julia Zanatta e Jorge Seif se reuniu com deputado acusado de fraudes nos EUA

George Santos, acusado de desvio de recursos, anunciou que não concorrerá à reeleição

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Reprodução/Redes Sociais
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Integrantes de um grupo de deputados federais e senadores liderado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está em Washington DC, Capital dos Estados Unidos, a deputada federal Julia Zanatta e o senador Jorge Seif, ambos do PL, se reuniram com o deputado republicano George Santos, de origem brasileira, acusado de fraudes e roubo de cartão de crédito em um relatório do Congresso norte-americano. Santos, que aparece de blazer grená e calça branca na foto, já foi formalmente acusado pelo Departamento de Justiça dos EUA da prática de 23 crimes, pelos quais chegou a ser preso em maio deste ano. O deputado pagou fiança para responder em liberdade, mas não se livrou de um relatório do Congresso que detalha indícios de práticas criminosas.

Além disso, um documento do Comitê de Ética da Câmara, divulgado nesta quinta-feira (16), elenca “evidências contundentes” de “supostas violações” de Santos em fraudes, com desvio dos recursos de campanha para gastos pessoais, roubo de cartão de crédito, e mentir à Comissão Federal de Eleição. Os gastos foram, de acordo com a investigação, feitos em tratamentos com Botox, pagamento de um site de entretenimento adulto OnlyFans e compras pessoais nas marcas de luxo Hermes e Sephora.

Um dos cicerones da comitiva de Bolsonaro, que pretende divulgar ao mundo violações de liberdade de expressão que estariam ocorrendo no Brasil, George Santos desistiu de concorrer à reeleição, em 2024. Representante do Estado de Nova York, Santos anunciou a decisão um dia após ter recebido os parlamentares bolsonaristas, entre eles o senador Magno Malta (PL-ES), Julia e Seif.

As acusações do Departamento de Justiça contra George Santos devem ser julgadas em Long Island no próximo ano. O deputado de origem brasileira, que também teria cometido crimes que já prescreveram no Brasil, se declara inocente.

Assista ao vídeo da viagem da comitiva de Bolsonaro aos EUA:

Reprodução/Redes Sociais

Relações da política pessoas investigadas preocupa

O fato em Washington poderia ter sido evitado, afinal George Santos é figura constante no noticiário brasileiro e dos Estados Unidos desde que tomou posse. O único motivo para receber a comitiva de Bolsonaro é o fato de ser do mesmo partido de Donald Trump, que inspira os conservadores brasileiros.

Se Santos é uma saia justa, quem deveria usar o encontro para espinafrar os bolsonaristas, os ligados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estão com um enorme telhado de vidro, depois que Luciane Barbosa Farias, a Lu, condenada em segundo grau e que responde em liberdade, foi recebida por duas vezes por secretários no Ministério da Justiça. Mesmo que Lu negue, ela é conhecida por “Dama do Tráfico” e criou uma associação chamada Instituto Liberdade do Amazonas, para defender a população carcerária, em especial o marido Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, um dos líderes amazonenses de uma facção criminosa, que cumpre pena.

Rafael Velasco, secretário nacional de Políticas Penais, e Luciane Farias. Reprodução/Associacaoliberdadedoam/Instagram

O Ministério da Justiça tratou de desmentir uma ligação com Lu. Disse que o pagamento das passagens aéreas foi feito por quem organizou um encontro de comitês de Prevenção e Combate à Tortura, mas com dinheiro público. O próprio Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) disse que jamais recebeu condenados, foi defendido por Lula, que acusa seus adversários de pretenderem atingir o ministro cotado para ministro do Supremo Tribunal federal. Assessores de Dino assumiram a responsabilidade e a visita indesejável agora virou motivo para mudar o protocolo de presenças na sede do Ministério.

Na linha de tiro, Lu foi convidada a ir a Brasília, mais de uma vez, pela advogada e ex-deputada estadual Janira Rocha (PSOL), que foi contratada pela mulher de Tio Patinhas para ajudar na criação da associação Instituto Liberdade do Amazonas. Janira fez um contrato e foi responsável pelo estatuto e pelo processo de legalização. Lu diz que não é criminosa.

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