Com mexida no governo engatilhada, Jorginho adia viagem ao Oriente Médio
Governador não se manifesta, mas na Assembleia o vazamento é incentivado
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Foi adiada pela segunda vez a agenda internacional do governador Jorginho Mello (PL) aos Emirados Árabes e ao Reino do Bahrein, remarcada de outubro para os período entre 25 de novembro e cinco de dezembro. O compromisso é dado como o marco para que, ao retornar ao país, Jorginho promova mexidas no primeiro escalão da administração estadual, que deve, agora, ficar para o fim do ano, mesmo que o compromisso no Oriente Médio deva ocorrer em fevereiro de 2024.
Insatisfações de desempenho, desgastes internos e a pressão da bancada e de aliados na Assembleia devem levar o deputado estadual Estêner Soratto Júnior (PL), atual secretário da Casa Civil, de volta ao parlamento. Soratto é pré-candidato a prefeito de Tubarão, projeto que interessa ao PL, e a saída do secretariado já tem até justificativa: o hoje secretário precisa ter vida útil como deputado, maior do que no prazo da desincompatibilização, em abril do ano que vem, uma forma de não criar discurso para os adversários locais.
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Outros parlamentares terão abreviadas as participações na administração Jorginho Mello, ainda sem prazo definido, mas com o limite legal no horizonte, como o deputado federal Ricardo Guidi (PSD), do Meio Ambiente e Energia Verde, pré-candidato à prefeitura de Criciúma, e a deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania), que deve concorrer à prefeitura de Lages, com integral apoio do governador.
O ex-deputado federal Valdir Colatto prossegue no seu trabalho na pasta da Agricultura, mas enfrenta uma forte onda de boatos. Teria expressado o descontentamento com alguns fatos e reclamado da condição de não ter amplo poder de decisão, o que não teria agradado o chefe Jorginho. Colatto é uma das maiores lideranças do agronegócio do país e teve papel destacado nos bastidores do governo de Jair Bolsonaro (PL).
Situação de deputado do MDB está complicada
De longe, o parlamentar em situação mais delicada é a do deputado estadual Jerry Comper (MDB), que assumiu a importante pasta da Infraestrutura e Mobilidade, porém só tem capitalizado problemas, vide o que foi cobrado com os efeitos nas enchentes, principalmente na região dele, o Alto Vale do Itajaí. Quando a notícia foi boa, o anúncio de R$ 631 milhões para a restauração e revitalização de rodovias, vindos do BNDES, Jerry não estava na foto em Brasília, mas o colega de pasta, o adjunto Ricardo Grando, que ocupou o cargo no início do governo Jorginho, estava lá ao lado do secretário Cleverson Siewert (Fazenda).
Jerry é cotado para concorrer à prefeitura de Rio do Sul. O emedebista não gostou e mandou recados diretos de que começou a ouvir os pedidos do partido, o MDB, e de correligionários para que desembarque do cargo, que, como bem pontuou o ex-governador Paulo Afonso Vieira, é só uma sala. Engenheiro florestal, Grando deve decidir se concorre em 2024 à prefeitura de Joaçaba.
Na lista de apostas, chega a surpreender a possível saída do experiente João Debiasi, da Comunicação, figura de excelente relacionamento com o mercado. Não é a primeira vez que Debiasi está na função estratégica, mas o convívio com gente próxima a Jorginho teria acelerado um desgaste nas relações políticas. Nos corredores do Centro Administrativo e da Assembleia, a mudança ganhou força, inclusive com a especulação de convites que teriam sido feitos para a substituição e que não foram aceitos.
O dilema de Jorginho está em nomear ou não o filho Filipe
Ex-secretário estadual de Planejamento e de Turismo, Cultura e Esporte do Estado, na administração de Raimundo Colombo (PSD), e ex-secretário da Casa Civil, de Gean Loureiro (então no MDB), em Florianópolis, o advogado Filipe Mello é cotado para ser o novo titular da Casa Civil do governo do Estado. Mas o que era uma decisão que agrada a Jorginho Mello, pai de Filipe, tornou-se uma dilema: o governador passou avaliar os prós e os contras desta eventual nomeação.
A questão está em ter dificuldade de ter um bom argumento para dispensar o filho depois de nomeado, o que até se resolve, ou ficar na linha de tiro no parlamento, onde os deputados usariam o secretário Filipe para diminuir a distância com o governador e pai Jorginho. Filipe é o principal conselheiro de Jorginho. No pior cenário, qualquer tipo de insurreição parlamentar tonaria a situação muito delicada.
Dani fica apesar do bombardeio
Alvo de muitas especulações e ataques, Danielli Porporatti não deixará a Secretaria-Geral de Governo, embora a maioria da bancada do PL tenha pedido a cabeça da assessora mais próxima do governador. Até segunda ordem, ela está segura. A birra foi tanta que alguns deputados chegaram a anunciar a saída dela pela imprensa e ainda não baixaram a guarda. Ela chegou a se afastar das funções e deixou as funções que ocupava no Partido Liberal. Na prática, perdeu espaço na agenda oficial.
Dani está com Jorginho desde os tempos de deputado e senador, com cargos de confiança na chefia de gabinete do escritório em Florianópolis. O motivo de tanta carga negativa seria um desconforto com a secretária que ocupou espaços nas redes sociais e teria batido de frente com figuras intocáveis no colegiado, uma delas a do secretário Cleverson Siewert, dono do cofre da administração e comandante do temido Grupo Gestor.
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