Roberto Azevedo

O jornalista Roberto Azevedo tem 39 anos de profissão, 17 deles dedicados ao colunismo político. Na carreira, dirigiu equipes em redações de jornal, TV, rádio e internet nos principais veículos de Santa Catarina.


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Eleições 2022

Bolsonaro e Lula praticaram o embate sem debate

Candidatos alongaram polêmicas e não focaram em propostas

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REPRODUÇÃO/TV GLOBO
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Candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) foi direto ao ataque contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o último debate na TV, antes da eleição, para diminuir o impacto das cobranças feitas pelo adversário de que tiraria a indexação do salário mínimo das aposentadorias e acabaria com o décimo terceiro, depois de declarações do ministro da Fazenda Paulo Guedes.

Lula demorou a responder diretamente, só dois blocos depois, tampouco se aproximou de Bolsonaro, a quem chegou a dizer “não quero ficar perto de você”, quando foi provocado, mas a estratégia de ambos já havia funcionado: o candidato do PL usou a parte de maior audiência, o primeiro segmento do debate, para atacar; o petista quando as pessoas já estavam mais cansadas e longe da TV, para se explicar.

A tônica do evento na TV Globo, com a boa dinâmica onde os candidatos administram o próprio tempo, foi esta: ora um constrangia, ora outro, embora Lula chegou a exagerar em dizer que Bolsonaro não estava ali para propor nada, conversa que manteve com os telespectadores falando diretamente para a câmera, uma técnica ensaiada que deixa oponente fora do vídeo.

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Se a economia, o combate a pandemia e o ex-deputado Roberto Jefferson são cascas de banana para Bolsonaro, a relação com ditadores de esquerda da América Latina, os efeitos do Mensalão e da Lava Jato, que levaram diversos ministros, assessores e aliados para a prisão, ou seja, a corrupção, são kriptonita para Lula.

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Em um cenário de disputa apertada, com a constante busca de ambos para convencer os indecisos e quem sequer votou, uma tentativa de reverter a abstenção historicamente maior no segundo turno, o que mais marcou no encontro da sexta-feira (28) foi a mútua agressão verbal onde um insistiu em chamar o outro de mentiroso, único tema presente em todos os blocos.

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Balanço de governos e falta de avanços nas propostas

Na maior parte do encontro, Bolsonaro e Lula se preservaram e preferiram falar de suas realizações enquanto investidos de presidentes, houve até uma competição para saber em que período houve mais desmatamento ou a infindável batalha sobre quem garantirá os R$ 600 do Auxílio Brasil.

Mas propostas futuras ficaram embretadas entre xingamentos que foram de ladrão a bandido, não rebatidos pelos dois postulantes ao Planalto, um exercício de autocontrole evidentemente treinado.

Bolsonaro e Lula se manifestaram, de fato, aos já convertidos, os que votam nos dois e não pretendem mudar de ideia, um para a bolha das redes sociais o outro à militância, sem que se saiba o quanto chegaram a sensibilizar os eleitores que devem acrescentar os votos a mais que precisam.  

Inserções nas rádios quase foram ignoradas

A “bala de prata” que pretendia ser a cobrança de Bolsonaro sobre as falhas nas inserções da propaganda eleitoral dele em rádios do Nordeste e do Norte do país esvaziou-se depois que o ministro Fábio Faria (Comunicação) declarou que se arrepende de ter feito a suposta denúncia, que revelou, na verdade, um erro do partido e da coligação do candidato à reeleição a ser investigado.

Após o debate, em entrevista à jornalista Renata Lo Prete, Bolsonaro disse que não leu ou viu a entrevista do seu ministro, mas garantiu que, quem vencer na urna, leva a eleição neste domingo (30).

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