Roberto Azevedo

O jornalista Roberto Azevedo tem 40 anos de profissão, 18 deles dedicados ao colunismo político. Na carreira, dirigiu equipes em redações de jornal, TV, rádio e internet nos principais veículos de Santa Catarina.


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Tarifaço de Trump

Amin vê adesão de empresários dos EUA à causa brasileira e faz apelo a Lula

Cenário, de acordo com o senador, é de pressão pelo adiamento dos 50% sobre exportações brasileiras

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Integrante da missão oficial do Senado brasileiro que pretende abrir uma canal de negociação entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos, para reverter os 50% de taxação determinados pelo presidente Donald Trump aos produtos exportados pelo Brasil, o senador Esperidião Amin (PP) saiu mais otimista da reunião na Câmara de Comércio norte-americana, uma das reuniões estratégicas que envolve o grupo de parlamentares, liderados pelo senador Nelson Trad (PS-MS).

Na presença de representantes de gigantes da economia dos EUA, como Cargill, Caterpillar, ExxonMobil, Shell, Dow Chemical, Merck, S&P Global, Johnson & Johnson, IBM, DHL, Kimberly-Clark, no encontro articulado pelo Conselho de Negócios Brazil-U.S., os senadores passaram a articular a elaboração de uma carta conjunta da U.S. Chamber às autoridades norte-americanas, pedindo a prorrogação do prazo para início das sobretaxas, marcada para o dia 1º de agosto, próxima sexta-feira. A pressão partiria dos próprios empresários norte-americanos.

A embaixadora do Brasil na capital dos EUA, Maria Luiza Viotti, e integrantes da missão diplomática brasileira estiveram no encontro. A postergação da medida será o melhor remédio diante da urgência e enquanto se constroem alternativas técnicas e diplomáticas. O senador Carlos Viana (Podemos-MG) revelou que também foi solicitado à Câmara de Comércio que intermedeie uma conversa entre os presidentes dos EUA e Brasil, com vistas à retomada do diálogo político de alto nível entre os países.

Os empresários fizeram um alerta e defenderam gestos concretos do Brasil, como os que resultaram no acordo de Donald Trump com a União Europeia, mas que não agradou a todos os países por ser mais favorável aos Estados Unidos. “O Brasil precisa mostrar que é insubstituível em cadeias produtivas críticas, como alimentos, energia e componentes industriais”, afirmou um dos executivos.

Amin fez um apelo para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venha à mesa de negociação com Donald Trump, sem que o ponto ideológico ou de radicalismo seja a tônica da conversa. O conselho é bom, mas Amin não tratou do tema central da provocação de Trump, que pede interferência no sistema sistema judiciário brasileiro para favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ponto mais delicado de todo o imbróglio.

Assista ao vídeo:

Cautela e pragmatismo diplomático são o ideal

Antes da Câmara de Comércio, ainda na Embaixada do Brasil na capital norte-americana, os senadores se reuniram com especialistas jurídicos, econômicos e políticos dos Estados Unidos, entre eles o ex-advogado-geral do USTR no primeiro governo Trump, Stephen Vaughn, e o ex-diretor do Departamento de Comércio, Ryan Majerus; o diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group, Christopher Garman; o diretor da consultoria para Estados Unidos, Clayton Allen; e o presidente da Ipsos Public Affairs, Clifford Young.

Do lado brasileiro, estavam nos encontros o diretor-executivo do Brasil no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Paulo Correa; o ex-economista-chefe do Banco, Mauricio Moreira; e o ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o diplomata Roberto Azevêdo. O conselho deles foi o de serenidade e envio de “sinais corretos” para viabilizar a reversão das sobretaxas no curto prazo, bem como imaginar um cenário onde a redução é um ponto a ser considerado, como no caso europeu.

Stephen Vaughn explicou como o Executivo norte-americano pode, mesmo após eventual derrota judicial, reinstaurar tarifas por meio de diversas outras ferramentas legais já disponíveis. A orientação foi clara: reconstruir pontes políticas com o centro de decisão e alinhar a comunicação estratégica.

Ruídos atrapalham mais do que o necessário

Já Roberto Azevêdo reforçou que muitas das crises comerciais são fruto de ruídos. Apesar das tensões com a OMC durante seu mandato, Azevêdo afirmou que os EUA ainda mantiveram canais de negociação. “Há espaço para diálogo, desde que se tenha clareza estratégica.”

Na frente econômica, a representação do Brasil no BID sugeriu uma estratégia de médio e longo prazo voltada à diversificação de parceiros comerciais e fortalecimento das trocas regionais. Um exemplo citado foi o potencial ainda subaproveitado entre Mercosul e México.

Já os analistas do Eurasia Group e da Ipsos apresentaram um retrato realista do cenário eleitoral dos EUA. Apesar do impacto econômico negativo das tarifas — com leve aumento da inflação e retração modesta no crescimento —, a base de apoio de Trump segue firme. “Ele percebeu que pode ter um pequeno custo agora, mas se recupera rápido”, avaliou um dos especialistas.

Veja a agendas da missão oficial:

TERÇA-FEIRA | 29 DE JULHO:
• Dia reservado para reuniões com autoridades norte-americanas.
• A cobertura será realizada exclusivamente pela assessoria oficial, com divulgação dos registros ao término das agendas.

QUARTA-FEIRA | 30 DE JULHO:

08h30 – Americas Society / Council of the Americas
1615 L Street NW, Washington, DC
• Acesso autorizado para imagens externas da chegada da delegação.
• Reuniões internas com cobertura institucional.

10h15 – Coletiva de imprensa da missão oficial
Embaixada do Brasil em Washington
3006 Massachusetts Ave NW, Washington, DC
• Acesso liberado à imprensa credenciada.
• Oportunidade para entrevistas com os senadores e apresentação de balanço dos resultados da missão.

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