Roberto Azevedo

O jornalista Roberto Azevedo tem 39 anos de profissão, 17 deles dedicados ao colunismo político. Na carreira, dirigiu equipes em redações de jornal, TV, rádio e internet nos principais veículos de Santa Catarina.


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A estratégia venceu o debate e manteve a polarização

A polarização segue firme, forte

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Foto: Reprodução/TV Globo
Foto: Reprodução/TV Globo

O fator Padre Kelmon (PTB), usado como linha auxiliar de Jair Bolsonaro (PL), foi decisivo para deixar o último debate presidencial na TV Globo um emaranhado de direitos de respostas, flexivelmente concedidos, tanto ao atual ocupante do Palácio do Planalto quanto para o seu maior adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Kelmon chegou a desestabilizar Lula, mas isso tende a demonstrar que o embate não teve potencial para alterar a percepção de eleitores ferrenhos de Bolsonaro e do petista.

Embalados pela pesquisa DataFolha, divulgada horas antes, que nada mudou o cenário dos levantamentos anteriores, os dois postulantes mais fortes à Presidência enveredaram pelos ataques, ação que o eleitor que não está engajado nos dois projetos tende a rejeitar.

A polarização segue firme, forte.

Linha auxiliar de combate funcionou pró-Bolsonaro

Em determinado momento do debate, Bolsonaro parou de bater na corrupção verificada nos governos do PT e passou esta tarefa para Kelmon, uma clara terceirização.

Bolsonaro tentou sem sucesso desenterrar a morte do petista Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, na Grande São Paulo, e usar Simone Tebet (MDB) como porta-voz ao relacionar o triste episódio a Lula, colocando-o como mentor do assassinato, fato sempre refutado com veemência pelo ex-presidente.
Tebet reagiu no sentido inverso. Lula também não foi muito longe ao querer relacionar a corrupção aos filhos de Bolsonaro ou ao dizer que emitirá um decreto, se eleito, para retirar o sigilo de 100 anos sobre atos do atual governo.

Caiu na cobrança de Bolsonaro que pediu para Lula especificar de que decreto, de que número, o adversário falava.

Em Santa Catarina, a terceirização dos ataques também existe

A tática de terceirizar a baixaria não é nada diferente do papel que Ralf Zimmer Júnior (PROS) desempenha a favor de Jorginho Mello (PL) ao bater nos debates em Carlos Moisés (Republicanos), Gean Loureiro (União), em Santa Catarina, sem deixar de disparar contra Décio Lima (PT) e Jorge Boeira (PDT), mesmo quando foca no presidenciável Ciro Gomes (PDT).

Um pouco mais polido e assumidamente pró-Bolsonaro, Kelmon ataca abaixo a linha da cintura e poupa o atual presidente de fazer o jogo arriscado do constrangimento, tal qual Zimmer age no Estado.

A forma como Zimmer atacou Gean sobre as relações sexuais com uma servidora, dentro da Secretaria de Turismo, no debate da NSC, viralizou país afora, um meme difícil de apagar da cabeça do eleitor.

Coadjuvantes fizeram o papel que lhes cabe

Forte ao rebater Bolsonaro e Lula, Simone Tebet (MDB) voltou a se destacar, resta saber o que repercute junto ao eleitor.

Soraya Thronicke (União) chegou a travar instigantes diálogos com Kelmon, a quem perguntou se não tinha medo de “ir para o inferno” por apoiar Bolsonaro, o que não pegou bem, soou desrepeitoso demais, completado pela expressão “Padre de Festa Junina”.

Ciro manteve a mesma postura de contrapor ora Bolsonaro ora Lula. Felipe D’Ávila (Novo) transitou como alternativa, sem suficiente ênfase para amealhar indecisos.

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