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Educação sensorial

O esporte educativo: jogos cooperativos influenciam na aprendizagem?

Ler, escrever e fazer contas são processos extremamente complexos que apenas podem desenvolver sobre bases de percepção sensorial bem trabalhada

• Atualizado

Paulão do Vôlei

Por Paulão do Vôlei

Projeto de quatro anos rodando pelo interior do Brasil usando o esporte como ferramenta educativa. Foto: Arquivo pessoal
Projeto de quatro anos rodando pelo interior do Brasil usando o esporte como ferramenta educativa. Foto: Arquivo pessoal

Muitas pessoas perguntam: “Como podem as brincadeiras no parque ajudarem o meu filho a ler e escrever mais?” ou “O que os jogos e brincadeiras podem fazer para ajudar o meu filho a escrever ou prestar atenção no que diz o professor?”. A verdade é que nenhuma criança pode aprender a ler e escrever sem que esteja preparada em termos de desenvolvimento.

Muito frequentemente tendemos a puxar as crianças a progredirem para níveis em que muitas vezes não estão preparadas. Ainda na pré-escola, pedimos às crianças competências de escrita. Eu ouço os pais e educadores se queixarem porque a criança demora em escrever o nome ou copiar a data, quando o principal foco nesta fase deveria ser o de preparar os alicerces que efetivamente sustentam as competências futuras de leitura, escrita ou mesmo o cálculo.

O ouro olímpico nas Olimpíadas de Barcelona em 1992, começou a ser trilhado ainda na escola, incentivado pelo professor. Foto Arquivo Pessoal

Aprender não é simples e tem o tempo certo

Na maioria das vezes, o que é verdadeiramente difícil de entender, até porque não é fácil observar estes detalhes, é que o cérebro da criança tem falta de experiências sensoriais, não estando assim preparado para este tipo de aprendizagem mais complexa. Somos seres sensoriais e adquirimos conhecimento através dos nossos sentidos e movimentos corporais. A percepção sensorial nos permite conhecer por meio da experiência, e influencia a nossa aprendizagem desde bebês. E quando falamos em experiências sensoriais, referimo-nos a percepção espacial, coordenação motora, gravidade, peso e movimentos em geral, que se adquira através do correr, saltar, subir com obstáculos, fazer castelos na areia, brincar com bola, andar descalço na areia, criar histórias e ouvir histórias com valores de vida.

Todas as crianças têm a capacidade de aprender. Mas, antes que possamos ajudar a criança a aprender, temos de ir primeiramente à raiz do problema. Porque a criança não consegue ler? Porque escreve as letras e os números em espelho? Porque quando dou instruções, um minuto depois, ela esquece tudo o que eu disse para fazer? Porque não consegue estar presente sentada na cadeira?

O que impede o aprendizado?

O sonho de ser um grande jogador só foi possível graças ao primeiro patrocínio, do professor que pagava o lanche e o transporte para que seguisse com os treinos. Foto Arquivo Pessoal

Para perceber porque a criança não consegue fazer estas coisas, devemos nos perguntar o que verdadeiramente a impede de aprender: é porque não consegue prestar atenção e focar na sala de aula? São os olhos que piscam ou tremem demasiado quando tenta ler as frases ao longo da página? Ela fica demasiado incomodada com os barulhos, a roupa que está usando, as luzes? Ela não tem músculos fortes o suficiente que permitam manter a posição na cadeira? Ela tem boa coordenação motora e as suas mãos e dedos são suficientemente fortes para escrever? Acredite ou não, mas muitos destes sinais e sintomas estão relacionados com os sentidos da criança, ou melhor, com a forma como o seu cérebro processa a informação dos diferentes sentidos, os quais devem ser devidamente avaliados antes de responder à questão de porque não consegue aprender.

Crianças que em idades precoces têm acesso a uma variedade de experiências de brincar e de movimento, como jogos e esportes com cunho educativo, começam a sua carreira acadêmica em vantagem. É um período ótimo, mas também primordial para as crianças aprenderem e se desenvolverem por meio do esporte educativo: brincar de vôlei, brincar de futebol, sem a pressão de uma competição. As crianças que não têm esta oportunidade por sua vez têm mais probabilidade de serem descoordenadas, de terem dificuldade em controlar as suas emoções, de resolverem problemas, ou de terem dificuldades na interação social ou nas aprendizagens acadêmicas.

Quando avaliamos estas crianças, percebemos que a capacidade de integração sensorial não está eficaz, pois não está suficientemente desenvolvida para suportar o processo da aprendizagem. A percepção sensorial é a forma como o sistema nervoso recebe as mensagens dos sentidos e as transforma em respostas motora e comportamental adequadas.

Nas crianças com defasagem sensorial, as percepções não são detectadas ou ainda não se organizam em respostas
apropriadas. O cérebro localiza, classifica e organiza as sensações, mais ou menos como uma abelha rainha organiza a sua colmeia. Quando as sensações fluem de uma forma organizada, o cérebro pode usá-las para formar percepções, comportamentos e aprendizagens.

Da equipe de ouro do vôlei, muita história e aprendizado, para formar novas gerações. Foto Arquivo pessoal

Atividades lúdicas

Ler, escrever e fazer contas são processos extremamente complexos que apenas podem desenvolver sobre bases de percepção sensorial bem desenvolvidas. No ambiente escolar a exploração e estimulação dos sentidos através do esporte educativo e atividades lúdicas favorecem a aprendizagem e o desenvolvimento pleno das crianças.

Acredito que é extremamente importante inserirmos valores de vida nesta fase, como regras, saber ganhar e perder, respeitar o próximo, conviver com as diferenças e valores, os quais muitas vezes vemos faltar na nossa sociedade.

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