João Silva

Graduado em economia e relações internacionais pela Boston Univeristy. Mestre em relações internacionais na University of Chicago e mestre em finanças pela University of Miami.


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João Victor da Silva

Novos investidores, cuidado!

A realidade é que a educação financeira no país é frágil e muitas pessoas acabam cometendo erros que podem comprometer boa parte de suas finanças pessoais.

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Fotos pixabay
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Nos três últimos anos o Brasil passou a viver uma nova dinâmica macroeconômica. A adoção de reformas econômicas com o intuito de reduzir a tendência de crescimento dos gastos públicos levou a o Brasil a ter uma âncora fiscal mais forte o que possibilitou uma queda forte das taxas de juros, as quais só voltaram a subir na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) na semana passada. Uma das principais consequências do novo ambiente de juros baixo foi a mudança de comportamento dos investidores. Afinal de contas, muitos brasileiros que estavam acostumados a aplicar seus recursos em ativos financeiros com baixo risco viram as taxas de remuneração desses investimentos, em muitos casos, serem inferiores a inflação. 

Além dos juros baixos, o crescimento do mercado de corretoras e fintechs no país, o avanço de campanhas publicitárias e o surgimento de influenciadores financeiros estão incentivando boa parte da população a buscar novos tipos de investimento, especialmente os que prometem uma rentabilidade elevada. 

Em 2020, o movimento de pessoas buscando investimentos com maior rentabilidade foi expressivo. A B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) experimentou um aumento de 92% no número de investidores pessoa física, atingindo a marca de 3.229.318 investidores. Já o número de brasileiros com criptoativos como o Bitcoin é estimado em 1.4 milhão de pessoas, sendo que milhares de outras pessoas estão expostas a este mercado através de fundos investimento. As três maiores gestoras de fundos de criptoativos, por exemplo, cresceram 1.100% em 2020.

Em parte, a maior participação da população no mercado financeiro traz grandes benefícios tanto a estes indivíduos quanto ao país, de forma geral. Os novos investidores passam a ter um planejamento financeiro melhor que tende a ser benéfico para suas vidas, pois ao invés de consumir estas pessoas passam a construir um patrimônio que poderá garantir uma maior segurança financeira no futuro. Já para o país, o crescimento do mercado de capitais e do mercado monetário permite que mais recursos sejam captados pelo setor privado e público, assim, possibilitando mais investimentos na economia. Portanto, o avanço do mercado financeiro trata-se de um fundamento importante para o desenvolvimento econômico do país. Afinal, grandes mercados de capitais e monetários são uma característica dos países mais desenvolvidos do mundo.  

Conto de fadas

No entanto, muitas pessoas com pouca experiência em investimentos acabam por caírem em “contos de fadas”, pois desconhecem os riscos intrínsecos ao mercado financeiro. Muitas pessoas acreditam que a rentabilidade passada de um ativo será a mesma no futuro. Outros esquecem que determinados investimentos têm dificuldade de serem liquidados e acabam por ficar sem recursos em uma emergência. A realidade é que a educação financeira no país é frágil e muitas pessoas acabam cometendo erros que podem comprometer boa parte de suas finanças pessoais. 

Logo, torna-se crítico que antes de começarem a investir as pessoas busquem canais de educação financeira sérios e profissionais qualificados que possam ajudar a desmistificar o funcionamento do mercado financeiro. É necessário entender os riscos de crédito, liquidez e econômico de cada tipo de ativo financeiro e saber avaliar os rumos econômicos e políticos do país. No caso de investimentos em ações e debêntures é importante conhecer a condição financeira da empresa e as perspectivas do mercado em que a empresa que se busca investir atua. Afinal, sem este tipo de conhecimento, o mercado financeiro deixa de ser uma ferramenta para construção de patrimônio e passa a ser um cassino, pois o “achismo” se sobrepõe aos fundamentos econômicos e financeiros. Então, os resultados dessas apostas passam a depender quase que exclusivamente da sorte. 

Em última análise, a democratização do mercado financeiro trará grandes ganhos a sociedade e economia brasileira. Porém, os novos investidores devem buscar o conhecimento antes de tomar decisões que possam comprometer o futuro financeiro de sua família. Infelizmente, muitos, por falta de conhecimento, caem no charlatanismo de “pseudoinfluenciadores” e na falsa concepção de que é possível ganhar muito dinheiro com pouco risco. Assim sendo, a prudência e responsabilidade devem ser os princípios dos novos investidores para que no longo prazo possam construir parte de sua renda e patrimônio através do mercado financeiro. 


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