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Indústria

Mudar durante a crise

A volta do crescimento industrial em Santa Catarina reflete a capacidade de adaptação do segmento, que precisou rever estratégias e adaptar-se

• Atualizado

Mário Cezar

Por Mário Cezar

Foto: Pixabay
Foto: Pixabay

Nos últimos dias foram divulgados pelo Observatório FIESC novos indicadores mostrando que Santa Catarina está saindo da crise mais rápido do que a maioria dos estados brasileiros. A produção industrial cresceu 6% em agosto na comparação com julho. Este é o segundo melhor resultado entre os estados brasileiros e está acima da média nacional, que no mesmo período foi de 3,2%, conforme o IBGE.

A estatística mostra que, naquele mês, já estávamos produzindo quase no mesmo nível de 2019 e em nossos contatos com os industriais, temos relatos de que muitos setores já estão com atividade superior ao período pré-pandemia. Tanto é que diversas empresas enfrentam problemas como a falta de matérias-primas e o aumento nos preços dos insumos. A indústria catarinense lidera a geração de empregos e isso é importante porque o desempenho do setor se irradia para os demais, movimentando toda a economia.

As medidas de estímulo do governo federal certamente têm forte influência nessa retomada, pois ao impulsionar o consumo, evitaram que entrássemos numa espiral recessiva grave. Mas, mesmo antes das medidas governamentais, nós já esperávamos que Santa Catarina saísse na frente, pois nosso Estado tem um histórico de superação em momentos desafiadores, como já demostrado em tantas tragédias climáticas pelas quais passamos. Aqui temos empresários e trabalhadores resilientes, que são nosso principal diferencial.

Estratégia e adaptação

A volta do crescimento também reflete a capacidade de adaptação da indústria, que precisou rever estratégias e, de um momento para outro, adaptar-se a uma realidade antes inimaginável. O vigor da chamada “retomada em V” é uma excelente notícia, pois significa garantia de emprego, renda e impostos. Mas não podemos perder a oportunidade que a crise trouxe, pois é em momentos de disrupção que grandes mudanças – necessárias, mas postergadas – podem finalmente se transformar em realidade. Por meio do programa Travessia, a FIESC propõe quatro frentes de atuação: reinvenção da economia (com empresas cada vez mais competitivas e inovadoras); investimento em infraestrutura; crédito para empreender e um pacto institucional em busca de um ambiente favorável aos negócios.

Neste último aspecto, é inegável que o cenário estadual, com notícias sobre impeachment, pode afetar novos investimentos e a execução das ações necessárias para preparar Santa Catarina para este novo momento. Mas isso não impedirá nosso estado de seguir em frente. O industrial catarinense já está se reinventando, segue otimista e vislumbra excelentes perspectivas futuras, pois o redesenho da estrutura internacional da produção cria múltiplas possibilidades para o setor. O mundo se deu conta de que é temerário concentrar excessivamente a produção na Ásia. Assim, nossa indústria está pronta para ocupar novos espaços. E sua tradição no mercado internacional a qualifica para isso.

Seguiremos nos inspirando em tantos empreendedores que deixaram legados ímpares. Um dos melhores exemplos disso é a trajetória de Eggon João da Silva, que dará nome ao novo Instituto da Indústria que a FIESC inaugura no próximo dia 28 em Jaraguá do Sul. Um dos fundadores da Weg, ele dizia: “Quando faltam máquinas, você as pode comprar; se não tiver dinheiro, pode pegar emprestado; mas homens você não pode comprar ou pedir emprestado, e homens motivados são a base do êxito”. É assim que se constroem estatísticas como as citadas no começo deste artigo.

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